Nokia Lumia 925, o Windows Phone de alumínio

Lumia 925 chegou ao Brasil em outubro custando R$ 1.799.
Câmera PureView de 8,7 MP promete tirar boas fotos com pouca iluminação.

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
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Junto com o Lumia 1020, a Nokia trouxe ao Brasil o Lumia 925, um Windows Phone topo de linha com corpo de alumínio. Lançado no país no final de outubro por R$ 1.799, ele não tem um sensor de imagem tão impressionante quando o do irmão mais caro, mas possui câmera PureView de 8,7 megapixels com lentes Carl Zeiss que promete tirar fotos incríveis em ambientes com pouca iluminação.

Como a câmera se comporta durante a noite? Como as fotos se comparam com as do Lumia 1020, que custa 600 reais mais caro? A duração da bateria é boa? E a relação custo-benefício? Usei o Lumia 925 como meu smartphone principal por quase duas semanas e nos próximos parágrafos você confere minhas impressões.

Design e pegada

O Lumia 925 resolve os dois problemas de design do Lumia 920: peso e espessura. Com 139 gramas e 8,5 mm de espessura, ele não é o aparelho mais leve e fino do mundo, mas ficou bem melhor em relação ao antecessor, que era facilmente sentido no bolso da calça e, pelo menos para mim, era espesso a ponto de prejudicar a pegada e dificultar a digitação com apenas uma mão.

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As bordas do Lumia 925 são de alumínio, enquanto a traseira é revestida com uma fina camada de policarbonato. Apesar de ter dividido opiniões, o design do aparelho me agradou bastante. A rigidez e o leve brilho das laterais, combinado com a sobriedade da traseira, deixaram o smartphone elegante, com aquela sensação de robustez típica dos dispositivos da Nokia.

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Na parte frontal, nada muito diferente em relação aos outros Lumias: temos uma tela AMOLED de 4,5 polegadas, os três botões padrões do Windows Phone (voltar, início e pesquisar), o alto-falante e uma câmera para chamadas em vídeo. Há um discreto orifício para o microfone na parte inferior do vidro que cobre a tela.

A lateral direita abriga o botão liga/desliga, o controle de volume e um botão dedicado para a câmera, que tem a capacidade de desbloquear o aparelho e possui duas fases (pressione levemente para focar e aperte até o fim para tirar a foto). O topo do Lumia 925 possui um segundo microfone para redução de ruído, o conector para fones de ouvido de 3,5 mm, a porta Micro USB e uma bandeja para o Micro-SIM. Não há entrada para microSD.

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A traseira contém o alto-falante, três contatos para a capinha de carregamento sem fio, a lente Carl Zeiss e um LED duplo. Há dois pequenos pézinhos que fazem bem o trabalho de evitar que o som fique abafado quando o Lumia 925 está sobre a mesa. O calombo na região da câmera está presente, mas é bem mais suave que no Lumia 1020 e de maneira alguma prejudica a pegada.

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Quem gostava das cores diferentes dos outros Lumias pode ficar um pouco desapontado com o Lumia 925. No Brasil, a Nokia trouxe apenas as cores branco e preto. Em outros países, ele também está disponível na cor grafite. Nada de azul, vermelho ou amarelo como no Lumia 920, o que faz sentido quando consideramos as bordas de alumínio; o resultado final provavelmente não seria muito agradável.

Tela

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A tela do Lumia 925 é idêntica a do Lumia 1020, tanto no tamanho de 4,5 polegadas quanto na resolução de 1280×720 pixels e no painel AMOLED com Super Sensitive Touch e proteção Gorilla Glass 2. Se você não leu o review do Windows Phone com câmera de 41 megapixels, vamos relembrar:

Em vez de colocar uma tela IPS LCD como fez nos outros Lumias, a Nokia optou pelo AMOLED. A escolha foi certeira: o preto real combinou perfeitamente com o minimalismo do sistema operacional, a não ser que você seja um daqueles que prefere o Windows Phone com fundo branco. A profundidade do preto do AMOLED também fez com que a tela ficasse em harmonia com o painel que cobre a câmera frontal e os botões capacitivos: tudo parece uma coisa só.

