Espectro é o que não vai faltar para o 4G brasileiro ter qualidade. Pelo menos é o que garante Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, ao afirmar que é intenção do governo leiloar a faixa de 700 MHz para os serviços de banda larga móvel. A proposta deve ficar pronta ainda em 2012, e o leilão deve ocorrer no ano que vem.

A faixa de 700 MHz atualmente é ocupada pela TV analógica. Como o serviço deverá ser extinto em 2016 (o que particularmente duvido, já que a adoção ao padrão de TV Digital foi muito pequena), as operadoras prontamente manifestaram o interesse na compra das licenças para operar em tal frequência. O problema é que a frequência é diferente das licenças que foram leiloadas agora em junho, e aí teremos uma verdadeira salada de frequências.

A frequência pioneira para o 4G brasileiro é a de 2,5 GHz, que é perfeita para as operadoras enquadrarem o LTE2600. Tal padrão já foi amplamente adotado oficialmente na Europa e Oceania, mas nem todos os países estão operando com a nova tecnologia. A frequência de 700 MHz é amplamente adotada na América do Norte. Isso significa que, no Brasil, teremos um padrão europeu e americano funcionando simultaneamente.

4G LTE pode chegar a 100 Mbps — clique para ver o infográfico especial

Eu já vi esse filme. O mesmo aconteceu com o início das operações em 3G: a Telemig Celular (futuramente comprada pela Vivo) foi a primeira operadora a operar comercialmente serviços de terceira geração, antes mesmo do leilão das faixas de 2.100 MHz. A operadora utilizou a frequência de 850 MHz, da sua antiga rede TDMA. O mesmo aconteceu com a Claro, que lançou a rede em algumas capitais com a mesma frequência. Futuramente as operadoras fizeram overlay das suas redes e unificaram o padrão em 2.100 MHz, o que permitiu uma maior quantidade de usuários pendurados na rede.

Durante muito tempo os serviços de terceira geração no Brasil foram uma verdadeira bagunça por conta da indisponibilidade de aparelhos que funcionassem em todas as redes. O mesmo deve acontecer com o 4G LTE: basta lembrar do novo iPad, que não funciona com serviços de quarta geração em diversos países. Ao longo do tempo a parte de compatibilidade não deverá ser um problema, pois a tendência é de que todos os aparelhos se tornem compatíveis com 4G de todo o mundo.

Com informações: Convergência Digital.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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