Google vai descontinuar Google+ após expor dados de usuários

Rede social do Google tem “baixo uso e engajamento” e deve se transformar em um produto corporativo

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

O Google anunciou nesta segunda-feira (8) três novidades relacionadas à sua rede social: o Google+ ainda existe; o Google+ expôs dados de cerca de 500 mil usuários em uma falha de segurança não divulgada ao público anteriormente; e o Google+ para consumidores será descontinuado em 2019.

Segundo o Google, “embora nossas equipes de engenharia tenham dedicado muito esforço para desenvolver o Google+ ao longo dos anos, ele não atingiu uma ampla adoção por parte dos consumidores ou desenvolvedores”. A rede social tem baixo uso e engajamento, de acordo com a empresa, que afirma que mais de 90% das sessões no Google+ duram menos de cinco segundos.

Com isso, o Google+ para consumidores será descontinuado. O processo de encerramento vai durar 10 meses, até agosto de 2019, para que os usuários tenham tempo de baixar e migrar suas informações.

A empresa promete revelar, nos próximos dias, novidades para transformar o Google+ em uma espécie de rede social voltada para empresas. “Nossa análise mostrou que o Google+ é mais adequado como um produto corporativo, em que colegas de trabalho podem se engajar em discussões internas em uma rede social corporativa e segura”, diz o Google.

Google+ expôs dados de usuários; falha não havia sido divulgada publicamente

Mas a baixa adoção desde, ahn, sempre, não foi o único motivo pelo qual a empresa decidiu descontinuar o Google+: antes mesmo do anúncio por parte do Google, o Wall Street Journal informou que a empresa “expôs dados privados de centenas de milhares de usuários do Google+ e optou por não divulgá-la”, em parte devido ao “medo de que isso pudesse causar um problema regulatório e causasse danos à reputação”.

Em comunicado, o Google admitiu que a falha de segurança realmente aconteceu e foi corrigida em março de 2018. A empresa não confirma exatamente o número de usuários envolvidos, mas diz que até 500 mil contas foram “potencialmente afetadas”, expondo campos de perfis que não deveriam ser compartilhados publicamente, o que inclui “nome, e-mail, ocupação, gênero e idade”.

A empresa diz que não divulgou a vulnerabilidade publicamente porque não conseguiu identificar com precisão os usuários afetados; não encontrou evidências de uso indevido dos dados pelos 438 apps que tiveram acesso às informações; e não havia nenhuma ação que um usuário ou desenvolvedor pudesse tomar em resposta ao incidente.

Project Strobe: apps de terceiros terão acesso mais restrito a dados de usuários

Em resposta à falha, o Google anunciou o Project Strobe, que promete dar mais controle ao usuário sobre como seus dados são compartilhados com terceiros.

Atualmente, quando você faz login em um aplicativo ou serviço com sua conta do Google, é direcionado a uma única tela mostrando quais permissões serão concedidas, como gerenciar seu Google Calendar ou acessar seus arquivos do Google Drive. Sem revelar datas, o Google prometeu dividir essa tela em várias, como já acontece no Android. Dessa forma, isto:

Permissões do Google (hoje)

Vai virar isto:

Permissões do Google (no futuro)

Por fim, o Google vai restringir quais permissões podem ser solicitadas por um app. Apenas serviços diretamente relacionados com e-mail, como aplicativos de backup, clientes de e-mail e serviços de produtividade, por exemplo, poderão pedir permissão para ler seu Gmail.

No Android, as restrições entram em ação em breve na Play Store e se aplicam ao histórico de ligações e suas mensagens de texto. “Apenas um aplicativo que você selecionou como aplicativo padrão para fazer ligações ou enviar mensagens de texto poderá fazer essas solicitações”, de acordo com o Google. Haverá apenas algumas exceções, como ferramentas de backup.

Mais controles serão lançados “nos próximos meses”, segundo o Google.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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