Com 4,5 polegadas, resolução de 1280×768 pixels e densidade de 332 pixels por polegada, a tela do Lumia 925 não é a mais definida do mundo, mas é suficiente para tornar muito difícil a visualização de pixels individuais. A leitura de textos é bastante tranquila, mesmo que a fonte esteja pequena. A visualização sob a luz do sol é boa, embora não tanto quanto a do Nokia 808 PureView.

Uma característica que a Nokia destaca no Lumia 925 é o Super Sensitive Touch, que permite o uso do touchscreen mesmo vestindo luvas. Não é um recurso imprescindível em um país tropical, mas está lá para quando o frio do Sul atacar. Pessoalmente, tive um problema com essa função: fios de fones de ouvido e cabos USB deixados acidentalmente em cima da tela eram detectados como toque, o que às vezes fazia com que o aparelho não entrasse em modo de espera, drenando a bateria. Por isso, preferi diminuir a sensibilidade.

Para quem gosta das cores mais fortes dos painéis AMOLED, elas estão na tela do Lumia 925 também. Entretanto, se você prefere as tonalidades mais neutras do LCD, é possível ajustar a saturação e a temperatura da cor nas configurações do sistema.

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Então, temos aqui uma tela muito boa, que não decepcionará os compradores. O Lumia 920 tinha uma tela IPS LCD bem decente, mas as cores mais vivas e o preto real do Lumia 925 certamente impressionam mais.

Software

Assim como o Lumia 1020, o Lumia 925 vem com o Update 2 do Windows Phone (8.0.10328.78) e possui as novidades da atualização Nokia Lumia Amber. Houve algumas alterações entre o período em que publiquei o review do Lumia 1020 e o momento em que escrevo este parágrafo, mas vamos começar pelos pontos em comum:

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O primeiro detalhe a ser notado é o Nokia Glance Screen, que exibe um relógio quando o smartphone estiver em modo de espera. Por padrão, o horário é exibido durante 15 minutos e depois desaparece para economizar bateria. No entanto, você pode configurá-lo para que o relógio seja exibido sempre, nunca ou quando passar a mão sobre o aparelho. Não consegui medir o impacto na bateria, mas o gasto em uma tela AMOLED não deve ser relevante.

Além do relógio exibido com o telefone em modo de espera, algo que lembra muito o Symbian, há o útil recurso de tocar duas vezes na tela para acordar o aparelho, que serve como uma alternativa ao botão físico liga/desliga. O gesto de virar o smartphone sobre a mesa, para silenciar o alarme ou uma ligação, também está disponível.

Entre os aplicativos pré-instalados, temos o Here Maps, com a útil função de download de mapas para acesso offline, e o Photobeamer, para exibir fotos armazenadas no aparelho em outra tela. Também há softwares para tirar melhor proveito da câmera, que citei acima, e aplicativos de terceiros de utilidade duvidosa, incluindo Angry Birds Roost, Buscapé e World of Red Bull.

No final de novembro, a Nokia lançou o MixRadio, um aplicativo de streaming de músicas gratuito que substituiu o antigo Nokia Música. Com base nos artistas que você gosta e nas músicas que curte durante a execução, o MixRadio cria uma estação de rádio personalizada, que tenta tocar apenas o que interessa. O funcionamento lembra bastante o Pandora, mas o MixRadio está disponível também para os usuários brasileiros, o que é um belo ponto positivo.

Também no mês de novembro, o Windows Phone ganhou três reforços muito importantes: Instagram, Vine e Waze finalmente lançaram aplicativos para o sistema. É verdade que já existiam alternativas na Windows Phone Store, mas o surgimento de opções oficiais certamente fortalece a plataforma, além de incentivar outros desenvolvedores a seguirem o mesmo caminho.

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Câmera

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Como esperado, a câmera PureView de 8,7 megapixels do Lumia 925 é inferior a do Lumia 1020, mas ainda assim é acima da média. Em fotos com bastante iluminação natural, ela não se destaca tanto, nem em nível de ruídos, nem em nível de detalhes, uma vez que todos os outros smartphones topo de linha conseguem fazer um ótimo trabalho. Já em fotos noturnas, o Lumia 925 se sobressai, principalmente devido ao software.

O Nokia Camera, aplicativo que combina as funcionalidades do Nokia Smart Cam e do Nokia Pro Camera, permite ajustar configurações mais avançadas, como o foco, o ISO e a velocidade do obturador (a abertura é constante em f/2,0). E isso abre possibilidades bem interessantes para quem entende um pouco de teoria de fotografia.

