Motorola RAZR MAXX, a bateria que roda Android

Smartphone tem acabamento de respeito e roda Ice Cream Sandwich.

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
Motorola RAZR MAXX tem autonomia de bateria surpreendente | Clique em qualquer foto para ampliar

O Motorola RAZR foi anunciado como o smartphone mais fino do mundo em outubro de 2011. Alguns meses depois, a fabricante norte-americana sacrificou a espessura do aparelho para incluir uma bateria gigante, de 3.300 mAh, com uma autonomia acima da média do mercado. O RAZR MAXX mantém os mesmos componentes de hardware do irmão mais magro e continua com o acabamento com traseira de Kevlar e resistência à água. No Brasil, ele será lançado ainda em julho com Android atualizado para o Ice Cream Sandwich.

De acordo com a fabricante, o aparelho possui autonomia de 50% a 70% maior que a do Galaxy S III. Será que a Motorola finalmente resolveu o problema das baterias de curta duração dos smartphones atuais? O RAZR MAXX, com 1 GB de RAM e um modesto processador dual-core de 1,2 GHz, vale a pena num mercado com opções de smartphones mais potentes? Fiquei durante uma semana com o novo Android topo de linha da Motorola e nos próximos parágrafos você confere minhas impressões sobre o smartphone.

Design

Motorola RAZR MAXX (Foto: Paulo Higa / Tecnoblog)
Bateria do RAZR MAXX (à direita) é poderosa, mas o smartphone continua fino em comparação com o Galaxy S III (à esquerda)

A Motorola engordou o RAZR MAXX para comportar a nova bateria, mas o aparelho ainda continua bastante fino, com uma espessura de 9 mm. O smartphone pesa 145 gramas, um peso bastante aceitável considerando o acabamento do produto, que possui traseira de Kevlar, o mesmo material utilizado nos coletes à prova de balas, dando uma sensação de robustez.

As bordas do aparelho possuem uma linha que ajuda a deixar o aparelho menos escorregadio e o plástico das laterais é bastante rígido, não dando a impressão de ser “barato”. Um dos problemas do design do RAZR original era o peso extra na região da câmera e do alto-falante, que dava a sensação de que o aparelho iria “cair para a frente”. No RAZR MAXX, o pequeno inconveniente não existe mais.

Na parte frontal, além da tela de 4,3 polegadas, o RAZR MAXX possui quatro botões capacitivos (menu, tela inicial, voltar e pesquisar), uma câmera de 1,3 megapixels para chamadas em vídeo, um alto-falante e um LED de notificações que pisca em verde, azul, roxo ou vermelho. A traseira possui câmera de 8 megapixels, LED flash e um alto-falante. Não é possível retirar a tampa traseira; a bateria é fixa.

Nas laterais, é possível encontrar uma tampa para slot cartão microSD (não incluso) e microSIM, um botão para controlar o volume e outro para ligar ou desligar o aparelho. O topo contém três conectores: um para a saída de fone de ouvido, outro para o cabo USB e mais um para a saída de vídeo HDMI.

O acabamento e o design do RAZR MAXX me agradaram muito: tudo parece bem encaixado e a traseira possui uma textura legal, servindo inclusive como um antiderrapante para mãos suadas. A ressalva fica por conta do tamanho: mesmo com uma tela de “apenas” 4,3 polegadas, o RAZR MAXX possui um tamanho muito próximo ao do HTC Ultimate ou Galaxy S III, que possuem telas de 4,7 polegadas e 4,8 polegadas, respectivamente.

Tela e interface

Motorola RAZR MAXX (Foto: Paulo Higa / Tecnoblog)
Tela do RAZR MAXX mostra imagens bem definidas, com ótima relação de brilho e contraste

A tela com tecnologia Super AMOLED Advanced possui ótima relação de brilho e contraste, com brancos bem brilhantes e pretos bem escuros. São 960×540 pixels que se encaixam em um espaço de 4,3 polegadas, deixando as imagens bem definidas. Olhando bem de perto é possível encontrar pixels e cores estranhas em volta das letras devido ao esquema PenTile, mas em distâncias normais não é possível perceber o problema.

