O imposto de videogame é mais caro que de arma de fogo no Brasil

Só não é mais elevado que o imposto sobre cigarro

Thássius Veloso
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• Atualizado há 8 meses
Controle Day One do Xbox One: nunca foi tão caro

Nós estamos carecas de saber (em alguns casos, literalmente) que os impostos no Brasil são angustiantes. Desesperadores. Dá vontade de chorar. Mas tá, isso é chover no molhado. Quanto de imposto nós pagamos? Um levantamento publicado pela Folha de São Paulo tenta responder essa questão. Cá neste Brasil varonil, acredite, você paga mais imposto ao comprar um console de videogame do que ao comprar uma arma de fogo.

“Quanto?”, você me pergunta. A diferença é de somente 1 ponto percentual. Entretanto, são 71% de impostos cobrados sobre um videogame. Isso você entende, certo? É absurdo.

Confira abaixo o gráfico com os impostos e tributos sobre itens importados, ainda segundo a reportagem da Folha.

Gráfico - Impostos sobre produtos importados (fonte: Folha)
Impostos sobre produtos (fonte: Folha)

Esse tipo de situação faz com que os videogames sejam tão caros no país. O Xbox One entrou em pré-venda no mês passado pela bagatela de 2.199 reais. Trata-se simplesmente do preço mais caro cobrado pelo XONE no mundo.

O console da Microsoft – eu quero! – custa o equivalente a 1.091 reais se comprado na América. Okay, é um produto americano, então vamos passear pelo mundo… Sabe qual é o segundo país com Xbox One mais caro a participar do lançamento mundial? A Dinamarca: o console custa o equivalente a 1.487 reais por lá. Pequena diferença de 350 reais entre os dois países. Praticamente 1/2 salário mínimo nacional.

O presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi, disse à Folha que o conceito de produto essencial é subjetivo, causando distorções em que xilofone e cachimbo têm menos tributos + impostos do que os benditos dos videogames. Eloi ainda aponta que uma caneta esferográfica, um item de educação (e, portanto, vital. Acho que todos concordamos nesse ponto), tem mais de 25% de seu valor total composto por impostos.

Do jeito que está, nunca teremos um verdadeiro estúdio brasileiro que possa produzir título de absoluta qualidade para disputar o mercado nacional – talvez internacional. Custa caro comprar os consoles. Custa caro também comprar os jogos. Custa caro desenvolver para um ecossistema assim.

E para quem quer ainda assim o Xbox One, vale lembrar que a pré-venda da Edição de Lançamento vale para o produto que será distribuído em 30 de novembro. A concorrente Sony já anunciou o preço do PlayStation 4, de 399 dólares, mas nós não sabemos quanto ele custará oficialmente no Brasil. Eu tenho uma aposta: caro.

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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