Artista quer criar Árvore do Conhecimento – literalmente – usando maçãs e Wikipedia

Giovana Penatti
Por
• Atualizado há 3 semanas

Um artista americano tem um projeto bem peculiar: Joe Davis, que tem 63 anos, pretende criar uma Árvore do Conhecimento inserindo pedaços da Wikipedia no DNA de maçãs.

O projeto ganhou nome científico: Malus ecclesia  – Malus quer dizer “macieira”, “bem” e “mal” em latim (sim, tudo isso) e é o nome de gênero da maçã; Ecclesia é “igreja”, em homenagem a George Church, criador do laboratório de genética da escola de Medicina de Harvard, onde o trabalho está sendo feito.

Davis quer utilizar o tipo mais próximo possível da maçã do Jardim do Éden, ou seja, a mais antiga que conseguiu encontrar, de cerca de 400 anos. Existe um motivo: a  Árvore do Conhecimento “original”, de nome completo  Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, foi a que deu o fruto proibido que Eva comeu quando cometeu o pecado original, de acordo com o Cristianismo.

Esse trecho bíblico foi pintado por Michelangelo no teto da Capela Sistina (Tecnoblog também é cultura)
Esse trecho bíblico foi pintado por Michelangelo no teto da Capela Sistina (Tecnoblog também é cultura)

Crenças à parte, apesar de utilizar conhecimento e técnicas científicas, o Malus ecclesia será mais uma instalação artística que qualquer coisa.

Davis já sabe o método para fazer sua árvore do conhecimento. Ele irá intercalar no código genético das maçãs as informações da Wikipedia, adaptadas para as quatro letras do DNA – A, C, T e G. Metaforicamente, seria como escrever com uma espécie de código nas entrelinhas, para que não haja alteração do material genético da maçã, de modo que o projeto seja biológica e ecologicamente viável. E haja entrelinhas: o DNA da maçã é equivalente a um livro de 750 milhões de caracteres.

Depois de ter o texto traduzido para o código criado, Davis irá inseri-lo no DNA das mudas da planta utilizando um tipo de bactéria criado especialmente para inserir seu próprio genoma em células desse tipo. Então, as pequenas árvores serão enxertadas em maiores para crescer normalmente, dando frutos que são idênticos a qualquer outra maçã, já que seu código genético “principal” não é alterado.

macieira
Para você que cresceu em apartamento, isso é uma macieira

O primeiro problema identificado por Davis é inserir os textos da Wikipedia em forma de código genético nas bactérias, já que elas não conseguem carregar mais que o equivalente a algumas milhares de palavras (a Wikipedia tem, na versão em inglês, 2,5 bilhões de palavras). No entanto, a intenção é criar um pequeno bosque de árvores de conhecimento, e, por serem enxertados, cada galho terá diferentes pedaços de artigos que, juntos, formam um todo.

As maçãs geradas pelas árvores do conhecimento também não poderão ser comidas: o Departamento de Agricultura dos EUA proíbe o consumo não-regulamentado de alimentos geneticamente modificados. O próprio artista não quis comentar se arriscaria dar uma mordida. E, em todo caso, não é como se você fosse comê-las e saber toda a Wikipedia após a digestão; infelizmente, ainda é preciso estudar da maneira tradicional para adquirir conhecimento.

Com informações: New Yorker

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

Relacionados