Samsung Gear Fit, um smartwatch bonito e versátil

Apesar do foco em fitness, o Gear Fit também é útil no dia-a-dia.

Giovana Penatti
Por
• Atualizado há 1 ano

Na MWC deste ano, a Samsung anunciou dois novos smartwatches: um é a segunda versão do Galaxy Gear, com mudanças feitas a partir do feedback dos usuários. O segundo, o Gear Fit, um relógio inteligente com foco em exercícios, mas ainda assim útil para quem não se exercita tanto graças à sua conexão com o smartphone.

Passei a última semana utilizando o Gear Fit e a seguir conto como foi a experiência.

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Acho interessante começar falando do meu estilo de vida no que diz respeito a exercícios físicos: faço aula de dança três vezes por semana e ando muito a pé. Infelizmente, o Gear Fit me deixou um pouco na mão nessa parte: os únicos exercícios que ele monitora são os “tradicionais” caminhada, corrida, marcha e ciclismo. Para quem é adepto de outras modalidades – e nem precisa ir muito longe: aulas de aeróbica na academia – tem que improvisar com um desses modos, sem a certeza de uma medição correta.

Como boa parte do exercício que faço é caminhando até o meu destino, acionava o modo caminhada antes de sair e também deixava o pedômetro ligado, já que ele funciona em background e também conta calorias gastas.

Outras funções “democráticas” do Gear Fit são a de medição da frequência cardíaca, que pode ser feita mesmo sem estar se exercitando (mas, em repouso, ele não conseguiu fazer isso), e a de monitoração do sono, na qual o smartwatch calcula quanto tempo você dormiu e o quanto se mexeu.

Menu do Gear Fit: para a esquerda, exercícios; para a direita, configurações e notificações
Menu do Gear Fit: para a esquerda, exercícios; para a direita, configurações e notificações

Para os atletas, o Gear Fit também ajuda com o treino, personalizando metas e objetivos a serem alcançados e avisando quando estiver indo muito devagar, por exemplo, como se fosse um treinador de pulso.

Para quem não é tão preocupado com esses tipos de medições, o Fit também tem seus atrativos. A conexão ao smartphone é feita via Bluetooth e, ao contrário do que você pode imaginar, não drena a bateria de nenhum dos dois rapidamente graças ao Bluetooth 4.0, que tem alta performance e baixo consumo de energia.

O Gear Fit está apto a mostrar notificações do celular (é possível escolher de quais apps) e ajudar no controle de mídia, avançando faixas, pausando e alterando o volume. Dá para recusar ligações diretamente dele e enviar mensagens de texto pré-programadas, mas não atender; uma pena, já que, com um fone de ouvido que tenha microfone, também não seria preciso pegar o smartphone para isso.

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Dá para recusar ligações com ou sem mensagem. Atender, não.

Achei o gadget particularmente útil para não ter que tirar o smartphone da bolsa na rua, algo que nem sempre é seguro, a não ser que fosse necessário mudar a playlist ou responder imediatamente a alguma mensagem.

Mas preciso assumir que o relógio, apesar do design discreto, chama atenção, provavelmente por ser muito bonito e diferente; com o visor desligado, parece uma pulseira elegante. Mais de uma pessoa me perguntou o que era “isso” no meu pulso enquanto eu usava.

Também confesso que achei o modelo bastante feminino, talvez pelo design fino e pelo detalhe cromado em volta do visor. Veja a comparação com um pulso masculino:

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A pulseira dele é emborrachada e fecha ao encaixar dois pinos nos buracos; fica bem presa, sem risco de cair. Dá para soltar ela do hardware, algo provavelmente pensado para limpeza da pulseira – afinal, é uma faixa de borracha que fica pegando o suor do seu braço enquanto você faz sua rotina de exercícios. Aproveitando o assunto, o Gear Fit tem certificado IP67 e é resistente a poeira e água – não arrisquei tomar banho com ele, mas lavar a louça foi bem tranquilo.

O Gear Fit também é extremamente leve e confortável de usar: pesa somente 27g.

Na peça que concentra o hardware, temos a tela curvada Super AMOLED de 1,84 polegadas e resolução de  432×128 pixels (que, diga-se de passagem, produz imagens excelentes), um botão que serve para apagar e ligar a tela na lateral e o sensor para medir batimentos cardíacos e onde encaixar o módulo que carrega a bateria na parte de trás.

A bateria do Gear Fit é carregada por um cabo microUSB, mas o smartwatch não tem essa entrada. Para resolver o problema sem ter que aumentar o tamanho do relógio, a Samsung tem uma solução criativa: um módulo separado que se conecta à parte traseira. Esse módulo, sim, tem a entrada microUSB na qual o carregador se conecta.

