Cientistas britânicos ensinam computador a prever risco de doenças mentais

Softwares anteciparão sintomas anos antes deles se instalarem.

San Picciarelli
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• Atualizado há 1 semana

À medida que o tempo passa, mais nos aproximamos daquilo que antes só podíamos ver nos filmes de ficção. Naturalmente, ainda não podemos esperar que seremos atendidos por um Dr. McCoy no SUS, mas os avanços que integram tecnologia e medicina são, no mínimo, interessantíssimos.

Cientistas da University College London indicam ser possível a criação de programas de computador capazes de identificar de maneira precisa e precoce o risco de desenvolvimento de transtornos como a ansiedade e a depressão.

Os resultados do trabalho da equipe de Janaína Mourão Miranda, líder do estudo, mostram que é possível fazer com que softwares de baixa e média complexidade se tornem capazes de captar e analisar indicadores do desenvolvimento potencial de diversas doenças mentais.

A principal aplicabilidade do estudo está em crianças e jovens, de modo que se possa interceder com o tratamento muito antes que os principais sintomas da doença se instalem.

Se pensarmos por um momento em smarphones, tablets e a nova geração de dispositivos portáteis que podem até serem vestidos na forma de roupas, tecidos e acessórios, tudo ganha um contorno ainda mais entusiasmante.

“Combinando aprendizagem artificial e neuro-imagem, desenvolvemos uma técnica que mostra um potencial enorme para nos ajudar a identificar quais adolescentes tem um risco real de desenvolverem desordens de humor e transtornos de ansiedade, especialmente onde há uma limitação de informação de natureza clínica ou genética” — informa Janaína.

A pesquisadora estudou 16 adolescentes com distúrbios de personalidade bipolar e outros 16 cujos pais tinham um histórico de doenças mentais, executando um exame de fMRI (ressonância magnética funcional) enquanto empregavam um teste psico-emocional especificamente desenvolvido para a pesquisa.

Um programa de computador capacitado para aprendizagem artificial foi usado para calcular a probabilidade que recaía sobre cada indivíduo, tanto para o grupo livre como para os de risco, resultando em uma surpreendente razão de 3 acertos em cada 4 testes.

O último custo médio anual com a saúde mental é da ordem de 800 bilhões de euros — isso apenas na Europa — segundo números da Organização Mundial da Saúde. Para que você tenha uma ideia, o câmbio de hoje indica que se gasta mais de R$ 1,8 trilhões por ano com doenças mentais, apenas naquele continente, com aproximadamente 40% da sua população.

Estima-se que em 2020 a depressão será a segunda maior causa de gastos com saúde no mundo. Um claro indicador de que você deve ao menos dar uma chance aos Padrinhos Mágicos… 🙂

Segundo a última publicação de números similares via o DataSUS (datada de Jun/2010), o Brasil oferece 1.541 unidades do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em todo o território nacional, embora não se mencione quanto o país gasta exatamente com esse recorte da saúde, desde a publicação do último decreto de 29 de Abril de 2010 para o Ministério da Saúde, publicado no DOU nº 81.

Estudo publicado no PLoS ONE.

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San Picciarelli

San Picciarelli

Ex-redator

San Picciarelli é gerente de projetos e mestre em biotecnologia. Fez parte da equipe de redatores do Tecnoblog entre 2011 e 2012, produzindo artigos de assuntos relacionados à tecnologia, inovação e empreendedorismo. Trabalha com esse assunto desde 2006, mas também tem experiência em design e construção de sites.

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