Dorian Satoshi Nakamoto contrata advogado e nega ser criador do Bitcoin em carta

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana

reportagem da Newsweek sobre o suposto criador do Bitcoin tomou proporções maiores. Em carta oficial, Dorian Prentice Satoshi Nakamoto, um imigrante japonês de 64 anos que mora na Califórnia e foi apontado pela revista como o homem por trás da invenção da moeda virtual, negou todas as acusações, agradeceu o apoio de todos e afirmou ter contratado um advogado para solucionar o caso.

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Na carta, Nakamoto repete parte da entrevista que deu para a Associated Press. Ele nega mais uma vez que não inventou nem trabalhou com Bitcoin e que ouviu o termo pela primeira vez em meados de fevereiro deste ano. A falsa reportagem da Newsweek, nas palavras de Nakamoto, teria prejudicado suas perspectivas de encontrar emprego.

A declaração oficial de Nakamoto foi publicada inicialmente por Felix Salmon, da agência de notícias Reutersno Twitter. Abaixo você confere nossa tradução livre:

Meu nome é Dorian Satoshi Nakamoto. Eu sou a pessoa citada na reportagem da Newsweek sobre Bitcoin. Estou escrevendo esta declaração para limpar meu nome.

Não criei, inventei nem trabalhei com Bitcoin. Eu nego incondicionalmente o relato da Newsweek.

A primeira vez que ouvi o termo “bitcoin” foi através do meu filho em meados de fevereiro de 2014. Após ser contatado por uma repórter, meu filho me chamou e usou a palavra, que eu nunca havia ouvido anteriormente. Logo depois, a repórter me encontrou em minha casa. Chamei a polícia. Nunca concordei em falar com a repórter. Em uma conversa que se seguiu com um repórter da Associated Press, chamei a tecnologia de “bitcom”. Eu ainda não estava familiarizado com o termo.

Minha formação é em engenharia. Eu também sei programar. Meu trabalho mais recente foi como engenheiro eletricista solucionando problemas de equipamentos de controle aéreo de tráfego para a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês). Não tenho conhecimento nem trabalhei com criptografia, sistemas peer-to-peer ou moedas alternativas.

Não consegui encontrar emprego estável como engenheiro ou programador por dez anos. Eu tenho trabalhado como operário, pesquisador e professor substituto. Cancelei meu serviço de internet em 2013 devido a graves dificuldades financeiras. Estou tentando me recuperar da minha cirurgia na próstata feita em outubro de 2012 e de um acidente vascular cerebral que sofri em outubro de 2013. Minhas perspectivas de trabalho remunerado foram prejudicadas devido ao artigo da Newsweek.

A falsa matéria da Newsweek tem sido a fonte de uma grande confusão e estresse para mim, minha mãe de 93 anos, meus irmãos e suas famílias. Ofereço meus sinceros agradecimentos às pessoas nos Estados Unidos e ao redor do mundo que me ofereceram ajuda. Eu contratei um advogado. Esta será nossa última declaração pública sobre este assunto. Agora, solicito que respeitem nossa privacidade.

A carta é um indicativo de que teremos mais informações sobre o caso em breve, como um processo contra a Newsweek e uma possível retratação da revista, que ainda mantém a história, afirmando que a reportagem foi realizada “sob os mesmos rigorosos padrões editoriais e éticos que nortearam a Newsweek por mais de 80 anos”. Não deixe de acompanhar os próximos capítulos.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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