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Fazer review do Fonepad é mais complicado do que parece. Ele deve ser pensado como um smartphone ou um tablet? É uma mistura dos dois, com recursos tanto de um como de outro.

Com 7 polegadas, é difícil se acostumar a utilizá-lo no dia a dia como se usaria um smartphone (que, normalmente, é o principal gadget que alguém leva). Não cabe no bolso, não dá para mexer com uma mão, impossível ser discreto ao atender uma chamada. O Fonepad se propõe a ser uma solução para quem precisa de um tablet para trabalhar, por exemplo, mas não quer carregar dois gadgets por aí.

De forma simplificada, é um tablet que também faz ligações. Mas será que consegue segurar a bronca e ser, realmente, a melhor opção para esse público? Tentaremos descobrir isso nas linhas abaixo.

Design

No que diz respeito à aparência, ele não surpreende nem desaponta. É bastante comum. Tem uma moldura preta larga em volta da tela e traseira de plástico com acabamento metálico prateado (há outro modelo de cor champagne).

O Fonepad chama atenção por ser bem leve, com apenas 340 gramas, e relativamente fino, com 10,4 mm de espessura (para comparação, um a mais que o iPad de quarta geração).

Na frente, ao lado do alto falante, fica a câmera frontal. Atrás, a câmera traseira, com a delicadeza de ter uma moldura mais alta para prevenir riscos na lente – algo que deveria ser adotado com mais frequência pelos fabricantes.

As laterais são praticamente limpas. Apenas em dois lados foram colocados botões e conexões. Na parte inferior, fica a P2 para fone de ouvido e microUSB para carregar e conectá-lo ao computador. Em um dos lados, o botão de ligar e o controlador de volume. Como esses botões ficam bem juntos, aconteceram vários toques acidentais até acostumar com a posição de cada um. Talvez a escolha de local para o botão que liga e bloqueia a tela não tenha sido a melhor, mas esse não é um problema grande.

Na parte traseira superior, uma capinha protege o espaço para colocar o microSD e o microSIM. Ela é meio chatinha de ser removida – o que faz todo o sentido, já que ninguém espera que o microSIM saia acidentalmente. Mas, toda vez que precisar mexer nisso, dá medo de quebrar.

Tela

A parte tablet do Fonepad começa pelo tamanho da tela: são 7 polegadas, com resolução de 1280×800 pixels e tecnologia IPS.

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Não é o display mais impressionante do mercado, mas não merece críticas.

Um destaque é o brilho forte, que pode ser reforçado com o modo outdoor ativado. Não há problemas de visibilidade em utilizá-lo ao ar livre em um dia ensolarado.

Dá para melhorar um pouco a vivacidade das cores pelo aplicativo ASUS Splendid, que permite ajeitar a saturação e “temperatura” e ativar o Vivid Mode. Ele faz uma pequena diferença na saturação, nada dramático.

Um problema sério é que a tela não desapega fácil de marcas de dedo ou do rosto depois de atender uma ligação, o que, além de desagradável, atrapalha ainda mais a visibilidade.

Interface e aplicativos

O Fonepad já sai da fábrica com o Android mais recente, o 4.1. A interface tem poucas alterações. Está tudo ali: as múltiplas telas iniciais, seis ícones fixos para acesso rápido numa barra inferior, a possibilidade de criar pastas para organizar os apps na tela inicial, widgets de email, clima, notícias e vários outros.

O menu suspenso é bem completo e facilita o acesso a vários recursos. Configurações, ajuste de brilho, redes Wi-Fi e AudioWizard (para definir perfis de áudio para o aparelho) ficam fixos. Entre os ícones que podem ter suas posições trocadas ao manter pressionados estão os que necessitam de ativação, com Wi-Fi, GPS, redes móveis e Bluetooth.

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Há uma boa oferta de apps nativos de utilidade duvidosa no Fonepad, como acontece em quase todos os aparelhos. Entre os que chamaram atenção, há um para montar álbuns de fotos (ASUS Story); editor de fotos com um monte de efeitos para inserir nas imagens (ASUS Studio); editor de vídeos para fazer edições simples, bem chatinho de mexer (Estúdio de filmes); app de segurança, que coloca senha em outros aplicativos (App Locker); app para tomar notas e fazer desenhos (SuperNote Lite e MyPainter).

