iOS 6: principais mudanças, o que funciona e o que não funciona no Brasil e como voltar ao iOS 5

Rafael Silva
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• Atualizado há 1 semana

Hoje a Apple liberou para download gratuito o iOS 6, uma nova versão do seu sistema móvel. São duzentas novidades para seis dispositivos que antes rodavam o iOS 5 e os dois novos que começam a ser vendidos em breve, o iPhone 5 e o iPod Touch de quinta geração. O que o sistema tem de bom? O que ele oferece especificamente para usuários no Brasil? E há um jeito de se livrar dele e voltar ao antigo? Respondo essas perguntas e algumas outras no texto a seguir.

Mapas ainda não chega aos pés do Google

Vou começar logo falando do elefante na sala. O iOS 6 abandona de vez o Google Maps como provedor de mapas e no lugar, a Apple incluiu seu próprio sistema, feito em parceria com a TomTom. Apesar de ser graficamente mais bonito, ele tem duas grandes desvantagens em relação ao Google: a falta de informação e a ausência de rotas de transporte público.

Mapas: Fail. Não mostra todas as Starbucks e repare no acento em São Paulo.

O Google tem uma base de dados de estabelecimentos enorme e que apenas recentemente a Apple começou a criar. Então o número de locais cadastrados que são exibidos no mapa do iOS 6 não chega nem perto do que o iOS 5 oferece com o Google Maps. E eu ainda dependo muito das rotas de transporte público e não existem aplicativos com essa função na loja ainda.

Claro, existem as óbvias vantagens no novo mapa. As rotas com fala curva-a-curva são uma ótima adição para quem tem carro e as visões 3D de cidades são interessantes de se olhar (embora a quantidade de cidades brasileiras com essa opção ainda seja nula). Mas enquanto a Apple não tiver uma base de dados boa, corrigir os erros da atual ou o Google não liberar a prometida versão do mapas para iOS, eu continuo no iOS 5 mesmo, obrigado.

Câmera tem panorâmica no iPhone 4S

Uma das novidades que a Apple guardou para a apresentação do iPhone 5 foi a capacidade de fazer fotos panorâmicas. E eu achei que essa seria uma funcionalidade restrita ao mais novo aparelho. Mas o iOS 6 trouxe essa opção para o iPhone 4S também, surpreendentemente.

Opção interessante. Desenvolvedores de apps de panorama discordam.

Basta ativar a panorâmica nas opções da câmera e mover o iPhone de um lado para o outro, tentando manter a seta alinhada com a reta. Se o movimento for feito rápido demais, uma mensagem com “slow down” deve aparecer abaixo do campo.

Veja abaixo um exemplo de panorâmica capturada aqui na redação.

Panorâmica: uma resolução ignorante de 8614 x 2028 pixels | Clique para ampliar

A novidade não vai ser particularmente amada pelos criadores de aplicativos que tiram fotos panorâmicas. Agora que essa função foi integrada diretamente no sistema, eles terão uma quantidade menor de usuários – no caso, os de iPod Touch, os modelos anteriores ao iPhone 4S e os iPads com câmera, para aqueles que ousarem tirar fotos com tablet.

Siri finalmente percebeu que o Brasil existe

Uma surpresa interessante em relação assistente virtual Siri: ele finalmente percebeu que o Brasil existe. Embora na versão iOS 5 o assistente não buscasse por localidades no Brasil, o iOS 6 já oferece suporte a esse tipo de pesquisa. Ela deve ser feita, claro, em algum dos idiomas suportados pelo sistema – e o português do Brasil ainda não é um deles.

Siri, diz: Oi Brazeel. | Clique para ampliar.

Buscando por “I’m hungry”, o assistente mostra os principais restaurantes ao redor, junto com endereços e telefones. Ao tocar em um dos resultados, o mapa é aberto. O mesmo acontece quando o assistente ouve “I’m feeling sick”, mostrando uma lista de hospitais. Dizer “Find me a Starbucks nearby” vai mostrar uma lista das principais cafeterias hipsters em torno da minha localização.

Mas a Apple oficialmente diz em seu site que o assistente ainda não suporta nenhuma das funcionalidades aqui descritas. Então podemos ver esse tipo de busca sumindo no futuro.