A Motorola também deixou de lado a interface Motoblur: o RAZR MAXX será lançado com um Ice Cream Sandwich quase sem modificações. As cinco telas do Android não possuem muitos widgets por padrão, contribuindo para deixar a navegação bastante fluída. Não notei engasgos nos dias que testei o aparelho, exceto quando estava copiando uma grande quantidade de dados pelo cabo USB.

A saída de vídeo HDMI é bem aproveitada pelo software. Ao conectar o RAZR MAXX num monitor ou TV, o Android automaticamente coloca o aparelho em modo paisagem e transmite o vídeo para o dispositivo externo. No modo Webtop, o RAZR MAXX possui uma interface parecida com a do Android para tablets e o smartphone se transforma num touchpad e teclado virtual. Alguns softwares, como o Chrome, ficam bastante parecidos com a versão para desktop. Pode ser uma boa opção para demonstrações rápidas em palestras, salas de aula ou algo do tipo.

Utilizando a saída HDMI, o RAZR MAXX abre automaticamente a interface Webtop, otimizada para telas maiores

Não há muitos crapwares instalados por padrão no RAZR MAXX. Além dos aplicativos nativos do Android, temos: Comandos de voz, Contas, GoToMeeting, Hot Pursuit, Meus arquivos, Minha galeria, Minha música, MOTOACTV, Netflix, Quickoffice, Smart Actions e Spider-Man. Os dois jogos são apenas versões de demonstração; após alguns minutos é necessário adquirir uma licença. Felizmente, é possível desativar facilmente aplicativos inúteis no Ice Cream Sandwich, inclusive os pré-instalados pelo fabricante.

Gostei bastante de um aplicativo pré-instalado, o Smart Actions. Ele é apresentado pela Motorola como um aplicativo que “facilita sua vida ao automatizar ações que você realiza todos os dias”. O Smart Actions pode desativar automaticamente o GPS, a sincronização de dados ou as notificações do sistema em determinado horário ou local (como uma sala de reuniões, por exemplo). Também dá para fazer o RAZR MAXX tocar uma lista de músicas quando você estiver na academia ou iniciar um aplicativo logo após o horário de acordar, por exemplo. Bem legal.

Multimídia

A Motorola optou por remover o player de música padrão do Ice Cream Sandwich e adicionou um aplicativo próprio, que possui acesso a rádios com streaming via web e compartilhamento de conteúdo através da conexão DLNA. A interface é bem agradável, mas não traz nenhum recurso matador.

Uma função legal do player da Motorola é o acesso remoto de toda a sua coleção de músicas através do MotoCast Wi-Fi. Dessa forma, não é necessário manter gigabytes de arquivos na memória interna do aparelho, basta deixar seu computador ligado. É legal, mas não vi muita utilidade no meu caso, já que ouço músicas pelo celular somente quando estou no meio da rua (e obviamente não levo meu desktop na mochila).

O player de vídeo é integrado ao aplicativo Minha galeria, que apesar de possuir suporte a vários codecs (rodei DivX e MPEG sem problemas), não exibe legendas. Um vídeo *.mkv de 720p rodou sem nenhum engasgo durante o teste, então o funcionamento do player nativo deve ser satisfatório para boa parte das pessoas. De qualquer forma, como o RAZR MAXX possui processador ARM com suporte a NEON, ele é compatível com o VLC, player que chegou recentemente ao Android.

Câmeras

A câmera do RAZR MAXX possui um sensor de 8 megapixels e faz seu trabalho relativamente bem, mas as imagens possuem granulações perceptíveis e as cores não parecem tão vivas. Por padrão, o aparelho tira fotos de 6 megapixels em widescreen, para ocupar toda a tela do smartphone durante a exibição das imagens, mas é possível capturar imagens com a máxima resolução possível.

