Windows Phone: nascimento, evolução e queda de um sistema quase “perfeito”

O Windows Phone tentou ser o terceiro player do mercado, mas problemas ao longo do caminho impediram sua ascensão

Wagner Pedro
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• Atualizado há 1 ano
Windows Phone: nascimento, evolução e queda de um sistema quase "perfeito" (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Windows Phone: nascimento, evolução e queda de um sistema quase “perfeito” (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O Windows Phone chegou em 2010 com a proposta de ser um concorrente ao Android e iOS. A Microsoft investiu muito tempo (e dinheiro) no sistema operacional, apresentando versões com diversas melhorias e até mesmo comprando a divisão mobile da Nokia, a maior fabricante parceira na época, por US$ 7,2 bilhões.

O software tinha “tudo” para dar certo: ele entregava uma interface bonita e totalmente personalizável, era rápido mesmo em aparelhos com 512 MB de RAM (pouco até para aqueles tempos) e, claro, oferecia uma grande integração com os populares serviços da Microsoft.

Durante toda a sua “jornada”, o Windows Phone conseguiu atrair muitos fãs, especialmente no Brasil. O sistema ainda traz um sentimento de nostalgia para diversos ex-usuários — há quem guarde na gaveta um Lumia que ainda funciona.

Por mais que o crescimento tenha sido relativamente rápido (embora pouco expressivo), sua queda foi mais rápida ainda e nem mesmo o sucesso da marca Nokia conseguiu manter o Windows Phone vivo. O que deu errado no sistema operacional de uma gigante de tecnologia, que era líder absoluta nos computadores e tinha dinheiro de sobra para dominar mais um mercado? Bom…

Como surgiu

Durante o desenvolvimento do Windows Phone, a ideia da Microsoft era apostar na retrocompatibilidade para aproveitar apps do Windows Mobile. Mas pelo fato da empresa ter desenvolvido o sistema relativamente rápido, a primeira versão do Windows Phone deixou de lado essa proposta. Por outro lado, ela entregou novos recursos e uma interface bem diferente. 

Joe Belfiore, um dos grandes responsáveis pela criação do Windows Phone, apresentou o sistema durante a MWC 2010 em Barcelona, evento que ocorreu em fevereiro daquele ano. O Windows Phone 7 Series atraiu a atenção do público especialmente por conta da interface Metro, que trazia as Live Tiles, pequenos quadrados (ou retângulos) coloridos e interativos que mostravam mais conteúdos e eram totalmente personalizáveis.

Em entrevista ao Tecnoblog, Igor Leandro, criador do canal FaixaMobi, comentou que “a Microsoft apostou alto e foi para o mercado, trazendo uma opção muito atrativa em termos de sistema operacional e de usabilidade”. 

Trecho do evento de lançamento do Windows Phone 7 Series

Essa mesma versão também dividia os conteúdos por Hubs para concentrar várias informações num só lugar. Um deles era o de “Pessoas”, que unia os contatos telefônicos e suas redes sociais para facilitar a comunicação.  

Pouco tempo depois do lançamento oficial, a gigante de Redmond decidiu remover o termo “Series” devido a várias críticas. Por isso, em abril de 2010, a empresa fez a seguinte declaração: 

Os consumidores querem uma maneira simples de dizer e usar o nome consistentemente. O importante é manter o foco na marca Windows Phone, que introduzimos e iremos continuar a investir durante o Windows Phone 7 e adiante.

Os primeiros modelos com Windows Phone 7 incluíram o Samsung Omnia 7, o LG Optimus 7 e os HTC 7 Trophy, Mozart e HD7, além do Dell Venue Pro. As vendas começaram em outubro de 2010. 

Samsung Omnia7 (Imagem: Luca Viscardi/Wikimedia Commons)
Samsung Omnia7 (Imagem: Luca Viscardi/Wikimedia Commons)

Em entrevista ao Tecnolog, Flavio Xandó, especialista em TI e produtor de conteúdo sobre tecnologia no YouTube, também comentou sobre a chegada da Microsoft no setor mobile: “ela pensou certo e quis diversificar, abrindo o horizonte para sair do PC e não colocar todos os ovos na mesma cesta. Por isso, no momento em que ela entrou, achei que foi uma decisão acertada porque o mercado estava explodindo”.