Achei a duração da bateria muito boa: com 210 mAh, consegui usá-lo durante dois dias sem recarregá-la. Programei a tela para desligar rapidamente e brilho médio (utilizá-lo ao ar livre com brilho baixo não é lá muito legal) e, com essas características, consegui os dois dias de bateria. Mas, apesar de ter achado a duração ótima, passou longe do prometido pela Samsung: a empresa fala em três a quatro dias com uma só carga.

Com a pecinha para carregar a bateria
O smartwatch com a pecinha para carregar a bateria

A bateria do smartphone também não sofreu com a conexão Bluetooth o dia todo. Utilizei o Gear Fit com meu Galaxy S4 e não notei uma redução dramática da bateria por causa disso; de fato, mal notei alguma redução. Vale lembrar que o Galaxy S4 também conta com Bluetooth 4.0; com outro aparelho, talvez o resultado seja diferente.

Falando nisso, o Gear Fit só funciona com aparelhos da linha Galaxy da Samsung. Uma pena que a empresa tenha optado por restringir o acesso a esse gadget. Até dá para fazê-lo funcionar com outros aparelhos, mas não é um processo “oficial”; teste por sua conta e risco.

No smartphone

O uso do Gear Fit depende de um aplicativo, disponível apenas na loja de apps da Samsung. É preciso acessá-la no seu smartphone e procurar pelo app Gear Fit Manager. Então, basta seguir o passo a passo para fazer a sincronização dos dispositivos (basicamente, ativar o Bluetooth e pareá-los) e pronto. Só é preciso fazer isso a primeira vez.

No app, é possível fazer personalizações mais profundas que apenas no gadget. Dá para escolher outros estilos de relógio, mais imagens de fundo (inclusive colocar fotos) e alterar a posição de cada coisa no menu do Gear Fit.

Ainda nesse aplicativo, dá para configurar as notificações e ficar de olho no histórico de registros de atividades físicas de uma maneira mais confortável visualmente que apenas no relógio (na verdade, fazer esse tipo de acompanhamento exige o download do app Fitness with Gear, que é integrado ao Gear Fit Manager).

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Enquanto o Gear Fit Manager é suficiente para mexer no smartwatch, fica a sensação de que seu potencial não é totalmente explorado devido à falta de apps; há bem poucos disponíveis. É que o Gear Fit utiliza um sistema operacional específico (ao contrário do Galaxy Gear 2, por exemplo, que usa Tizen), que ajuda a preservar a bateria, e é preciso desenvolver aplicativos para ele em parceria com a Samsung.

Não dá para ter tudo na vida.

Pontos positivos

  • Design
  • Útil tanto tanto na hora do exercício quanto no dia a dia
  • Muitas personalizações

Pontos negativos

  • Preço elevado
  • Só funciona com aparelhos da linha Galaxy
  • Poucos apps além do Gear Fit Manager

Conclusão

Estou desacostumada a usar relógio, não faço muitos exercícios físicos “tradicionais” e frequentemente alguém me manda ter cuidado com o smartphone na rua, de tanto que fico com ele na mão respondendo às notificações ou passeando pela playlist.

Ainda assim, a experiência de utilizar o Gear Fit foi muito agradável. O ponto alto para mim foi a segurança de poder manter o smartphone na bolsa e só responder às notificações quando necessário, mas a monitoração e o controle de exercícios é claramente o motivo desse gadget existir – já está no nome. Juntando as pontas, sua versatilidade é outro atrativo: ele atende muito bem demandas diferentes tanto na esteira da academia como no escritório.

Quanto à etiqueta de preço, concordemos que é elevada: são R$ 899 pelo brinquedo, um investimento muito alto. Mas se trata de um gadget de nicho, criado tendo em mente quem leva esportes a sério a ponto de monitorar as atividades sem perder de vista a conectividade com o smartphone.

Só que isso não é exclusividade dele, tampouco algo inovador: modelos concorrentes que já existem há algum tempo, como o MotoActv da Motorola, também mostram notificações do smartphone, ainda que só de SMS; considerar a exibição de notificações de outros aplicativos algo inovador a ponto de justificar o preço (ainda mais quando ele só funciona com aparelhos da mesma linha) seria um exagero, a meu ver.

Outros pontos até podem fazê-lo, no entanto: qualidade da tela, duração da bateria, tecnologia necessária para que ele seja tão leve. Uma adição que seria muitíssimo bem vinda (e, na minha opinião, ajudaria a justificar o valor) seria reconhecimento de voz, possibilitando também responder às notificações através dele.

Concluo que o Gear Fit é um gadget para o esportista que, além da funcionalidade, busca uma peça de luxo, que possa acompanhá-lo não apenas na hora do exercício, mas durante todo o dia, seja para deixar de ficar grudado ao smartphone, seja para simplesmente ver as horas.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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