YouTubers em risco: reivindicações de direitos autorais estão tirando canais de games (e outros) do ar

Renata Persicheto
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• Atualizado há 1 semana

Com o acesso fácil às tecnologias de filmagem, recentemente a internet foi atingida por um verdadeiro tsunami de canais de gameplay no YouTube. Mas, como tudo que ganha muita visibilidade em pouco tempo, os tais canais já começam a enxergar um horizonte: desde a última terça-feira, 10, vários deles começaram a receber flags, aqueles alertas para uma possível violação de direitos autorais – e o problema vem sendo global, incluindo os canais brasileiros. Por quê? Bem, imagine você que, ao demonstrar um jogo em seu vídeo, o proprietário não está exatamente produzindo um conteúdo original.

Apesar de o site não ter se pronunciado sobre a chuva de alertas, muitos canais vêm relatando o problema, alguns sendo inclusive sido retirados do ar. A grande problemática da divulgação não-oficial do conteúdo alheio no YouTube está na violação dos direitos autorais dos arquivos, pertencentes aos estúdios e às produtoras de áudio – especialmente a essas últimas, no caso. Tanto que não são só os canais de games que estão sendo flagueados, mas todos que utilizem alguma música protegida por copyright, seja ela original ou cover. E, se tem uma coisa que o YouTube tem, é cover de música.

O próprio YouTube permite que os donos desses direitos façam um reconhecimento de todo e qualquer vídeo que use seus conteúdos por direito e enviem o alerta a quem os reproduz. A partir de uma ferramenta lançada há pouco pelo próprio site, o Content ID, é possível acompanhar a popularidade dos vídeos, bloquear a veiculação deles ou mesmo ter acesso (e direito) a toda a receita gerada pelos vídeos.

Graças a isso, usuários do Machinima, uma das maiores forças dentre as empresas que gerenciam YouTubers, que geralmente recebem pagamentos por patrocínio ou publicidade veiculada em seus vídeos, por exemplo, podem estar com seus dias contados.

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Para recorrer ao dinheiro que, pela lei dos Direitos Autorais, lhes pertence, as produtoras não precisam sequer de advogados. O Content ID exerce todo o papel legal. Entretanto, nem sempre os avisos são gerados pelas produtoras que possuem seus direitos: o flag indeliberado está causando uma falha no ecossistema dos vídeos na internet.

Alguns donos de canais que já fazem uma pequena fortuna com seus vídeos e tem certo nível de parceria com as publicadoras de jogos, relataram no fórum NeoGAF que têm recebido avisos de violação de direitos. Outros já vêm perdendo um certo percentual de seus ganhos. Cerca de 50% dos alertas, no entanto, não estão sendo enviados pelos estúdios dos games.

Felizmente, outras produtoras vêm se compadecendo da situação dos donos de canal e já declararam estarem jogando do mesmo lado dos YouTubers. Até o final da quarta-feira, Blizzard, Deep Silver, Ubisoft e Capcom liberaram comunicados orientando os que vêm sendo afetados pela nova conduta do site em como se portar diante de um alerta.

A produtora de Diablo postou em seu próprio Twitter um aviso para que os YouTubers flagueados contestem o alerta, para ajudar a produtora a localizar e liberar seus canais. “Nós estamos trabalhando em uma solução a longo prazo, mas esse é o jeito mais rápido de resolver esses problemas imediatamente”, disse a Blizzard. Capcom, Deep Silver e Ubisoft também pedem que os usuários avisem caso sejam flagueados. “Estes avisos podem ser ilegítimos, não enviados por nós. Nós estamos investigando”, disse a Capcom.

Já a Ubisot foi um tanto mais taxativa: “Se aconteceu de você ser atingido por algum conteúdo da Ubisoft seu, pode ser que algum áudio esteja sendo automaticamente pareado com nosso catálogo musical – o que pode aparecer como sendo reivindicado por nosso distribuidor ‘Idol’. Neste caso, por favor, siga os passos para que possamos ‘limpá-lo’ para você:

1 . Deixe o vídeo online por enquanto.

2. Nos envie a URL do vídeo afetado e nos deixe dizer quem enviou o alerta por ele.

3. Nós o deixaremos livres de alertas no mesmo dia.”

Apesar de contarem com a parceria de algumas das empresas responsáveis pelos jogos utilizados em seus canais, os YouTubers, apesar de se auto-proclamarem propaganda gratuita dos estúdios (partindo do ponto de vista de que não cobram pela divulgação do produto e ignorando o fato de alguns faturarem uma grana alta com os mesmos), nem sempre são vistos com bons olhos pela indústria. Ainda tem bastante pano pra ser costurado nessa manga.

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Renata Persicheto

Renata Persicheto

Ex-redatora

Renata Persicheto é formada em marketing pela Anhembi Morumbi e trabalhou no Tecnoblog como redatora entre 2013 e 2015. Durante sua passagem, escreveu sobre jogos, inovação e tecnologia. Já fez parte da redação do portal Arena IG e também tem experiência como analista de inteligência de dados.

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