Delator da espionagem envia carta ao povo brasileiro

Planalto não vai comentar asilo a Snowden

Thássius Veloso
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• Atualizado há 1 semana

Edward Snowden ataca novamente. O ex-funcionário terceirizado da NSA enviou uma carta ao povo brasileiro nesta terça-feira (17), na qual afirma que gostaria de ajudar mais nos pedidos de colaboração, mas que isso não é possível devido a sua delicada situação internacional. Ele continua residindo na Rússia com uma autorização temporária para viver no país. Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos continua colocando pressão para que Snowden seja deportado – ele é visto como um traidor pela Comunidade de Inteligência.

A situação de Snowden causou mal estar na mídia. Primeiro, o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem dizendo que o consultor pediria asilo ao governo da presidente Dilma Rousseff para viver permanentemente no país. Essa não seria a primeira vez que o delator da NSA demonstra apreço pelo Brasil.

Snowden: responsável por jogar toda a bosta no ventilador
Snowden: responsável por jogar toda a bosta no ventilador

O problema é que o jornalista Glenn Greenwald, aquele que escreveu as primeiras histórias com dados fornecidos por Edward Snowden, rapidamente veio a público para criticar a cobertura do jornal paulistano. Segundo Greenwald, a Folha deveria aprender a ler a carta antes de publicar besteira.

Are media outlets incapable of reading a short letter before they copy false headlines about it? It’s not that hard https://t.co/Ea8ctu41hu

— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 17 dezembro 2013

1) Snowden doesn’t request asylum; 2) Braz Govt; we’re not considering it because no formal request; 3) US MEDIA: Brazil rejects asylum!!!

— Glenn Greenwald (@ggreenwald) 17 dezembro 2013

Mais tarde, o mesmo Greenwald deu uma entrevista ao jornal O Globo – com o qual colabora com certa frequência – na qual afirma que não há nenhum pedido de asilo em andamento. Ao escrever a carta, segundo conta o jornalista, a intenção de Snowden era tão somente dar uma resposta a membros do governo que pedem a colaboração dele em investigações, mas o delator não pode ajudar porque vive uma situação complicada. Claro que se o asilo fosse concedido pelo Brasil tudo seria mais fácil.

Polêmicas à parte, a carta é real e desnuda novos detalhes sobre a espionagem praticada pelos Estados Unidos. Snowden revela que os celulares não estão a salvo e as informações colhidas pelas agências ficam retidas em servidores para um possível uso no futuro, caso seja necessário. Leia um pequeno trecho da carta publicada pela Folha, com tradução de Clara Allain:

“Hoje, se você carrega um celular em São Paulo, a NSA pode rastrear onde você se encontra, e o faz: ela faz isso 5 bilhões de vezes por dia com pessoas no mundo inteiro.

Quando uma pessoa em Florianópolis visita um site na internet, a NSA mantém um registro de quando isso aconteceu e do que você fez naquele site. Se uma mãe em Porto Alegre telefona a seu filho para lhe desejar sorte no vestibular, a NSA pode guardar o registro da ligação por cinco anos ou mais tempo.

A agência chega a guardar registros de quem tem um caso extraconjugal ou visita sites de pornografia, para o caso de precisarem sujar a reputação de seus alvos.”

O Palácio do Planalto disse que não vai se pronunciar sobre o assunto porque não existe um pedido formal de asilo político assinado por Edward Snowden. Ainda, acrescento eu.

Edward Snowden e a possível espionagem americana contra a Petrobras, a presidente Dilma Rousseff e o povo do Brasil foi um dos principais assuntos da nossa retrospectiva.

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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