Roteador de 2,4 GHz ou de 5 GHz: qual é melhor?

Entenda as diferenças – especialista da Cisco explica prós e contras de cada frequência de Wi-Fi.

Thássius Veloso
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• Atualizado há 1 ano e 2 meses

Grandes eventos com geeks geralmente trazem à tona uma discussão interessante: os roteadores com capacidade de transmitir dados na frequência de 5 GHz são tão melhores do que os convencionais com 2,4 GHz? Na CParty desse ano havia um roteador específico que se tornou a alegria de muitos campuseiros necessitados de conexão sem fio enquanto permaneciam no pavilhão. Pois bem, o Tecnoblog se debruçou sobre assunto e agora traz a conclusão: tanto faz ter um roteador habilitado para 2,4 GHz ou 5 GHz. Quer dizer, quase isso.

Roteador funciona em 2,4 GHz e 5 GHz

Primeiro de tudo, precisa-se esclarecer que estamos falando de frequências que não são controladas por órgãos reguladores. Qualquer dispositivo pode adotar os 2,4 GHz ou os 5 GHz para a transmissão. Esse fato é crucial para entender como funciona o Wi-Fi para ambos os casos. Outro conceito importante vindo da física aprendida nas escolas se faz presente: quanto maior for a frequência, também maiores são o tráfego de dados e o consumo de energia elétrica, enquanto a distância alcançada diminui.

Inicialmente o IEEE, órgão internacional que padroniza os protocolos para transmissão de dados, havia designado a frequência de 5 GHz para dispositivos móveis. No fim dos anos 1990 saiu o padrão 802.11, voltado para essa frequência com alcance menor e transmissão de dados próxima de 1 Mbps — bastante para a época. Nos anos seguintes vieram as atualizações no 802.11 utilizando dessa vez os 2,4 GHz, chegando à variante “n” que temos hoje com transmissão de dados superior a 100 Mbps dependendo do roteador utilizado.

Para Maurício Gaudêncio, gerente de produtos da Cisco para a América Latina, ambas as opções de frequência funcionam muito bem atualmente e cabe ao consumidor decidir caso a caso o que melhor lhe convém. O executivo aponta que a frequência de 2,4 GHz é a mais usada, o que significa que há congestionamento maior no tráfego de dados. Entretanto, ao longo de anos desenvolveram-se tecnologias que tornam o funcionamento dessa frequência muito melhor do que o original proposto pela IEEE.

Alguns dispositivos podem gerar interferência

Conjunto de teclado e mouse sem fio — opera em 2,4 GHz

Teclados, impressoras, telefones sem fio. Toda sorte de produto com transmissão wireless (não confunda com Wi-Fi, o padrão propriamente dito) utiliza o 2,4 GHz. Isso se deve à propagação de dados por distâncias maiores e com melhor resistência quando se chocam com objetos no caminho entre a antena e o receptor. Também é mais barato desenvolver produtos funcionando em 2,4 GHz porque a indústria inteira se estabeleceu em torno da frequência, tornando a produção de antenas, rádios e chips mais barata do que nos dispositivos focados em 5 GHz.

Por sua vez, a frequência de 5 GHz permanece inexplorada se comparada com a de 2,4 GHz. O sinal tende a ser mais limpo e a conexão não precisa disputar espaço com as de outros dispositivos. Na teoria, quer dizer que os dados trafegam com mais facilidade. Gaudêncio diz que na prática a variação é bem pequena. Os consumidores não devem considerar os 5 GHz como melhor opção devido somente a este fator.

Qual é a melhor opção?

Então qual roteador escolher? Tenha em mente que a maior parcela de celulares fabricados utilizam a frequência de 2,4 GHz. Gaudêncio aponta para a popularidade dessa frequência como principal motivador para o consumidor optar por roteadores compatíveis com o 802.11g em 2,4 GHz. A conexão pode chegar a até 54 Mbps se todos os elementos envolvidos nessa complicada equação estiverem em perfeita harmonia — conjunto wireless do dispositivo, modem, roteador etc.

Os roteadores de 5 GHz também têm sua importância. Redes complexas envolvendo vários access points tendem a ser construídas com a transmissão de dados entre o dispositivo do cliente e o equipamento de rede conectados em 2,4 GHz enquanto a comunicação entre APs acontece por meio de 5 GHz. Os sinais nunca vão se encontrar porque existem em pontos diferentes do espaço, por assim dizer.

O executivo da Cisco, empresa com grande presença na produção de equipamentos de infraestrutura de rede, diz que para seu uso pessoal adota um roteador dual band. Assim o consumidor tem o melhor dos dois mundos: conectividade com os dispositivos comuns que funcionam a 2,4 GHz (como notebooks, celulares e consoles de videogame) enquanto mantém a transmissão de dados com dispositivos compatíveis nos 5 GHz, garantindo uma frequência menos entupida.

Airport Express: dual band da Apple

Existe o mito de que os 5 GHz seriam superiores aos 2,4 GHz considerando somente o valor matemático do numeral. Não é bem por aí: cada um tem sua própria aplicação e, nesse aspecto, não há vencedores. Ambos têm taxa de transmissão na casa de 54 Mbps quando consideramos os protocolos mais atuais aprovados pelo IEEE.

Os protocolos continuam em desenvolvimento no IEEE. “Uma rede Wi-Fi de cinco anos atrás era bem inferior a uma mesma rede Wi-Fi com 802.11g em 2012”, comenta Gaudêncio. Ele acrescenta que em 1999, quando trabalhava na Novell, outra gigante em soluções de rede, testou uma conexão de 1 Mbps entre um access point e um computador com placa PCMCIA que custava cerca de seis mil dólares. No mercado há conjuntos de roteador e placa de rede Wi-Fi que saem por R$ 150. Os preços caíram drasticamente.

Resumindo: 2,4 GHz para garantir a conectividade com a maioria dos dispositivos e 5 GHz caso você tenha grana para comprar um roteador dual band e possua dispositivos que funcionam nessa frequência. É o caso do Galaxy Nexus fabricado pela Samsung e dos MacBooks e iPads fabricados pela Apple.

Atualizado em 14/6 às 20h50.

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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