Principalmente nesses dois últimos, percebe-se a função tablet do Fonepad. É bem mais confortável fazer rabiscos e anotações por escrito (e não digitadas) numa tela de 7 polegadas que em uma menor, de smartphone.

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Uma característica legal do SuperNote Lite é organizar as palavras escritas linha a linha, mesmo que você escreva em qualquer lugar da página, e sem tentar adivinhar o que foi escrito, já que nem sempre o reconhecimento da grafia é muito bom.

Multimídia

É muito melhor assistir vídeos no tablet que no smartphone por causa do tamanho da tela. Nessa questão, o Fonepad ganha pontos. E, por ser leve, não cansa a mão segurá-lo por bastante tempo.

Pelo player nativo, conseguimos assistir vídeos em formato MKV, mas os em AVI DivX precisaram de outro player para rodar (utilizamos o MX Player).

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Há dois apps que passam vídeos. Um coloca o vídeo em tela cheia; o outro fica numa janela que flutua sobre outras aplicações e permite continuar assistindo enquanto faz outra coisa no aparelho.

Na reprodução de áudio, ele rodou sem problemas arquivos em MP3, FLAC e AAC. O player que vem instalado no Fonepad é o Play Music, padrão do Android. Ele muito básico e quem quiser vários recursos precisa baixar outro aplicativo. A equalização, por exemplo, tem apenas cinco canais e nenhum perfil pré-definido além do padrão.

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Na tela de reprodução da música, há um “joinha” e um “não-joinha”. Ao clicar no  positivo, ele automaticamente insere a faixa numa playlist com as músicas curtidas. Mas também dá para montar listas personalizadas.

Vale aproveitar o tópico para comentar do áudio que sai pelo alto falante do Fonepad. O som é muito baixo e fica bastante abafado; convém usar aquele fone de ouvido… que a Asus não incluiu no kit.

Câmeras

Na hora de falar da câmera, é difícil olhar para o Fonepad como se ele fosse um smartphone. Atualmente, as desses gadgets são muito boas, cheias de recursos e podem substituir as portáteis para um consumidor menos exigente. Já as de tablets são bem mais simples.

Com resolução de 3 MP na traseira, não dá para esperar fazer os melhores cliques da sua vida com o Fonepad. Até quebra um galho, principalmente observando a foto “de longe”. Mas, ao utilizar em tamanho real, os ruídos e a ausência de definição são gritantes. A câmera frontal, com 1,2 MP, também peca na definição. Mas, para videoconferências, espelho ou egoshots, é suficiente.

Para tentar melhorar a qualidade da imagem, é possível ajustar manualmente a exposição e o balanço de branco. Também há efeitos de cores (preto e branco, sépia e negativo) e a possibilidade de colocar informações auxiliares no display, como guidelines.

O recurso mais avançado que a câmera oferece é a foto panorâmica, que, superados os problemas da qualidade da imagem, consegue reproduzir com bastante fidelidade a paisagem ao redor, sem distorcer muito. Achei melhor que a panorâmica do Galaxy S II, que fica cheia de erros e trechos “arrastados”.

O Fonepad também faz vídeos em 720p. Em movimento, a ausência de definição fica ainda mais gritante, assim como a falta de estabilidade quando mexemos o tablet rápido. A captação de áudio é satisfatória, sensível o bastante, mas nada de espantoso.

Conectividade e acessórios

Na caixa do Fonepad vem apenas o tablet, o manual, o carregador e o cabo USB. Curiosamente, nenhum fone de ouvido acompanha. No caso desse aparelho, isso é especialmente estranho porque um fone de ouvido é praticamente item obrigatório para fazer ligações num smartphone de 7 polegadas.

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É bem cansativo ficar segurando uma placa desse tamanho no rosto durante vários minutos. É ruim de pegar, incomoda. Mas, como todo mundo tem um fone de ouvido sobrando, esse não deve ser o maior problema do mundo.

