Sony Xperia S roda o Gingerbread muito bem, obrigado

Rafael Silva
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• Atualizado há 10 meses
O grande Xperia S: tela de 4,3 polegadas | Clique para ampliar

Desde que se separou da Ericsson, a Sony declarou que uma das áreas em que iria investir pesado seria a mobile. A série de aparelhos Xperia NXT é o primeiro projeto da carreira solo da fabricante e conta com uma linha de três smartphones com Android. Um desses aparelhos é o Xperia S, que é o modelo voltado para o setor high-end do mercado móvel.

Aqui no Brasil o Xperia S foi anunciado no dia 25 de maio e estará disponível para venda a partir de amanhã, dia 16, em diversas lojas nas principais capitais do Brasil. Passei duas semanas testando o esse modelo para saber o que ele traz de diferente ao mercado. Você confere aí abaixo as minhas impressões.

Design e pegada

Mesmo que sua tela de 4,3 polegadas seja um pouco maior do que o que estamos acostumados, o aparelho tem uma pegada decente. O plástico que o envolve parece bem rígido e de boa qualidade, apesar de ser levemente escorregadio. Isso é compensado pela curvatura da sua traseira que encaixa bem na mão. O resto do design segue a receita de bolo que a Sony já usa há tempos: botão de ligar/desligar e saída de fone de ouvido em cima, saída microHDMI, botões de volume e câmera à esquerda, microUSB na direita e o microfone e um chanfro para alça na parte inferior.

Na traseira estão alinhados a câmera, o flash, o microfone e o alto-falante do aparelho, junto com o símbolo da falecida Sony Ericsson (me pergunto se um dia vão trocar) na parte de baixo. Achei a posição do alto-falante estranha, mas é melhor do que dos lados. A frente do Xperia S ficam sua câmera de 1,3 megapixels, o LED de aviso e um sensor de luminosidade que é tão grande que pode ser confundindo com uma segunda câmera frontal. Na parte de baixo, uma área transparente que brilha e tem uma fina malha que eu imagino que seja para ligar o microfone.

Botões acima, ícones abaixo. Um problema. | Clique para ampliar

Essa área transparente, aliás, tem potencial para causar confusão. Dentro dela estão os botões comuns de um Android: voltar, home e opções. Então naturalmente um usuário vai querer tocar naquela área. Mas a ação só vai ser executada se ele tocar um pouco acima do botão, em um ponto minúsculo que você precisa acertar com precisão. No escuro, outro problema: a barra não fica sempre iluminada, então vez ou outra o dedo vai apenas tocar na parte de plástico que não é sensível ao toque.

Tela e interface

Com a tela desligada você dificilmente vai ver onde ela começa ou termina. Quando ligada, a resolução de 1280 x 720 pixels impressiona e realmente não deixa enxergar os pixels. Ela vem com uma proteção contra riscos da própria Sony e por trás das cortinas a engine Bravia está agindo, dando suporte para até dez pontos diferentes de toque – embora eu duvide que alguém deste mundo consiga segurar o aparelho e, ao mesmo tempo, tocar em dez pontos diferentes na tela.

Sobre a interface, tenho uma historinha para contar. Normalmente testo aparelhos de review levando ele para onde vou, para ver como a bateria reage em diversos lugares onde o sinal da antena pode não ser intenso. Por isso acabei mostrando o aparelho para alguns amigos e na maioria deles, quando ligou o dispositivo, perguntou: é o Ice Cream Sandwich? A interface engana bem nesse aspecto. Ele pode rodar o Android 2.3 embaixo do capô, mas não deixa isso transparecer.

Dito isso, ainda existem elementos que poderiam ser melhorados. O teclado, por exemplo, tem uma correção que falha bastante. Também não gostei da decisão da Sony de criar uma widget de controle de conectividade separada da área de notificações do Android. E acima de tudo isso, ainda não consegui achar utilidade para o Timescape. Felizmente existe a opção de ignorar completamente sua existência e foi o que eu fiz.