Evolução e versões

A primeira versão do Windows Phone trouxe recursos interessantes, mas o sistema estava longe de ser perfeito e ainda precisava de diversos aprimoramentos. “O Windows Phone 7 tinha uma boa usabilidade e uma cara bonita por conta das Live Tiles, uma novidade no mercado, mas ele ainda tinha várias limitações. Eu me lembro de uma muito básica que, quando você desligava a tela do aparelho, o Wi-Fi era desconectado, algo que não fazia sentido”, explica Igor Leandro.

Pensando nisso, durante a MWC 2011, Steve Ballmer, CEO da Microsoft na época, revelou que uma grande atualização chegaria no final do ano trazendo novas funcionalidades. Dentre as melhorias, é possível destacar uma versão móvel do Internet Explorer 9 com melhor capacidade gráfica, integração do Twitter e multitarefas para apps. Esse update, chamado de Windows Phone 7.5 “Mango”, foi responsável pelo crescimento inicial do sistema, registrando um market share de 0,59% em outubro de 2011, segundo dados da Statcounter.

Antes do lançamento do Windows Phone 8, a gigante de Redmond liberou o Windows Phone 7.8 “Tango”. Essa foi uma atualização pequena dedicada a aparelhos com Windows Phone 7.5, já que a oitava versão não rodava nesses modelos por conta do núcleo diferente. A principal novidade consistia em poder alterar o tamanho das Live Tiles. É possível dizer que o Windows Phone 7.8 foi entregue apenas para dar um “gostinho” da próxima versão, inserindo pequenas funções que estariam presentes.

Interface do Windows Phone 7.8 no Lumia 710 (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Interface do Windows Phone 7.8 no Lumia 710 (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

O Windows Phone 8, lançado em outubro de 2012, substituiu o Windows Phone 7, que era baseado no Windows CE, e passou a ser estruturado no Windows NT. Isso significa que foi mais do que uma “grande atualização”: na verdade, o sistema foi reescrito por completo. Por isso, aparelhos com Windows Phone 7, 7.5 e 7.8 não podiam ser atualizados ou sequer rodar aplicativos desenvolvidos para essa versão, algo que desanimou muitos consumidores e gerou várias críticas. 

Quando a Microsoft mudou o SDK (Software Development Kit) do 7 para o 8, ela foi muito bem intencionada. Havia diversas promessas e ampliações de funcionalidades, mas ela não respeitou a base de usuários. Isso não se faz. A empresa não pode simplesmente jogar tudo fora.


Flavio Xandó

Apesar das críticas, o Windows Phone 8 conseguiu ser bastante elogiado. Dentre as novidades, temos as Live Tiles com tamanho personalizável, suporte para telas HD e processador multicore, Internet Explorer 10 e NFC. 

Em abril de 2014, a Microsoft liberou a versão preview do Windows Phone 8.1, que foi lançado para o público geral em julho do mesmo ano. Esse update era compatível com modelos que rodavam o Windows Phone 8 e trouxe melhorias significativas, deixando o sistema mais competitivo.

Windows Phone 8.1 rodando no Lumia 520 (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Windows Phone 8.1 rodando no Lumia 520 (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

O 8.1 estreou a assistente de voz Cortana, inseriu uma central de notificações e implementou suporte a telas Full HD e processadores quad-core. Essa é considerada a versão definitiva por muitos fãs, sendo ela uma das grandes responsáveis pelo maior market share global registrado: 2,45% em novembro daquele ano.

A última versão do Windows Phone foi o Windows 10 Mobile, lançado oficialmente em novembro de 2015. Esse novo sistema fornecia uma integração maior com o Windows 10 para PCs, incluindo um novo método para sincronização de conteúdos e um ecossistema universal de aplicativos. Com isso, os desenvolvedores podiam portar apps desenvolvidos originalmente para Windows 10, Android e iOS.

O software tinha uma integração e uma sinergia muito forte com o Windows 10 de desktops. Era uma plataforma que se diferenciava do que existia no mercado e, na minha leitura, a melhor que a Microsoft tinha desenvolvido.

Igor Leandro
Interface do Windows 10 Mobile (Imagem: Divulgação/Microsoft)
Interface do Windows 10 Mobile (Imagem: Divulgação/Microsoft)

O Windows 10 Mobile também trouxe o “Modo Continuum”, que permitia conectar o smartphone a um monitor externo para utilizá-lo como um PC, dando suporte a teclado e mouse. Mas para que fosse possível ativá-lo, o usuário precisava adquirir um dock vendido pela Microsoft.