FaceTime via 3G: funciona no Brasil, por enquanto

FaceTime via 3G sem problemas

Ao anunciar o iOS 6 há alguns meses a Apple provavelmente assustou as operadoras americanas ao anunciar que o sistema permitiria chamadas FaceTime pela rede celular. A operadora AT&T bloqueou esse tipo de chamada na sua rede, então isso me fez indagar se alguma operadora brasileira teria a mesma atitude.

Em testes com o iPhone 4S, consegui fazer uma chamada de FaceTime via 3G nas redes da Vivo, Claro e TIM. Em todas elas as chamadas foram conectadas e funcionaram sem muitos problemas. Em duas delas, a velocidade foi relativamente baixa e o vídeo ficou um pouco pixelado, mas conectou sem problemas. Segundo a Apple, o FaceTime via 3G também está disponível para o iPhone 5 e o novo iPad, e nenhum outro dispositivo iOS.

Vale lembrar que apenas hoje o iOS 6 foi liberado publicamente. O sistema já estava em teste antes, mas provavelmente nenhuma das operadoras preocupou-se em pesquisar o impacto que ele teria na rede. Ou talvez o impacto seja tão pequeno que eles nem se preocupem muito com isso.

De qualquer forma, entrei em contato com as assessorias das quatro grandes operadoras pedindo uma posição acerca disso. Até o momento duas responderam: a Claro diz que sim, permite chamadas FaceTime via 3G e a posição da Vivo é de que “não pretende bloquear chamadas FaceTime via 3G”. A Oi e TIM não responderam até a publicação desse post.

Mais pequenos grandes detalhes

Já citei vários detalhes tanto estéticos quanto de funcionalidade que o iOS 6 trouxe no lançamento do seu primeiro beta. Itens como os VIPs de email, a faixa “new” nos aplicativos que foram recém-baixados, a integração com o Facebook e a nova interface do player de música dão um novo ar ao sistema e deixam ele mais a par com o que a concorrência já faz.

Emojis! Emojis! Emojis!!11

O player de música, por sinal, não foi a única mudança estética que a Apple trouxe no iOS 6. As três lojas, a iTunes Store, App Store e iBookStore, também estão de cara nova e com uma navegação mais amigável, assim como os aplicativos de ações e tempo e o discador, no caso do iPhone. Há também uma maior quantidade de emojis no teclado, para quem curte deixar as mensagens um pouco mais animadas.

Para aquelas funcionalidades que não citei, a Apple disponibilizou essa página em que descreve as mais importantes. E essa outra página cita especificamente quais estarão disponíveis em quais modelos de dispositivos iOS.

Não gostou? Volte para o iOS 5.

Como citei no começo, apesar de todas as vantagens que o iOS 6 traz, eu ainda dependo muito do aplicativo de mapas. E o melhor aplicativo de mapas ainda é o que suporta o Google Maps. Por isso, eu instalei o iOS 6 no meu iPhone 4S apenas para fazer esse post e planejo voltar para iOS 5.1.1 o quanto antes.

O processo é bem simples. Antes de mais nada, conecte ao iTunes (versão 10.6) do seu computador que sincronizou com o seu iDevice e faça backup. Depois você baixa a versão específica do iOS 5 para o seu dispositivo (esse site tem todos) e guarde-a em um local seguro. Conecte o seu dispositivo no iTunes e coloque-o em modo DFU (segurando os botões Home e Power até a tela escurecer e então soltando o botão Power até o iTunes avisar do modo DFU). Assim que ele entrar nesse modo e ser detectado pelo iTunes, segure a tecla shift (option, no Mac) no teclado ao clicar no botão “Restore” e selecione o arquivo baixado.

Esse passo deverá instalar o iOS 5 no seu aparelho e o você poderá restaurar o backup feito anteriormente, como se nada tivesse acontecido.

No momento de publicação desse post, eu estou baixando o iOS 5.1.1 para o iPhone 4S, mas já recebi a notícia de que o downgrade pode não ser possível nos modelos com processador Apple A5, de acordo com o iPhone Dev Team. Ainda assim, sou brasileiro e não desisto nunca e devo tentar o downgrade assim que o download for concluído. Relatarei o resultado nesse post em breve.

Atualização às 7:00 do dia 20/08 | O downgrade foi bem-sucedido e a restauração do backup idem. Recomendo.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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