Multimídia

Música no Xperia S | Clique para ampliar

O suporte nativo de vídeos e música do Android sempre foi bastante amplo. O Xperia S mostra esse aspecto quando você coloca arquivos de mídia nele – seja no modo de sincronização, que descrevo logo abaixo, ou usando o aparelho no modo de armazenamento em massa mesmo. A identificação de músicas em AAC e MP3 aconteceu sem problema e aliado a isso, o player de músicas embutido é bem fácil de usar e tem boas opções extras, como busca por música e capas de álbuns.

Ao passo que no quesito música a Sony tentou fazer algo interessante, para tocar vídeo o máximo que a empresa forneceu foi o player padrão do Android junto com o suporte à engine Bravia. E o player padrão não é dos melhores, ele é integrado na galeria de imagens e não tem suporte a legendas. Mesmo com esse limitador, o processador foi potente o bastante para rodar tanto vídeos em baixa resolução quanto arquivos em MKV e 720p.

Para quem tem muitos arquivos de vídeo, no entanto, o Xperia S pode não ser ideal. Ele tem 32 GB de armazenamento, sendo 29 GB desses livres para o usuário, e não oferece slot para cartão de memória microSD.

Sincronização

Uma boa coisa: o aplicativo de sincronização já vem com o aparelho, basta conectá-lo ao computador que será exibida a opção de instalá-lo direto de lá. Uma coisa ruim: ele não vem completo. Se você quiser sincronizar arquivos de mídia ou atualizar o aparelho, precisa baixar componentes separados. Para o serviço de sincronização de mídia, chamado Media Go, precisei antes baixar e instalar também o Microsoft Visual C++ 2005. E isso é um pouco irritante.

Media Go, um dos componentes do PC Companion da Sony

O programa tem uma interface muito simples e fácil, mas não funciona tão bem quanto eu gostaria. Para copiar 50 músicas (cerca de 357 MB), foram necessários 3 minutos. Não é um tempo muito grande, mas ainda assim é um bom tempo. Basicamente coloque o aparelho para sincronizar e vá tomar um café, se for sincronizar músicas. Em contrapartida, para sincronizar vídeos, foi algo bem rápido. Dois vídeos totalizando 1,85 GB foram copiados em menos de 1 minuto. Eu fiquei imaginando por qual motivo essa diferença aconteceu mas desisti de entender nos dois primeiros minutos e atribuí isso a algum tipo de magia negra.

Câmeras

Sensores de imagem de celulares não são conhecidos por terem a melhor qualidade, de um modo geral. Mas os 12,1 megapixels da câmera do Xperia S não decepcionam em nenhum aspecto. A Sony sabe como fazer bons sensores de imagem e mostra isso no aparelho. As imagens de 4000 x 3000 pixels que ela captura não têm muita granulação e são suficientemente decentes para publicação em qualquer rede social ou visualização em telas grandes, como você pode ver abaixo.

Em contrapartida há uma falha no que diz respeito ao software, por não permitir que o método de captura de cena seja escolhido – está sempre regulado no automático, não há como alterar para macro ou paisagem. Ele permite, no entanto, que usuários capturem fotos de uma maneira incrivelmente rápida quando a tela está desligada. Basta apontar para o objeto em questão e segurar o botão físico da câmera na lateral do celular. Isso captura a imagem e ativa a câmera logo depois.

O sensor também é capaz de capturar vídeo em até 1080p e pelo teste que executei, a qualidade se mostrou decente para um celular. A combinação disso com a qualidade das fotos é a prova de que a Sony consegue fazer com que seus setores de imagem digital e mobilidade conversem e se entendam bem.

https://www.youtube.com/watch?v=atrHD9emCM4


(Vídeo no YouTube)

O sensor frontal do Xperia S é de 1,3 megapixels e mostrou-se bem decente para videoconferências. A qualidade não é das melhores, mas ainda não acho vantagem ter um sensor frontal com capacidade para capturar em 1080p mesmo então fiquei bem satisfeito.

