Repetindo o feito de junho de 2011, o governo sírio cortou hoje o acesso à internet do país. A diferença é que, dessa vez, o acesso não foi apenas comprometido em parte: durante quase duas horas na manhã dessa quinta-feira, a Síria foi o primeiro país a sair completamente da internet, deixando seus mais de 22 milhões de habitantes desconectados.

A informação é da Renesys, empresa de análise de tráfego. Segundo eles, todos os 84 blocos de IP reservados à Síria ficaram inacessíveis às 08:26 (horário de Brasília), removendo completamente o país da internet. Quase 4 horas depois do ocorrido, apenas 14 das redes ligando o país à rede voltaram a funcionar. Ainda assim, isso deixa o país com 92% de conectividade à internet perdida.

Dentre as redes que ainda estão acessíveis, cinco delas são mostradas no gráfico acima. A dedução da Renesys é de que seriam rotas que passam fora das fronteiras do país e por isso não seriam afetadas pelo blecaute imposto atualmente.

Os blocos de IP são controlados pelo backbone AS29386 que por sua vez está sob controle da estatal SyriaTel. Então resta pouca dúvida de que a ação foi mesmo executada pelo governo do país, principalmente pelos relatos de movimentos de rebelião nos últimos dias. Mas não sabemos exatamente como aconteceu.

A desconexão da Síria pode ser um ensaio do que o Irã planeja fazer em breve: desde agosto desse ano o governo do país diz que vai criar uma internet própria.

Atualização às 11:30 | O governo sírio negou ter cortado a internet, culpando um ataque terrorista. Mas, segundo o Cloudflare, isso é pouco provável de ter acontecido.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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