Enquanto a Nokia revê sua estratégia para dispositivos móveis no mundo todo, a Motorola adota uma política de lançar em mercados emergentes o que é pertinente a mercados emergentes. Não por acaso, o Brasil é o primeiro país no qual a empresa vai oferecer o Motorola MotoTV (modelo EX245), novo aparelho com tecnologia para assistir à televisão digital (como o próprio nome sugere, oras!).

Ao recebê-lo para conduzir testes, a primeira impressão que tive foi de que certamente trata-se de um produto low-end, para aqueles consumidores que não necessitam de recursos muito robustos ou um aparelho com todas as novidades tecnológicas. Até mesmo a caixa do MotoTV mostrou-se muito pobrinha, o que confirma essa tese. Mas não adianta julgar um livro pela capa, então parti para os testes mesmo.

Começando pelo visor, touchscreen de 3,2 polegadas. Ainda bem que a Motorola inclui no pacote do MotoTV uma famigerada stylus, pois é justamente a canetinha que salva na hora de inserir algum texto no aparelho. A tela resistiva não é das melhores: por vezes é preciso tocar com força para rolar uma página, o que acaba resultando em uma função não prevista sendo executada em vez da rolagem propriamente dita.

A plataforma que o MotoTV roda é chamada pela fabricante de “sistema proprietário“. Nos testes, mostrou-se bastante parecida com esses sistemas comumente encontrados em HiPhones e similares. No meu principal, os ícones não apresentam nenhum refinamento gráfico, mas pelo menos cumprem o seu papel.

Televisão

Partindo para o fundamental, no caso a televisão, a impressão melhorou um pouco: o MotoTV leva alguns segundos para iniciar a reprodução de conteúdo televisivo, mas o faz com eficiência. É certo que o sinal captado pelo aparelho é derivado do 1-Seg, a tecnologia de compressão que faz o vídeo digital perder sua alta definição. Ou seja, o vídeo que chega ao MotoTV não é HDTV nem nada parecido, mas é assistível. Desconsiderando o fator conforto – e segurança, ao menos em São Paulo –, a televisão do MotoTV poderia muito bem ser vista em um ônibus ou mesmo dentro do carro.

Só é preciso ter atenção com relação ao lugar em que o vídeo será visualizado: por ser um aparelho compacto, a recepção de televisão do MotoTV pode deixar a desejar em apartamentos rodeados por muitas paredes, bem como áreas com grande quantidade de construções. Nos meus testes, o aparelho funcionou melhor próximo de janelas. Mesmo com a anteninha retrátil exposta, o que em teoria faria a recepção de sinal melhorar, não era em qualquer ponto que funcionava. Essa variável, no entanto, não depende somente do aparelho, mas também da emissora de televisão. A TV Globo funcionou perfeitamente, mas a TV Cultura quase nunca pôde ser assistida.

O aplicativo de televisão do MotoTV oferece uma lista com todos os canais disponíveis, o que pode ser uma mão na roda na hora de assistir à sua emissora preferida. Mas interessante mesmo é o guia de programação, também presente no aplicativo e que depende de informações transmitidas continuamente pela emissora em questão. Na TV Globo havia a lista com o programa que estava no ar e aqueles que o sucederiam. Ao pressionar o item, ainda pude checar o horário de término do programa e se ele é transmitido em HDTV (embora essa transmissão em alta definição não seja válida para dispositivos móveis).

A gravação de vídeo funciona conforme o prometido: a partir do próprio aplicativo de televisão, o dono do aparelho pode acionar a gravação, que é iniciada quase imediatamente. Quando isso acontece, não é mais possível colocar o vídeo em tela cheia até que a gravação seja encerrada.

Para assistir ao que foi gravado, é preciso ir em Multimídia e depois selecionar Reprodutor de Mídia. Sempre que o aplicativo de multimídia é aberto na seção de vídeos salvos, o sistema proprietário questiona se o usuário deseja atualizar os itens. Isso é importante para ter os vídeos recém-gravados disponíveis, mas pode demorar dependendo da quantidade de novos arquivos salvos.

O nome dos arquivos é difícil de entender, deixando o usuário à própria sorte na hora de dar play em um vídeo. MTV00220100825 ou MTV00720100913 são exemplos desses nomes, curiosamente todos iniciando com MTV (mesmo se tratando de vídeos gravados de outras emissoras, não apenas da MTV). Depois do play, no entanto, é só festa.

Mas não pense que o MotoTV é uma forma fácil de gravar e depois baixar o vídeo para o computador. Ao menos no meu teste, foi possível acessar a pasta com os arquivos de vídeo em .mp4, mas impossível de reproduzi-los no computador. O Windows Media Player, pelo menos, não conseguiu.

Resumo da ópera

Ao preço de R$ 599 (desbloqueado), o MotoTV é um aparelho que não promete muito, mas entrega bem essa promessa. Se você quer um celular para se entreter assistindo à televisão, é uma boa escolha. É importante saber se na sua cidade já tem emissoras transmitindo a TV digital, mas fora isso é ligar o MotoTV e assistir. O aparelho também serve para fazer chamadas, claro. 😛

Só não conte com ele se você está a procura de um aparelho mais robuto. Acesso à internet por Wi-Fi? Não tem. Banda larga via 3G? Menos ainda. Também não encontrei Bluetooth no aparelho. E a câmera é de apenas 3 megapixels, qualidade muito baixa para quem quer efetivamente fotografar alguma coisa. Veja com seus próprios olhos na galeria abaixo.

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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