Ao contrário do Windows Phone 8 e 8.1, essa versão nunca alcançou uma popularidade significativa. A prova disso é que em 2017, apenas dois anos após o lançamento, a Microsoft já tinha começado a descontinuar o desenvolvimento do sistema devido à falta de interesse dos usuários e desenvolvedores.

Em janeiro de 2020, a empresa liberou a última atualização do Windows 10 Mobile, encerrando assim o suporte e, consequentemente, oficializando sua saída do mercado mobile. Nessa época, o market share global do sistema era de apenas 0,12%, de acordo com dados da Statcounter. 

Parceria da Nokia com a Microsoft

Antes desse triste fim acontecer, a Microsoft conseguiu chamar a atenção dos consumidores para o Windows Phone devido a uma parceria feita com a Nokia. Outras empresas até chegaram a lançar aparelhos com esse sistema operacional móvel, mas nenhum deles ganhou tanto destaque como os modelos da linha Lumia.

Essa parceria foi anunciada em fevereiro de 2011 em uma conferência de imprensa realizada em Londres. Os CEOs da Microsoft (Steve Ballmer) e da Nokia (Stephen Elop) oficializaram um acordo entre as duas empresas, no qual o Windows Phone seria o sistema operacional dos smartphones da marca finlandesa.

Uma pessoa que trabalhou na Nokia contou ao Tecnoblog sob anonimato que “o Symbian estava perdendo market share e Android e iOS só cresciam. O Windows Phone chegava como uma luz no fim do túnel. Imaginavámos que seria a chance perfeita de recuperar o mercado”.

Nokia N95 com Symbian (Imagem: Cristian Janke/Wikimedia Commons)
Nokia N95 com Symbian (Imagem: Cristian Janke/Wikimedia Commons)

Mas enquanto muitos viam o Windows Phone como uma saída, outros não apoiaram essa adoção. Em entrevista ao Tecnoblog, outro ex-funcionário ligado a marca finlandesa revelou sob anonimato que não apreciou a parceria:

Para mim foi uma decepção, porque há anos eu vinha trabalhando com eles [Nokia] no desenvolvimento do Symbian e do Maemo (plataforma que deu origem ao MeeGo). Eu tinha muito contato com os desenvolvedores e via a empolgação deles com o que estava sendo criado. Essa mudança parou todo o desenvolvimento das outras plataformas, então para mim foi muito frustrante. Eu sentia que isso não era o que a Nokia queria fazer, mas ela fez para sobreviver dentro do mercado.

Esse mesmo ex-funcionário também comentou que “eu não gostava do Windows Phone. Eu vestia a camisa da Nokia, então pensei que, se a marca quis isso, vou embarcar. Mas eu não aguentei muito tempo e saí da empresa. É um valor que eu tenho: quando não acredito naquilo que estou tentando vender, não é mais pra mim”.

Lumia 800, um dos primeiros modelos com Windows Phone (Imagem: Petar Milošević/Wikimedia Commons)
Lumia 800, um dos primeiros modelos com Windows Phone (Imagem: Petar Milošević/Wikimedia Commons)

De qualquer forma, a parceria seguiu adiante e os primeiros resultados foram os Lumias 800 e 710, apresentados em outubro de 2011. Nos anos seguintes, a Nokia lançou diversos smartphones com Windows Phone, criando uma espécie de memória associativa nos consumidores, já que bastava falar do sistema para vir à cabeça o nome da marca. 

Mas antes de chegar nesse ponto, a empresa tinha alguns receios quanto à adoção do Windows Phone. “Tínhamos aquela dúvida de ‘será que os fãs da Nokia vão virar fãs do Windows Phone?’ Porque a Nokia tinha muitos fãs. Eu nunca vi nada igual com uma marca. Mas quando aconteceu a transição, a gente foi conquistando o coração desses fãs da Nokia e, gradativamente, eles foram se tornando fãs do Windows Phone”, comenta o ex-funcionário.

Compra da Nokia pela Microsoft

Apesar da parceria ter apresentado resultados positivos, eles ainda estavam abaixo das necessidades da finlandesa. Por isso, em setembro de 2013, a Nokia decidiu vender sua divisão mobile para a Microsoft por US$ 7,2 bilhões. O anúncio foi feito no blog oficial de ambas as empresas. A publicação afirmava que a movimentação significava o “próximo capítulo” na história da fabricante de celulares.