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No modo automático, as câmeras tendem a equilibrar a intensidade da luz, evitando áreas muito escuras ou muito claras na mesma foto. Além disso, o ISO e a velocidade do obturador são mais elevados, para diminuir a possibilidade de gerar uma foto tremida em condições de baixa iluminação. O problema é que nem sempre a câmera sabe exatamente o que você quer.

Em uma das ocasiões, tirei uma foto do pôr do sol em São Paulo. Diminuí o ISO e aumentei a velocidade do obturador, para deixar as ruas e prédios mais escuros e destacar as cores do céu. A foto abaixo, sem nenhuma edição, foi tirada com ISO 100 e exposição de 1/60 segundo.

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A mesma cena no modo automático, com ISO 160 e mesma exposição, ficou assim:

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Em outra oportunidade, fotografei a cidade durante a noite. Para deixar a foto intencionalmente mais clara e com pouco ruído, diminuí o ISO para 100 e reduzi a velocidade do obturador para 1 segundo. Depois de várias tentativas e muito suco de maracujá para não tremer o smartphone (o estabilizador ótico de imagem deu uma força), este foi o resultado:

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No modo automático, perceba que a velocidade do obturador foi maior (a movimentação dos carros não gerou aquele efeito legal de rastro de luz) e o ISO foi elevado (a presença de ruídos é um pouco mais frequente):

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A foto acima está com exposição de 1/13 segundo e ISO 800.

Abaixo você confere as fotos tiradas pelo Lumia 925 em diversas condições. Elas não foram editadas ou retocadas posteriormente e os dados EXIF da câmera estão preservados. Abra as imagens em nova aba para visualizá-las em resolução total.

Eu só senti falta do flash de xenon, que está disponível no Lumia 928, um Windows Phone exclusivo da operadora Verizon. O flash LED duplo do Lumia 925 consegue fazer um trabalho razoável, mas ainda não substitui um flash de xenon, especialmente em cenas com pouca iluminação e objetos em movimento. Talvez, como a Nokia se preocupou em deixar o Lumia 925 bem fino, não houve espaço suficiente para colocar um flash melhor.

Hardware e conectividade

Nos componentes de hardware, o Lumia 925 é quase idêntico ao Lumia 1020. O chip é um Snapdragon S4 Plus, que possui processador dual-core de 1,5 GHz e GPU Adreno 225. A diferença em relação ao irmão mais caro fica por conta da RAM, que caiu pela metade: são 1 GB, contra 2 GB no Lumia 1020.

Por conta da otimização do Windows Phone, o desempenho é muito bom: as diversas animações do sistema rodam suave como manteiga e há RAM suficiente para não nos depararmos constantemente com a tela “Retomando…” ao alternar entre aplicativos. A GPU está longe de ser tão poderosa quanto a que temos nos Androids topo de linha, mas rodou vídeos em 1080p sem dificuldades e não engasgou ao rodar jogos.

A decepção fica por conta do armazenamento interno de 16 GB, sem expansão, que provavelmente atenderá a maioria dos usuários, mas certamente será um limitador para alguns. O problema é que a Nokia fez um estranho downgrade em relação ao Lumia 920, que vinha com 32 GB de memória e hoje custa menos que o Lumia 925. Não há nem sequer uma opção com mais espaço (na verdade existe, mas é exclusiva da operadora Vodafone).

Como ambos usam o mesmo SoC, os resultados dos benchmarks do Lumia 925, usando o Internet Explorer, são praticamente idênticos aos do Lumia 1020. Com exceção do Sunspider, os dois foram bastante inferiores aos smartphones topo de linha com Android e iOS, que usam Chrome e Safari.

Bateria

Bateria do Lumia 925: dura bem, mas não exija muito
Bateria do Lumia 925: dura bem, mas não exija muito

O Lumia 925 tem uma bateria de 2.000 mAh, que dura bem. Aqui, vale citar um ponto relevante: durante os dois primeiros dias de teste, eu simplesmente não consegui chegar em casa com carga sobrando, bem diferente da experiência que tive com o Lumia 1020, que suportava um dia inteiro de uso com um pé nas costas.

