Vale o start: Child of Light, um livro de conto de fadas que virou videogame

Giovana Penatti
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• Atualizado há 10 meses
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Já falamos de Child of Light aqui no Tecnoblog; eu havia jogado um pedaço dele a convite da Ubisoft em seus escritório em São Paulo. A experiência já tinha sido envolvente: com jeitinho de conto de fadas e arte feita em aquarela, a história da princesa Aurora no reino de Lemuria é inocente, mas encantadora.

Aurora é a filha do rei da Áustria e, um dia, acorda num reino bem diferente do seu: Lemuria. É uma terra cheia de animais encantados (e perigosos), da qual Aurora tenta escapar, já que seu sono eterno fez com que seu pai ficasse seriamente doente. Para isso, ela precisa derrotar a Rainha da Noite, que sequestrou o sol, as estrelas e a lua.

“Delicadeza” é uma boa palavra para se referir Child Of Light, desde a trilha sonora, composta pela canadense Couer de Pirate, passando pela parte gráfica, com cenários e personagens feitos em aquarela, e pela parte textual, já que os diálogos não são ditos, mas escritos, e em forma de poema.

Optei pelo áudio e pela legenda em inglês, pois já tinha visto a versão traduzida no preview e não tinha gostado. As falas são raras; há poucas partes em que uma narradora conta a história. De resto, é tudo escrito. Enquanto a escolha de palavras às vezes acaba por colocar termos pouco comuns, que dão um tom sofisticado – e até antigo, mais uma vez reforçando o aspecto de conto de fadas – , as rimas são muitas vezes forçadas, ainda mais no nosso idioma. Não se sinta culpado se, em certo ponto da história, for simplesmente apertando botões para pular as partes faladas e continuar o jogo logo.

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A mesma fórmula, de modo geral, é repetida ao longo de Child of Light: Aurora anda (ou voa; como as coisas ficam mais rápidas quando ela ganha asas!) por Lemuria, encontra alguns seres hostis, luta contra eles, ganha XP, melhora de nível, libera pontos de habilidades e tudo recomeça, até chegar a um chefão.

Uma preocupação que tive quando joguei o preview foi se essa repetição tornaria o jogo cansativo, e surpreendentemente, isso não ocorreu. As batalhas, todas por turnos, são bem variadas graças aos diferentes tipos de inimigos e aos diferentes aliados que vão se unindo a Aurora ao longo do jogo. Com diferentes habilidades – que podem ficar ainda mais variadas utilizando o sistema de crafting, com pedras que dão poderes de água, fogo, luz ou raio, cada um eficaz contra um tipo de inimigo – , é possível montar uma equipe diferente por vez, com estratégias específicas para cada luta.

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Os aliados, aliás, são uma baita mão na roda. Há batalhas que Aurora nem participa, de tão fortes que são os outros – ela não é a mais forte, mas tem poder contra inimigos da escuridão, tornando-se importante especialmente nas últimas batalhas.

Mas, para montar a melhor equipe, é preciso explorar todo o mapa com atenção e falar com todos os personagens que puder – o jogo não te avisa se você deixar alguém para trás. Os que mais utilizei foram o mago Finn, que tem poderes de todos os elementos, o ratinho Robert, que solta uma poderosa chuva de flechas, e Óengus, um guarda da rainha que decide seguir com Aurora e é muito forte. Rubella e Tristis, os irmãos do circo, também ajudam na hora de curar ou reviver os colegas, mas há poções para isso.

O primeiro aliado que Aurora encontra, no entanto, não participa tão ativamente das batalhas: é Igniculus, um vagalume que cura seu time e desacelera inimigos com sua luz – quem vai atacar é escolhido de acordo com seu progresso numa barra e Igniculus pode segurar um pouco os adversários ao cegá-los com sua luz. Essa mesma luz é a que devolve HP ao seu time, mas não é infinita: o vagalume pode se cansar e aí é preciso esperar que ele recarregue suas energias (perdão pelo trocadilho) para poder aproveitá-lo novamente.

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Ele acompanha a garota desde o início da jornada e é uma peça-chave para resolver puzzles e permitir que a garota siga em frente, além de poder usar seu poder para iluminar lugares escuros, alcançar tesouros que Aurora não consegue e permitir que ela passe por inimigos no mapa sem lutar com eles. Mas isso é algo não muito recomendável, já que são essas batalhas que dão XP para os personagens e os deixam fortes para os chefões.

Child Of Light não é um jogo muito comum, tampouco é a experiência que ele oferece. Jogos de fantasia não são tão parecidos com ele, nem os RPGs (apesar de ser claramente inspirado em JRPGs). Refletido na protagonista, ele é inocente, mas ainda assim tem seus momentos de obscuridade e determinação, que se tornam cada vez maiores conforme o tempo passa e Aurora amadurece. Assim, o jogo é mais do que a história de uma princesa que quer voltar para casa ou derrotar a bruxa má, com uma profundidade que não me lembro de ver nos contos de fadas da minha infância.

Talvez isso tudo não seja perceptível para crianças, é verdade, mas Child Of Light, ainda assim, deve agradar tanto elas quanto adultos. É um belo acerto de mão da Ubisoft, que parece estar interessada em investir nesse “formato” – jogos bonitos, tanto visualmente quanto na trilha sonora, jogabilidade, história e tudo o mais (Valiant Heart: The Great War, anunciado durante a E3 deste ano e lançado recentemente, parece ser outro que segue essa linha). É algo que tem aparecido mais vindo dos estúdios indies que de grandes publishers e, em meio a tantos AAA, é um bom respiro para o mercado.

Ficha técnica

  • Plataforma: PC, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Wii U
  • Lançamento mundial: 30 de abril de 2014
  • Preço sugerido: R$ 34,99 (Steam)
  • Desenvolvedor: Ubisoft Montreal
  • Distribuidor: Ubisoft

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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