Como funciona a urna eletrônica brasileira?

Saiba se a urna eletrônica é confiável e como é realizada a transmissão dos dados no processo eleitoral do país

André Leonardo
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• Atualizado há 1 ano e 2 meses
Urna eletrônica
Urna eletrônica (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Em anos eleitorais as pessoas costumam dividir suas atenções entre o pleito e as guerras nas redes sociais. Entretanto, outra dona das atenções dos eleitores é a urna eletrônica, que acompanha o processo eleitoral brasileiro desde 1996. Entenda como funciona a urna eletrônica e a maneira como ela agilizou o processo eleitoral no Brasil.

A urna eletrônica pode ser vista como um computador produzido com hardware customizado para executar o programa referente às eleições, desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As urnas eletrônicas e o processo eleitoral 

A preparação das urnas eletrônicas acontece muito antes das eleições em eventos públicos em TREs ou Cartórios Eleitorais. Estes eventos são abertos à imprensa, partidos políticos e ao Ministério Público.

No período eleitoral, ao chegar aos locais de votação as urnas são ligadas na rede elétrica ou em geradores, nos casos em que não há rede elétrica disponível. A distribuição dos aparelhos pode demorar mais de cinco dias em locais distantes na amazônia e até mais de uma semana em locais do exterior. 

Ao fim da votação a máquina imprime o Boletim de Urna, um registro detalhado e impresso de todos os votos digitados.

Os dados referentes a votação de cada urna é salvo de maneira criptografada em um cartão de memória com assinatura digital e entregue em um envelope lacrado aos integrantes da Junta Eleitoral.

Como as informações chegam até a Justiça Eleitoral 

As informações referentes aos votos chegam até a Justiça Eleitoral através de uma rede de comunicação exclusiva da Receita Eleitoral que transmite os dados da Zona Eleitoral, até os data centers do Tribunal Regional Eleitoral do estado. No caso de lugares remotos, a transmissão de dados é feita por satélite. 

Nos TREs, os dados passam por uma série de certificações de segurança antes de serem totalizados. A assinatura digital é conferida para certificar que os dados foram realmente gerados pela urna da seção eleitoral que deveria pertencer. Após somar os dados de todos os Boletins de Urnas, os TREs totalizam os votos e divulgam os resultados.

Segurança: a urna eletrônica é confiável?

Desde 2009, geralmente no ano que antecede as eleições, a urna eletrônica é submetida ao Teste Público de Segurança (TPS), uma série de testes feitos com a colaboração de especialistas, visando encontrar problemas e fragilidades nas urnas e resolvê-los. O objetivo é tornar o processo eleitoral mais seguro e auditável. A última edição do TPS foi feita em novembro de 2021.

Para evitar invasões, as urnas eletrônicas contam com dois mecanismos de segurança principais: assinatura digital e resumo digital

  • Assinatura digital é um método de criptografia utilizado para que a integridade de um arquivo digital possa ser verificada. Nas urnas eletrônicas, o recurso serve para confirmar se o programa executado nos aparelhos não foi alterado de maneira intencional, perdeu suas características originais por algum problema de gravação ou leitura. Se a assinatura digital for válida, significa que o aparelho segue intacto como gerado pelo Tribunal Superior Eleitoral;
  • Resumo digital, também conhecido como “hash”, tem uma função parecida com a de um dígito verificador. Ele usa um algoritmo público para calcular os hashes de todos os arquivos e depois esses dados são publicados no portal do TSE visando manter a transparência das urnas eletrônicas e do processo eleitoral.

Como o sistema de segurança das urnas eletrônicas funciona em camadas, são criadas barreiras de proteção em diversos níveis. Por esta razão, quando o sistema da urna sofre um ataque, ele ativa um efeito dominó que acaba travando o aparelho, impossibilitando a geração de votos válidos.

A urna eletrônica para as eleições de 2022

Como funciona urna eletrônica brasileira - urna eletrônica UE2020
Urna eletrônica modelo UE2020 (Imagem: TSE/ Reprodução)

A urna eletrônica para as eleições de 2022 recebeu o nome de UE2020 e apresenta algumas novidades em relação ao modelo UE2015.

  1. Seu processador System on Chip (SoC) é dezoito vezes mais rápido que o modelo 2015;
  2. A expectativa de duração da bateria por toda a vida útil da urna;
  3. O terminal do mesário passa a ter tela totalmente gráfica, sem teclado físico, e com superfície sensível ao toque;
  4. O modelo conta com um teclado aprimorado, com teclas com duplo fator de contato, o que permite ao próprio teclado acusar erro, caso haja mau contato ou tecla com curto-circuito intermitente;
  5. As novas urnas contam com novos recursos de acessibilidade como a sintetização de voz aprimorada para facilitar a compreensão de pessoas com deficiência visual e a inclusão de um intérprete de Libras em vídeo para auxiliar pessoas com deficiência auditiva.

A maneira como cada urna eletrônica funciona é semelhante, por essa razão, ambos modelos irão coexistir enquanto o modelo mais recente não ocupar todo o parque eleitoral do país.

Hardware e curiosidades

Desde 1996 a urna eletrônica mudou bastante. A UE96, o primeiro modelo de urna eletrônica tinha dois drives de disquete. Sim, disquetes. Muitos eleitores da Geração Z provavelmente nunca devem ter interagido com este artefato do passado.

Como funciona urna eletrônica brasilera - urna eletrônica de 1996
Urna eletrônica modelo UE96 (Imagem: TSE/ Reprodução)

O processador da urna era um 386SX de 40Mhz com 2 MB de RAM. O conjunto também contava com uma impressora matricial. Se você tem mais de 30 anos, deve lembrar delas e de sua agradável melodia. 

Para quem ficou curioso, vale acessar a página de retrospectiva da urna eletrônica feita pelo TSE para conhecer todos os modelos.  

Quantas urnas eletrônicas existem no Brasil?

Segundo informações do TSE em 2021, o Brasil tem um parque eletrônico de 577.125 equipamentos.

A urna eletrônica é auditável?

Sim. Antes da votação as urnas passam por diversos eventos públicos de auditoria e após a divulgação dos resultados da eleição é possível conferir se os dados são os mesmos que foram impressos nos Boletins de Urnas em cada seção eleitoral.

Com informações: TSE 1, 2, 3, 45

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André Leonardo

André Leonardo

Ex-analista de conteúdo

André Leonardo é jornalista e radialista formado pela UCAM, com MBA em Mídias Sociais. Trabalhou por 15 anos no mercado audiovisual em empresas como TV Brasil e TV Globo. No Tecnoblog, foi analista de conteúdo entre 2020 e 2023. Apaixonado por games, produziu conteúdo para sites e seu canal no YouTube. Já foi judoca, skatista e atualmente está começando a encarar corridas leves.

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