O que esperar do Netflix no Brasil: não muito por enquanto

Rafael Silva
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• Atualizado há 1 ano
Catálogo do Netflix: falta alguma coisa, certo? | Clique para ampliar

Um serviço de streaming ilimitado de vídeos não é exatamente novidade. Algumas empresas brasileiras já viram que existe um público que quer acesso a vídeos on-demand, desde que seja oferecida uma seleção boa de vídeos. Foi aí que tentaram se encaixar os serviços como Saraiva Digital, Terra Video On Demand e NetMovies, que também oferece a locação de DVDs.

Mas o Netflix chegou ainda assim, oferecendo apenas o streaming e o conteúdo fruto dos acordos de licença com grandes estúdios. Com um pequeno diferencial dos demais: o acesso via consoles e dispositivos móveis. Então vale a pena pular agora nesse barco? Eu conclui que, por enquanto, pelo que ele oferece, é melhor não.

O conteúdo: variado, porém pequeno

Feita a inscrição e a pesquisa de preferência por gênero de vídeos, é exibida a tela de seleção de títulos onde você escolhe qual assistir. Apesar de dizer que o serviço foi lançado com milhares de horas de programação, Hastings não deu números exatos. Mas ao que parece, a biblioteca tem algumas séries e filmes de sucesso, embora falta bastante coisa.

Para citar alguns exemplos, The Office, série de comédia aclamada em crítica, só tem 5 episódios da primeira temporada. Os filmes do ano passado ainda são escassos e até mesmo certos blockbusters que já saíram de cartaz há algum tempo estão faltando no catálogo, como Watchmen e Batman Begins. Em compensação, TorchWood, série britânica derivada de Doctor Who, e Community, sitcom também sucesso de público, já contam com as duas primeiras temporadas disponíveis inteiramente.

Community: série para quem quer rir muito | Clique para ampliar

Apesar da maioria das descrições estarem em português, vez ou outra vemos um título em espanhol ou inglês, mostrando que o serviço ainda não foi migrado completamente para cá. E isso se reflete também na questão da classificação indicativa, que ainda mostra as letras do sistema americano e canadense no lugar de números, usado no Brasil.

Já sobre o idioma dos vídeos, Hastings disse que existem vídeos com a dublagem em português e espanhol e existem vídeos com legenda em português e espanhol. Algumas vezes você verá vídeos com as duas opções, mas são raros. A grande maioria deles, no entanto, vão oferecer alguma das duas opções, se já não estiverem na língua escolhida.

Em termos de conteúdo nacional, também temos pouco. Por causa da falta de um acordo de licença com a Globo, dificilmente veremos novelas do conglomerado de mídia no serviço, ao menos por enquanto. Mas existem acordos com outros canais de mídia, como a Bandeirantes, que disponibilizou a série Polícia 24h no serviço.

Durante a apresentação hoje, o CEO da Netflix disse que a política de licenciamento de conteúdos é tentar conseguir filmes em até 1 ano depois que saíram de cartaz e a temporada anterior de séries atualmente passando. Ele também garantiu que novos conteúdos são adicionados diariamente.

Assistindo aos vídeos: qualidade e dispositivos

Tela de buffering | Clique para ampliar

Para assistir aos vídeos é necessário ter um navegador e o plugin do Silverlight instalado. Então usuários de Mac OS X e Windows (a partir do XP estão incluídos). Mas o acesso não está restrito a computadores apenas. Para quem tem um Nintendo Wii ou PS3, também é fácil: basta colocar o login e senha nos respectivos aplicativos, escolher um vídeo e começar a assistir. Para PS2, é um pouco mais difícil: só funciona no modelo Slim e você ainda precisa pedir um disco antes (que chega em 2 semanas).

Top Gear: opção de legenda disponível | Clique para ampliar

Um dos aspectos interessantes do serviço é que você pode parar quando quiser e retomar o vídeo no exato ponto mais tarde, esteja retomando o streaming no PC ou em algum outro dispositivo compatível. A qualidade do vídeo varia de acordo com a conexão, mas depois de alguns segundos armazenando dados em buffer, consegui uma imagem até decente, mas ainda pixelizada.

Pixelização acontece, mas dá pra assistir | Clique para ampliar

Além disso, também é possível escolher uma qualidade do vídeo e se fixar nela. Nas opções de conta o assinante pode selecionar entre três qualidades, que gastam entre 0,3 GB por hora chegando a 2,3 GB por hora para vídeos em alta definição. Isso depende, claro, do conteúdo disponível ter versões em alta definição, caso contrário, a melhor versão será exibida.

Por enquanto apenas essas opções estão disponíveis. Já existem aplicativos para iOS, Android e Windows Phone 7, mas como eles estão direcionados para capturar conteúdo dos servidores americanos e não das CDNs da Netflix no Brasil, não vão funcionar no país ainda. A previsão é para até o final do ano, confira no post do lançamento os meses mais exatos.

As TVs conectadas, chamadas Smart TVs, também serão compatíveis com o Netflix nativamente. A Samsung já liberou uma atualização hoje e a LG vai liberar nos próximos meses um novo aplicativo do Netflix para suas TVs. Já em termos de set-top boxes, a Boxee Box da D-Link, que já tem acesso ao serviço lá fora, ainda não liberou aqui no Brasil, algo que se repetiu com a WD TV Live Plus, que antes estava disponível só lá fora e hoje foi finalmente anunciada no país.

Conclusão: espere antes de assinar

O Netflix não é exatamente um serviço inovador, já que existem outros que oferecem o sistema de streaming de vídeos que ele já tem. Mas em um aspecto ele ganha dos demais que já existem no Brasil: o número de plataformas diferentes que ele atinge e uma biblioteca um pouco (e põe ênfase nesse pouco) melhor do que os demais.

Todos os novos membros do Netflix recebem um mês de graça para testar o serviço. Se não gostarem, podem cancelar direto no site (uma ótima vantagem, aliás). Mas a falta de compatibilidade com os dispositivos móveis e set-top boxes, por enquanto, e a biblioteca ainda pouco convidativa me levam a concluir que é melhor não gastar seu mês gratuito com algo que tende a melhorar daqui a alguns meses.

A menos que você curta filmes antigos, como o Henrique Martin. Nesse caso, vai na boa, morô?

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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