Falando das redes sem fio, nada além do requisito: ele tem suporte a 3G+, Bluetooth 3.0 e Wi-Fi.

Bateria

Com 4.270 mAh e a promessa de nove horas de duração, a bateria de lítio-polímero obviamente tem uma excelente duração, mas os números impressionam mais que o resultado na prática.

Começamos os testes de bateria com 100% da carga. Ao final da simulação de uso moderado, ainda sobrava 74% da carga. A de uso intenso deixou a bateria com 46%. O primeiro teste dura cerca de uma hora e meia; o segundo, cerca de três horas.

Um detalhe que estranhamos no Fonepad é que, antes de começar a usar, o fabricante recomenda carregar a bateria por oito horas, muito mais que o suficiente para carregá-la completamente. Essa instrução era comum em celulares há muitos anos, mas fazia tempo que não víamos isso.

Hardware

O motor do Fonepad é um processador Intel Atom Z2420 de um núcleo de 1,2 GHz. A GPU PowerVR SGX540 dá uma força nas tarefas. Ela já é um pouco antiga – a mesma do Galaxy Nexus – , então não dá para esperar o melhor desempenho do mercado.

Os resultados nos testes de benchmark não impressionam nem decepcionam. Ficam na faixa dos obtidos pelo Motorola RAZR MAXX, bem onde esperávamos que ele ficaria, entre os intermediários. No AnTuTu, ele marcou 5.761 pontos e no Quadrant Standard, 2.866. O teste de HTML5 do Vellamo foi interrompido, então esse benchmark não foi contabilizado.

Uma outra versão do Fonepad com hardware mais potente foi anunciada na China. Ela terá processador Z2460 de 1,6 GHz e 32 GB de armazenamento, mas não há previsão de chegada ao Brasil.

Pontos negativos

  • Construção em plástico
  • Tamanho impraticável para fazer ligações
  • Tela engordura com facilidade

Pontos positivos

  • Boa duração de bateria
  • Preço acessível
  • Reúne recursos de tablet e de smartphone

Conclusão

Pensar um veredicto para o Fonepad que responda à pergunta “vale a pena ou não?” é complicado.

Se fosse apenas um tablet, seria um tablet bom o bastante. Como smartphone, também. Mas, como é as duas coisas, o cenário precisa ser revisto. Juntar tablet e smartphone não é uma ideia absurda, afinal, eles têm muitos recursos em comum – a maior diferença está no tamanho e no fato de fazer ligações, função cada vez menos utilizada. Entretanto, criar um smartphone de 7 polegadas não é uma ideia tão boa na prática.

Mesmo sendo leve e fino, uma tela de 7 polegadas não cabe no bolso da calça ou numa bolsa pequena. Não consigo vê-lo nas mãos de alguém que não use terno o dia todo para guardá-lo no bolso interno ou numa pasta, até porque carregar um tablet diariamente e o tempo todo não faz muito sentido se ele só será usado para lazer.

Mas, por 1.099 reais, o Fonepad entrega o esperado tanto como smartphone quanto como tablet: é um aparelho intermediário feito para um público segmentado, não para alguém que está entrando agora no mundo dos smartphones ou busca a melhor performance do mercado.

Especificações técnicas

  • Bateria: 4.270 mAh
  • Câmera: 1,2 megapixels (frontal) e 3 megapixels (traseira)
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 3.0
  • Dimensões: 196,4 x 120,1 x 10,4 mm
  • Kit contém: ASUS Fonepad, carregador, cabo USB e manuais de instrução
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB
  • Memória interna: 16 GB (11,72 GB disponíveis para o usuário)
  • Memória RAM: 1 GB
  • Peso: 340 gramas
  • Plataforma: Android 4.1.2 (Jelly Bean)
  • Processador: Intel Atom Z2420 de 1,2 GHz com GPU PowerVR SGX 540
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, luz ambiente, bússola
  • Tela: 7 polegadas LED com tecnologia IPS e resolução de 1280×800 pixels

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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