Entrei em contato com a assessoria de imprensa da Nokia, que mobilizou uma equipe para analisar o caso, mas nenhum problema foi encontrado. Suspeitando de algo no software, decidi restaurar o Windows Phone para as configurações de fábrica. Bingo! A bateria passou a aguentar o tranco, então provavelmente algum aplicativo rodando em segundo plano estava consumindo energia indevidamente. Infelizmente, eu não consegui descobrir quem era o culpado.

Mesmo após resolver o problema, a bateria não durou tanto quanto a do Lumia 1020, que costumava chegar com cerca de 50% de carga no fim do dia. No Lumia 925, eu sempre fiquei com algo entre 20% e 35%, navegando na internet por uma hora, ouvindo músicas no MixRadio por uma hora e deixando as notificações ligadas o dia inteiro. Ficou claro que o streaming de músicas por 4G no MixRadio foi um dos fatores no gasto adicional de bateria.

O aparelho obteve bom desempenho nos nossos testes de bateria, que envolvem execução de arquivos multimídia, navegação na web, ligação telefônica e jogos. A tabela completa e uma descrição detalhada da metodologia do teste podem ser conferidos neste link. Como o player do Windows Phone não suporta vídeos em *.mkv, trocamos por um filme em *.mp4 de mesma resolução.

Com uso intenso, o gasto de bateria foi de 60%, ou seja, em três horas, o nível de bateria caiu de 100% para 40%. Com uso moderado, o uso foi de apenas 27%. São números levemente inferiores aos do Lumia 1020, que gastou 56% e 22% em uso intenso e moderado, respectivamente.

Pontos negativos

  • Faltou o flash de xenon.
  • Única opção com 16 GB de memória.

Pontos positivos

  • Boa construção, com alumínio e policarbonato.
  • Câmera acima da média, especialmente em fotos noturnas.
  • Ótimo desempenho e fluidez.
  • Tela com boa definição e contraste.

Conclusão

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O Lumia 925 é um Windows Phone interessante para quem deseja uma boa câmera. Para mim, ele tem um custo-benefício maior que o do Lumia 1020: oferece o mesmo desempenho, a mesma qualidade de tela, o mesmo software e uma ótima qualidade de construção, mas custa 600 reais a menos. A baixa fica por conta da redução do armazenamento interno e a câmera, que não tira fotos com altíssimo nível de detalhes, mas ainda assim está acima da média.

Os controles manuais no Nokia Camera são um ponto relevante para quem gosta de brincar um pouco mais na hora de tirar uma foto, em vez de apenas deixar a câmera decidir todas as configurações automaticamente. No entanto, algumas funcionalidades mais avançadas, como a captura de fotos em RAW, infelizmente, deverão ficar restritas aos aparelhos mais caros, como o Lumia 1020 e Lumia 1520.

Para quem não se incomoda com o peso e a espessura do Lumia 920, que hoje custa menos de 1.000 reais, não há muitos motivos para comprar ou fazer um upgrade para o Lumia 925: o desempenho é praticamente o mesmo e a câmera ainda é referência entre os smartphones. Sem contar que você terá o dobro do armazenamento interno, o que pode fazer a diferença para quem carrega muitas músicas, podcasts e vídeos no aparelho.

Se você precisa de uma boa câmera num aparelho topo de linha (e não quer um tijolo no bolso), o Lumia 925 provavelmente é a melhor relação custo-benefício que você irá encontrar no mercado brasileiro.

Especificações

  • Bateria: 2.000 mAh.
  • Câmera: 8,7 megapixels (traseira) e 1,3 megapixels (frontal).
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, NFC, Bluetooth 3.0 e USB 2.0.
  • Dimensões: 129 x 70,6 x 8,5 mm.
  • GPU: Adreno 225.
  • Memória externa: sem entrada para cartão de memória.
  • Memória interna: 16 GB.
  • Memória RAM: 1 GB.
  • Peso: 139 gramas.
  • Plataforma: Windows Phone 8.
  • Processador: dual-core Snapdragon S4 Plus de 1,5 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, bússola, giroscópio e proximidade.
  • Tela: AMOLED de 4,5 polegadas com resolução de 1280×768 pixels e proteção Gorilla Glass 2.

Especificações da câmera

  • Tamanho do sensor: 1/3 polegada.
  • Resolução da foto: 7,1 MP (3552×2000 pixels) em proporção 16:9 ou 8 MP (3264×2448 pixels) em proporção 4:3.
  • Distância focal: 26 mm (equivalência a 35 mm).
  • Abertura: f/2,0.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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