A filmagem agrada: o RAZR MAXX grava vídeos com som bem definido e deixa o usuário escolher a resolução da imagem. Se você estiver filmando algo não tão importante, não precisa desperdiçar espaço gravando o vídeo em 1080p: basta escolher entre 720p, DVD (720×480), VGA (640×480) e QVGA (320×240). É uma configuração básica, mas útil nos momentos em que há pouco espaço em disco.

Logo abaixo você confere o vídeo de teste do RAZR MAXX, filmado com resolução 1080p no escritório do Tecnoblog:

https://www.youtube.com/watch?v=MC_JU-kIafE


(Vídeo do YouTube)

Conectividade e acessórios

Motorola RAZR MAXX (Foto: Paulo Higa / Tecnoblog)
RAZR MAXX tem saída HDMI e Motorola envia o cabo

O RAZR MAXX vem com os acessórios essenciais para aproveitar os recursos do aparelho. Na caixa temos um cabo USB, um cabo HDMI, um fone de ouvido, um pacote com guias rápidos e certificados de garantia, um carregador de tomada e o próprio RAZR MAXX (d’oh).

Ficou a sensação de que a Motorola poderia enviar um fone de ouvido melhor para um aparelho dessa categoria. O fone se encaixou bem no meu ouvido, mas não é intra-auricular, faltam graves e a espuma do fone parece frágil, do tipo que se rompe em um ou dois meses de uso. Tanto que a própria Motorola envia duas espuminhas extras para quando for necessário substituí-las.

Motorola RAZR MAXX (Foto: Paulo Higa / Tecnoblog)
Fone de ouvido do RAZR MAXX poderia ser melhor

Sincronização

MotoCast deixa seus arquivos acessíveis pela nuvem

A Motorola fornece um aplicativo de sincronização chamado MotoCast USB, que transfere músicas, vídeos, fotos e contatos para o RAZR MAXX. Durante uma sincronização, o RAZR MAXX ficou bem lento, o que é compreensível dada a grande atividade de disco durante a cópia de arquivos, mas o smartphone simplesmente reiniciou sozinho após uma tentativa frustrada de tirar uma screenshot.

O problema com a lentidão ocorreu no meu notebook pessoal. No escritório do Tecnoblog, com Windows 7 e Office 2010, não foi possível utilizar o MotoCast USB: ele simplesmente teima em abrir o Outlook na inicialização, provavelmente para sincronizar os contatos. E não é possível fechar o cliente de email da Microsoft; dois segundos ele é aberto de novo pelo aplicativo da Motorola, que entra num loop infinito. Para encerrar o Outlook, foi necessário matar ambos os processos pelo gerenciador de tarefas.

Minha recomendação é conectar o Android ao computador por meio do armazenamento em massa e copiar os arquivos diretamente para a memória interna do RAZR MAXX para evitar dores de cabeça com o MotoCast USB.

Bateria

Bateria aguenta o tranco dos usuários viciados.

Com uma bateria de 3.300 mAh, o RAZR MAXX não poderia decepcionar. Abandonei meu Windows Phone por alguns dias e decidi usar o Android da Motorola como eu usaria um smartphone normalmente. Após ler feeds durante 1 hora, ouvir 3 horas de músicas, gravar um vídeo 1080p de 2 minutos, tirar 20 fotos, instalar alguns aplicativos, atualizar meu Twitter, dormir 8 horas e jogar Fruit Ninja durante 30 minutos, a bateria ainda tinha 30% de carga após 1 dia e 2 horas de uso, sempre com 3G, GPS e notificações ativados.

Em uso intenso, com brilho no máximo, 1 hora de navegação por Wi-Fi, 30 minutos de redes sociais por 3G, 1 hora e 30 minutos de vídeos no YouTube por Wi-Fi, 45 minutos de Fruit Ninja e 1 hora e 30 minutos de vídeo *.mkv, a bateria chegou a 60%, uma marca excelente.