Sabemos que essa “jogada” não deu certo, mas naquele momento ela fazia sentido para a Nokia. Afinal, os resultados apresentados estavam bem abaixo do esperado, especialmente com relação aos concorrentes. Por isso, vender a divisão para a Microsoft foi uma forma da empresa não sumir totalmente do mercado. 

Era um movimento natural, que fazia sentido para ambas as empresas. O valor de mercado da Nokia havia caído muito pela base menor de usuários e a Microsoft precisava ter um domínio maior, internalizando a parte de hardware com o desenvolvimento do software.

Igor Leandro
Stephen Elop foi CEO da Nokia entre 2010 a 2014 (Imagem: Maurizio Pesce/Wikimedia Commons)
Stephen Elop foi CEO da Nokia de 2010 a 2014 (Imagem: Maurizio Pesce/Wikimedia Commons)

Esse baixo desempenho pôde ser confirmado num memorando interno vazado. Chamado de “Plataforma em Chamas”, Stephen Elop comparou a Nokia com uma pessoa que estava dentro de um barco pegando fogo navegando por um oceano gelado. Se ficasse, ela morreria queimada e, se pulasse, morreria congelada. Ou seja, é possível concluir que foi uma tentativa de se salvar.

Mas o que poderia se tornar uma “superpotência”, já que a Nokia chegou a liderar o setor de celulares com 41% de participação, acabou se tornando um fracasso. Apenas dois anos depois da compra, a gigante de Redmond encerrou a divisão e demitiu mais de 7,8 mil funcionários. 

Principais modelos com o sistema

Como foi dito, outras empresas chegaram a lançar smartphones com Windows Phone, mas foi a Nokia que se destacou no mercado. Dentre tantos modelos, alguns chamaram a atenção dos consumidores e se tornaram um grande sucesso — ao menos entre os fãs da marca. 

O primeiro deles foi o próprio Lumia 800, que estreou o Windows Phone em 2011. Além do design baseado no Nokia N9, o dispositivo trouxe uma tela AMOLED de 3,7 polegadas com filtro ClearBlack antirreflexo, processador Snapdragon S2 de 1,4 GHz, 16 GB de armazenamento interno e câmera de 8 MP com lente Carl Zeiss.

O Lumia 920 foi outro modelo de destaque. Esse aparelho, que já vinha de fábrica com Windows Phone 8, apostava em um display IPS LCD de 4,5 polegadas, processador Snapdragon S4 Plus dual-core de 1,5 GHz, 1GB de RAM e 32 GB de armazenamento. Além de boas especificações para o ano de lançamento (2012), seu design também chamava a atenção dos consumidores, que podiam escolher entre seis cores. 

Lumia 920 (Imagem: Solovei Yegor/Wikimedia Commons)
Lumia 920 (Imagem: Solovei Yegor/Wikimedia Commons)

Avançando no tempo e indo para 2013, a Nokia apresentou o Lumia 520, considerado a “galinha dos ovos de ouro” da marca. O motivo é simples: esse foi o celular com Windows Phone mais vendido no mundo, somando 12 milhões de unidades comercializadas até junho de 2014, sendo um dos grandes responsáveis pela divulgação do Windows Phone. 

Curiosamente, ele não trazia especificações de alto nível, apenas o básico para o uso diário, como tela IPS de 4 polegadas, processador dual-core de 1,0 GHz e 8 GB de armazenamento. Mesmo com essas características, o Lumia 520 conseguiu ser mais atrativo (e barato) em relação à concorrência, repleta de celulares Android com interfaces lentas e travadas.

Buscando liderar o mercado de câmeras, a Nokia lançou o Lumia 1020 no mesmo ano. O aparelho se destacava por sua lente Carl Zeiss de 41 MP com estabilização óptica de imagem, sendo o primeiro smartphone do mundo com essa tecnologia. Ele também entregava uma tela AMOLED de 4,5 polegadas, 2 GB de RAM e até 64 GB de armazenamento. Esse modelo “reinou” quando o assunto era qualidade de imagem, e mesmo nos dias atuais, sua câmera oferece um desempenho aceitável. 