Aplicativos embutidos

A lista de aplicativos que a Sony embutiu no Xperia S é bem extensa e variada – e não sei até que ponto isso é realmente bom. Deixa a sensação de que o aparelho está carregado com crapware que o usuário pode nunca abrir. De qualquer forma, dentre os aplicativos presentes estão o leitor de QR codes NeoReader, gerenciador de arquivos Astro, leitor de documentos OfficeSuite, aplicativo de notas Evernote, Whatsapp (!) e até um identificador de músicas TrackID. Há uma ausência notável, a de um bom player de vídeo, mas vou atribuir a sua falta à licenciamentos de codecs.

Aplicativo de economia de energia: não é necessário, mas é bom ter.

Outro aplicativo importante citar é o de economia de bateria, que faz com que o aparelho automaticamente desative certas funções de conectividade em um determinado horário ou com um nível específico de bateria. Outra funcionalidade embutida que acho legal citar, talvez voltado mais para os geeks, é a opção de tirar capturas de tela embutida – basta segurar o botão de desligar que a opção de captura aparece.

Ah, a espertinha da Sony também colocou um aplicativo que leva para o Sony Preview, o blog oficial deles.

Bateria

Como sempre, testei a bateria em dois tipos de uso distintos, um com uso moderado e outro de uso intenso. No uso moderado do aparelho, com de 1 vídeo de 40 minutos no Netflix, 2 vídeos de 40 minutos em 480p na memória do aparelho, navegação web esporádica, uso de twitter, Facebook e Whatsapp e brilho de tela no nível médio, consegui tirar 6 horas e 57 minutos da bateria antes de aparecer o primeiro aviso de que eu precisava carregar (com 15%).

No uso intenso, com playback um vídeo de 1 hora no Netflix, 2 vídeos de 40 minutos em 720p, navegação web e uso de redes sociais constante e brilho de tela também no médio, consegui chegar aos 15% do nível de bateria em 4 horas e 43 minutos.

A bateria foi bem o que eu esperava de um smartphone com uma tela brilhante como essa e com o processador rápido. O fato do WiFi ficar constantemente ligado junto com a sincronização em segundo plano ajudou ela a se esgotar mais rápido, claro, mas eu não lembro de desligar o WiFi em nenhum smartphone e por isso estou sempre com o meu conectado em alguma tomada. Ainda assim, foi o bastante para perceber que o Xperia S aguenta sem problema um dia inteiro de uso, chegando em casa com fôlego para uma ou outra tarefa pouco intensa antes de pedir arrego.

Pontos positivos

  • Câmera de excelente qualidade;
  • Processador rápido.

Pontos negativos

  • Botões padrão do Android funcionam quando querem;
  • Ausência de slot para cartão microSD.

Conclusão

Os componentes que a Sony embutiu no Xperia S fazem dele um excelente smartphone que compete muito bem com os demais aparelhos da categoria. Ele me surpreendeu – principalmente por rodar o Android 2.3 Gingerbread. Fato é que ele não precisa do Android Ice Cream Sandwich para ser bom, só precisa ter boas funcionalidades e mostrar isso para o usuário. E é algo que eu achei que o Xperia S cumpre bem.

O grande Xperia S: tela de 4,3 polegadas
Xperia S: não tem o Android mais novo, mas não precisa ter | Clique para ampliar

O Xperia S é um Android que custa R$ 1.799,00 e já tem a certeza de que terá seu sistema atualizado no futuro. A Sony escorregou em alguns pontos, como os sensores dos botões padrão e oferecer modelos com apenas 32 GB de armazenamento – o que não é exatamente um ponto ruim, mas não oferecer uma opção para estendê-lo talvez seja para alguns usuários. Ainda assim, o Xperia S já tem o que é necessário para se destacar: uma câmera espetacular e um processador rápido.

Quem não quiser esperar pela atualização para a próxima versão do Android pode até escolher outro aparelho pelo mesmo preço ou um pouco mais caro e que já venha com o Ice Cream Sandwich. Mas quem escolher comprar agora o Xperia S terá nas mãos um smartphone bom o bastante para não se preocupar com futuras atualizações.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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