A próxima revolução tecnológica já começou e está dominando sua vida

Com a tecnologia evoluindo exponencialmente, precisamos pensar onde termina o controle que temos sobre nossos devices e começa o controle deles sobre nós

Giovana Penatti
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• Atualizado há 1 semana
hugobarra

Hugo Barra, o vice-presidente mundial do Google e responsável pelo Android, falou hoje cedo no palco do INFOtrends sobre o futuro da computação móvel. Essa é uma conversa que a gente tem dia sim, dia não aqui no Tecnocenter: que tipo de tecnologia teremos no futuro? Quanto tempo demora até o smartphone se tornar obsoleto? Viveremos num mundo em que humanos, animais inteligentes e máquinas precisarão aprender a conviver?

Hugo Barra disse que não acredita que as máquinas nos dominarão no futuro. Mas que estamos num momento de revolução, no qual o futuro da tecnologia está se formando bem diante dos nossos olhos.

Não precisa olhar nem um pouco longe para ver que isso não é clichezão de executivo. A tecnologia evolui exponencialmente; ou seja, o próximo grande salto ocorrerá na metade do tempo do anterior, que ocorreu na metade do tempo do anterior a ele. Há dois ou três anos, quantas pessoas que você conhece tinham smartphones? Hoje, já temos os primeiros donos de Google Glass passeando com ele pela rua.

O Glass, aliás, é, para Hugo, uma grande representação dessa revolução. Ou de uma das partes dela: a primeira se dá em software e a segunda, em hardware.

No software, temos a inclusão massiva da nuvem e de sistemas inteligentes – literalmente, já que imitam o cérebro na maneira de reconhecer padrões para, eventualmente, aprender a resolver sozinhos os problemas que surgirem.

No hardware, a nova fase está entre nós de uma forma um pouco mais clara. Ela reside essencialmente na máxima de que qualquer um pode criar seu próprio hardware de forma barata e simples, sem sair de casa. Para isso, as impressoras 3D estão com preços relativamente baratos (e ficarão ainda mais), assim como Raspberry Pi e Arduino, que permitem montar praticamente qualquer coisa. Some tudo isso à cultura do open source e temos um ambiente pronto para receber novos talentos e ideias. Para expandir, há o crowdfunding, que já deixou de ser coisa de hipster há um bom tempo.

Unindo a nova era do software com a nova era do hardware, surge uma nova área: a de ambient computing, ou seja, a computação totalmente integrada ao nosso ambiente, a nosso serviço, resolvendo nossos problemas, às vezes até antes que possamos tê-los.

Alguns exemplos: o Tile, um gadget que se comunica via Bluetooth com o smartphone para encontrar objetos perdidos. Com a adesão massiva (que só pode ser obtida com o baixo custo da peça, ou seja, produção em massa, financiada via crowdfunding), pode se formar uma espécie de rede que ajuda, por exemplo, no caso de rubos; quando alguém que utilize o app passa perto de uma peça, ela usa o smartphone dessa pessoa como uma espécie de pivô para enviar sua localização ao dono. Outro é o Botanicalls, que consiste em um “novo canal de comunicação entre plantas e humanos”. Uma placa é colocada junto à planta para avaliar como estão seus “sinais vitais”; ao precisar ser regada, por exemplo, a planta envia um tuíte ou liga para o dono avisando.

Quando comentei aqui no Tecnocenter sobre a palestra, foi reacesa a discussão sobre o futuro da tecnologia. E, com os tópicos abordados nela, surgiu um novo questionamento: até onde é bom que a tecnologia nos ajude?

Quer dizer, o cérebro precisa ser estimulado para se desenvolver ou pelo menos não “atrofiar”. E já confiamos tarefas demais para nossos dispositivos móveis e para a nuvem. Algo que aconteceu comigo essa semana e serve de exemplo: esqueci do aniversário do meu pai porque, primeiro, ele não está no Facebook; segundo, eu nunca sei que dia é hoje, já que consigo essa informação apenas olhando para o cantinho da tela, então não me importo em memorizar.

Talvez a tal dominação das máquinas do começo do texto não tenha tanto a ver com os filmes de ficção científica, mas mais com um tipo de dependência voluntária que desenvolvemos da computação. E que, segundo as previsões de Barra, só irão aumentar. Será que isso é bom?

Estamos pensando em fazer um TB Cast debatendo esse tema e falando do que nós mesmos esperamos do futuro. Deixe sua opinião aqui nos comentários para nos ajudar a montar a pauta e, quem sabe, ter seu comentário lido no podcast. 🙂

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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