Em uso moderado, com brilho no automático, 30 minutos navegação por 3G, 30 minutos de navegação por Wi-Fi, 1 hora de vídeos no YouTube por Wi-Fi, 30 minutos de jogo de Angry Birds Space e 45 minutos de vídeo DivX 480p, a bateria chegou a 80%. Nada mal.

O RAZR MAXX aguenta tranquilamente um dia inteiro de trabalho. Usuários que não deixam a rede 3G ativada o tempo todo e não acessam tantas páginas pelo celular podem carregar o aparelho a cada 2 dias sem medo de ficar sem carga antes do fim do dia.

Mas a longa autonomia de bateria também tem um custo: para aumentar a carga de 0% a 100% com o carregador original de 850 mA, foram necessárias 3 horas e 51 minutos com o aparelho desligado (isto é, somente na tela de carregamento de bateria). Com o aparelho ligado, o tempo deve alcançar as 5 horas e meia sugeridas pelo guia rápido da Motorola. Não se esqueça de conectá-lo a uma tomada antes de dormir.

Pontos negativos

  • Aplicativo de sincronização muito ruim.
  • Fone de ouvido simples para um aparelho desse nível.

Pontos positivos

  • Acabamento excelente, com traseira de Kevlar.
  • Bateria com ótima autonomia.
  • Ice Cream Sandwich fluído, sem muitas modificações.
  • Smart Actions são bastante úteis.
  • Tela brilhante com boa definição de imagem.

Conclusão

Motorola RAZR MAXX (Foto: Paulo Higa / Tecnoblog)
Em vez de fazer um smartphone mais fino, a Motorola colocou mais bateria. E ele nem é pesado. Eu gostei.

O RAZR MAXX é feito para um público definido: usuários que ficam grudados o dia todo no smartphone ou estão cansados de ter que recarregar o celular diariamente (e ainda ficar sem carga antes do fim do dia). A Motorola prometeu uma ótima duração de bateria e cumpriu: mesmo com brilho no máximo e 3G ativado o tempo todo, o aparelho não chega a níveis de bateria assustadores, aqueles em que você começa a desativar todas as conexões e colocar o brilho da tela no mínimo para chegar em casa são e salvo.

Não dá para deixar de comparar o RAZR MAXX ao Galaxy S III: o tamanho é quase o mesmo, o peso é semelhante e ambas as telas são boas. É claro que o Galaxy S III tem músculos maiores, mas o RAZR MAXX não fez feio: mesmo com um modesto processador dual-core de 1,2 GHz, não passei por nenhum incômodo com aplicativos lentos ou instáveis no Ice Cream Sandwich. O Motorola perde no hardware, mas ganha bastante no acabamento.

A Motorola lançará o RAZR MAXX por R$ 1,5 mil no Brasil, valor que deve cair após a euforia dos early-adopters e as promoções das lojas online. É um preço acessível para um smartphone topo de linha, mas não conte com futuras atualizações oficiais do Android, já que ele foi lançado com Gingerbread lá fora. Se você não se importa em ter o sistema operacional mais novo possível, o RAZR MAXX é uma excelente compra.

Especificações

  • Bateria: 3.300 mAh.
  • Câmera: 1,3 megapixels (frontal) e 8 megapixels (traseira).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 4.0, DLNA, HDMI e USB 2.0.
  • Dimensões: 130,7 x 68,9 x 9 mm.
  • Frequências: WCDMA/HSDPA (850 / 900 / 1.900 / 2.100 MHz); GSM/GPRS/EDGE (850 / 900 / 1.800 / 1.900 MHz).
  • Kit contém: aparelho Motorola RAZR MAXX, fone de ouvido (3,5 mm), carregador, cabo HDMI e cabo USB.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB.
  • Memória interna: 16 GB.
  • Memória RAM: 1 GB.
  • Peso: 145 gramas.
  • Plataforma: Google Android 4.0 (Ice Cream Sandwich).
  • Processador: dual-core de 1,2 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, proximidade e bússola.
  • Visor: 4,3 polegadas com resolução de 540 x 960 pixels e proteção Gorilla Glass.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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