Lumia 1020 (Imagem: Kārlis Dambrāns/Wikimedia Commons)
Lumia 1020 (Imagem: Kārlis Dambrāns/Wikimedia Commons)

Ainda em 2013, a fabricante finlandesa apresentou o Lumia 1520. Usando a nomenclatura “phablet”, o dispositivo trouxe um display IPS LCD de 6 polegadas com resolução Full HD (1920×1080 pixels) e vidro com proteção Gorilla Glass 2. O processador também era competente, já que a Nokia inseriu um Snapdragon 800 quad-core de 2,2 GHz, aliado a 2 GB de RAM e até 32 GB de armazenamento. Por muito tempo, esse smartphone manteve o “título” de melhor Windows Phone do mercado. 

O fim

Olhando o cenário como um todo, é possível dizer que o Windows Phone lutou para permanecer no mercado. A Nokia lançou diversos modelos e a Microsoft chegou a investir bilhões comprando a parceira para atrair mais consumidores e tentar manter o sistema vivo, mas os problemas ao longo do caminho barraram sua possível ascensão.

Talvez o principal deles tenha sido a falta de aplicativos. Android e iOS já entregavam diversas opções de redes sociais e jogos em suas respectivas lojas, enquanto que o Windows Phone sempre teve uma certa limitação nesse aspecto, já que poucos desenvolvedores tinham interesse na plataforma. 

As pessoas não compravam um celular com Windows Phone porque ele não tinha um leque grande de aplicativos, e os desenvolvedores muitas vezes não criavam apps porque não existia uma base significativa de usuários. A Microsoft ficou “presa” nesse dilema e isso basicamente foi o principal fator do Windows Phone não ter vingado no mercado.

Igor Leandro
Modelos com Windows Phone (Imagem: Mike Mozart/Wikimedia Commons)
Modelos com Windows Phone (Imagem: Mike Mozart/Wikimedia Commons)

Algumas empresas também deixaram o sistema de lado. O Google, por exemplo, nunca permitiu que seus apps fossem distribuídos oficialmente na Windows Phone Store, enquanto que o Instagram só foi liberar uma versão oficial muito tempo depois, mais especificamente no início do Windows 10 Mobile. 

Mas não foi só a falta de aplicativos que contribuíram para o fracasso do Windows Phone: as mudanças de SDK também tiveram um papel negativo. “Com as mudanças, muitos desenvolvedores tinham que jogar fora o código dos seus apps simplesmente porque o SDK era diferente. Isso deu um ‘banho de água fria’ neles”, encerra Flavio Xandó.

Além disso, outras duas gigantes (Apple e Google) já dominavam o mercado com seus sistemas, desde a faixa de aparelhos premium aos mais populares, deixando pouquíssimo espaço para o Windows Phone. Ou seja, a gigante de Redmond perdeu o timing e, quando resolveu lançar a primeira versão, Android e iOS já eram grandes demais para bater de frente. 

Lumia 1520 (Imagem: JÉSHOOTS/Pexels)
Lumia 1520 (Imagem: JÉSHOOTS/Pexels)

De qualquer forma, o Windows Phone também tinha pontos positivos: sua integração com os serviços da Microsoft (e até com algumas redes sociais) era excelente, a interface podia ser totalmente personalizada e a fluidez em modelos de entrada chamava a atenção, além de outras características.

O Windows Phone tinha inovações que perduram até hoje. A questão das Live Tiles que eram atualizadas em tempo real, por exemplo, foi algo que, no fundo, a Apple trouxe na última versão do iOS. É basicamente a mesma coisa: você pode adicionar cards que atualizam informações. A empresa não vai comentar, óbvio, mas pra mim aquilo é muito inspirado no Windows Phone“, comenta o ex-funcionário anônimo.

A Microsoft ainda atua no mercado mobile, mas não como antes. Em agosto de 2020, a empresa anunciou o Surface Duo, aparelho dobrável que roda Android. Ou seja, além da participação ser pequena, não vemos nada de Windows Phone ou coisa parecida, já que hoje esse sistema operacional vive apenas na lembrança de quem foi usuário.

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Wagner Pedro

Ex-autor

Wagner Pedro é um paraibano “arretado” apaixonado por smartphones e cobre tecnologia desde 2017. Autodidata desde a época dos PCs de tubo, internet discada e Windows XP, buscou conhecimento em pequenos cursos de Informática e uniu essa paixão ao jornalismo. Ainda sente falta do extinto Windows Phone. No Tecnoblog, foi autor entre 2020 e 2022.

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