Os fabricantes de gadgets já acordaram para o mundo dos tablets há bastante tempo. Perceberam o sucesso do iPad e quiseram tirar proveito do mercado antes que a Apple conseguisse ele todo para si. Alguns (senão todos) deles decidiram que se gastaria muito tempo e dinheiro em desenvolver um sistema operacional próprio e escolheram o Android como plataforma para tais aparelhos. A Samsung foi uma delas.

Rodando Android 2.2, o Samsung Galaxy Tab desembarcou no Brasil pouco antes do iPad. Mas será que esse meio tempo em que ele está disponível foi o bastante para conquistar o coração dos brasileiros? Ou ele é só um Galaxy S que caiu embaixo de um rolo compressor? E mais importante: como ele se sai contra o seu principal concorrente? Essa é apenas uma das perguntas que vou tentar responder nesse review.

Design e dimensões

Em se tratando de tablets, não há como fugir do design de barra (slate tablet). E esse é o formato do Galaxy Tab. Com os quatro cantos arredondados, o tablet é consideravelmente leve e pode ser segurado com apenas uma mão sem muitos problemas, já que tem apenas 380g. No vídeo abaixo eu mostro um pouco mais de como ele é feito e falo de algumas das funções que se destacam.


(YouTube)

Confira mais fotos de perto no nosso Em mãos com o Galaxy Tab.

Navegação e telefone

A tela de 7 polegadas do Galaxy Tab pode parecer boa o suficiente para a navegação, mas alguns toques demoram para ser reconhecidos quando a página está carregando. Ela também trava vez ou outra se muitos aplicativos estiverem abertos, mas nada que impeça o usuário de navegar. Vai irritar bastante, mas impedi-lo não.

Já na parte de ligações o tablet não decepciona. Ele pode ser usado tanto com os fones de ouvido com fio ou o fone bluetooth que vem na caixa, quanto com o microfone e alto-falantes embutidos no gadget. A qualidade de ambos foi satisfatória, embora os alto-falantes não sejam bons o bastante em uma área com muita gente falando.

Multimídia

O aplicativo de música, galeria de fotos e vídeo é o mesmo do Galaxy S, mas parece que a versão 2.2 do sistema ainda não é a melhor para os tablets em termos de vídeo. O aplicativo de vídeo travou diversas vezes quando tentei procurar um ponto específico do vídeo que estava assistindo, tanto em um arquivo maior em alta resolução como em um arquivo menor em resolução normal.

As músicas, assim como os vídeos, podem ser tocadas com efeito 5.1 surround sound sem a necessidade de fones de ouvido, o que é interessante. Ainda não há uma opção de ver as letras sobre a capa do álbum, mas isso é para quem realmente leva a sério sua biblioteca de músicas. Também não há muita novidade na galeria; ela obedece os mesmos comandos multi-touch presentes no Galaxy S. Fora o pequeno detalhe do travamento de vídeo, as funções de multimídia funcionam como esperado: deixando bastante espaço para melhorias.

Câmera e videoconferência

O Galaxy Tab conta com uma câmera traseira de 3.2 megapixels, suficiente para tirar uma foto boa, mas não profissional. O aplicativo de câmera oferece suporte a filtros e configurações de ISO. Embora num ambiente claro a câmera se saia muito bem, ela sofre do mesmo problema do Galaxy S em relação à fotos noturnas: ficam um pouco granuladas mesmo com a configuração de baixa luz escolhida. Também como o Galaxy S, a câmera é melhor no quesito de gravação de vídeos, suportando até 720p de resolução.

Além da câmera traseira, o Galaxy Tab também ganhou uma câmera frontal para videoconferências. As chamadas desse tipo são integradas no telefone do dispositivo e o vídeo é enviado pela rede 3G ou Wi-Fi, dependendo da conexão disponível. Mas o usuário não está restrito à opção de telefone para fazer videoconferências: já existem aplicativos no Android Market que permitem videoconferência via WiFi e 3G.

Extras

Como demonstrei no vídeo acima, o Galaxy Tab (assim como o seu irmão menor) também suporta a TV digital brasileira. Mas ele tem duas vantagens sobre o Galaxy S nesse aspecto. A primeira delas é que o espaço interno disponível para gravar programas é maior, podendo chegar a 32 GB. A segunda é que além de suportar o sinal de TV Digital, o aparelho também pega o sinal da TV analógica.

O Galaxy Tab serve como um bom leitor de e-books. A interface foi descaradamente copiada do iBooks, mas para não dar muito na cara, o aplicativo (chamado eBook) e vem com uma cópia de The Marvelous Land of Oz no lugar de Winnie The Pooh, que aparece como padrão no tablet da Apple.

Já na área de aplicativos, ficamos a mercê dos desenvolvedores. Nem todos eles disponibilizam uma versão do seu programa para tablets, embora alguns já começaram a fazê-lo. A Gameloft é uma delas: a empresa liberou alguns jogos específicos para o Galaxy Tab na semana passada. Ainda assim, a porcentagem de aplicativos para tablets no Android Market ainda é bem pequena: números não-oficiais indicam que apenas 2% delas estão prontas para esse tipo de dispositivo.

Bateria

Assim como o Galaxy S, o Galaxy Tab peca bastante na bateria. Apesar de ocupar um tamanho considerável do aparelho, a bateria do tablet dura pouco menos de 8 horas se ele for usado intensamente (diga-se de passagem: com vídeo, Wi-Fi, 3G, TV digital e todas as demais características que estão incluídas), contra pouco mais de 12 horas se o uso for leve e a economia de bateria estiver ativada e se o 3G estiver completamente desligado.

Pontos fortes

  • Tela de 7 polegadas
  • TV Digital
  • Bom aplicativo de eBooks
  • Memória expansível

Pontos fracos

  • Preço alto
  • Bugs do Android 2.2
  • Alto-falantes não muito bons
  • Bateria que dura pouco

Conclusão

O Galaxy Tab é um iniciante na área de tablets. Ele vem cheio de funções bacanas, mas são poucas as que ele executa bem. Parte disso é culpa do Android 2.2 instalado nele, cheio de personalizações da Samsung que deixam um pouco a desejar. A própria Samsung já disse que a próxima geração de tablets deverá usar uma nova tela, praticamente confirmando que estão trabalhando numa geração do Galaxy Tab. Portanto, deixá-lo passar não é uma ideia tão ruim.

Então se você não pode esperar e quer mesmo ter um tablet com Android, compre-o, lembrando de pesquisar bastante antes de entregar seu cartão de crédito. Algumas operadoras brasileiras estão vendendo-o por até R$ 599,00 com planos, enquanto que o preço original pode chegar a mais de R$ 2 mil. Se você não dá a mínima para a TV digital e quer um tablet que rode um sistema operacional mais estável e com uma loja de aplicativos com mais opções, o iPad pode ser uma melhor escolha. Ao menos enquanto o mercado brasileiro não recebe mais tablets.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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