Fatos marcantes da Microsoft em 2012

Windows 8 finalmente chegou com interface voltada para tela sensível a toque

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 5 dias

2012 foi um ano cheio de novidades para a Microsoft. Acompanhamos a estreia de uma nova versão do Windows, o lançamento de um tablet próprio, uma segunda tentativa de emplacar no mercado de smartphones e várias outras histórias relacionadas a empresa de Redmond. Respire, reserve alguns minutos do seu tempo e leia os próximos parágrafos para relembrar os fatos mais importantes para a Microsoft em 2012.

Windows 8

Tela inicial em Metro do Windows 8
Tela inicial em Metro do Windows 8

O grande lançamento da Microsoft em 2012 foi o Windows 8. A nova versão do sistema operacional mais usado do mundo trouxe várias mudanças, entre elas a remoção do menu Iniciar, introduzido há mais de 17 anos no Windows 95. No Windows 8, tudo acontece a partir da Tela Inicial, que possui visual baseado no estilo Metro e marca a entrada da Microsoft no crescente mercado de tablets.

Mas o Windows 8 não é apenas a remoção de um botão e a inclusão de uma interface bonita: a Microsoft, tradicionalmente conhecida como uma empresa de software, se transformou em uma empresa de serviços – isso foi dito pelo próprio presidente da Microsoft Brasil, Michel Levy, durante o lançamento do Windows 8 em São Paulo. Está tudo integrado: os jogos podem se beneficiar da plataforma Xbox Live, as músicas podem ser ouvidas através do Xbox Music e suas configurações são sincronizadas com a nuvem a todo instante.

Até a inicialização mudou. Por padrão, o Windows 8 usa a conta Microsoft para o acesso ao sistema.

“Estamos transitando de uma empresa de software para uma empresa de serviços”, disse Michel Levy

O Windows 8 também parece ter fornecido uma dose extra de criatividade para os fabricantes de PCs. Antes estávamos limitados aos velhos desktops e notebooks; agora temos máquinas com os formatos mais diferentes possíveis, a maioria delas baseada nas especificações dos ultrabooks da Intel.

O sistema sofreu muitas críticas por causa das mudanças na interface, e o lançamento no Brasil foi marcado por alguns problemas técnicos – o sistema de pagamentos acabou vendendo licenças por um valor maior que o divulgado, mas os compradores afetados foram reembolsados. Os preços agressivos do Windows 8 incentivaram muitas pessoas a fazerem o upgrade e, logo no primeiro mês, a Microsoft afirmou que vendeu mais de 40 milhões de licenças do Windows 8.

Surface

A interface do Windows 8 foi claramente desenvolvida para ser usada em dispositivos com telas sensíveis ao toque, logo, era normal que o sistema também estivesse presente nos tablets. Mas não dava para adivinhar que a Microsoft, que sempre dependeu de OEMs para popularizar seu sistema operacional, fosse anunciar um tablet próprio. Na verdade, os fabricantes não tinham nem ideia de que a Microsoft estava desenvolvendo o Surface: até o evento foi uma surpresa, com os convites sendo enviados de última hora.

Surface, o tablet, desenvolvido pela Microsoft (foto: divulgação)
Surface, o tablet, desenvolvido pela Microsoft

A atitude da Microsoft acabou gerando críticas por parte de alguns executivos. A Acer foi quem mais reclamou. JT Wang, CEO da fabricante taiwanesa, declarou publicamente: “Pense duas vezes. Ele vai criar um impacto negativo enorme para o ecossistema e outras marcas podem ter uma reação negativa. Essa não é uma área em que você é boa, então pense duas vezes”.

O Surface não chegou ao Brasil e nós não pudemos mexer no tablet da Microsoft, mas as análises das publicações estrangeiras foram neutras. A construção do Surface foi bastante elogiada: a carcaça é feita de um material chamado VaporMg, uma liga de magnésio leve e durável – para testar a resistência do tablet, Steven Sinofsky, ex-diretor da divisão de Windows, usou o Surface como um skate. Por outro lado, os reviews apontaram que o ecossistema ainda está bem fraco, especialmente em comparação com o iOS, e o desempenho do Windows RT não é dos melhores.

A Microsoft decidiu vender inicialmente apenas o Surface com Windows RT, que possui processador ARM e não roda aplicativos legados. O modelo com Windows 8, processador Intel Core i5 de terceira geração e tela de 10,6 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels deve chegar apenas em janeiro de 2013 custando a partir de 899 dólares.

Windows Phone 8

Vamos ser sinceros: o Windows Phone 7 (testado por nós em um projeto especial), apesar de todas as suas qualidades e de todo o espaço que recebeu na mídia, não ganhou muitos usuários e nem muitos desenvolvedores. A loja está crescendo, mas ainda está bem longe da App Store e do Google Play, especialmente na edição brasileira, que possui poucos jogos em comparação com a loja americana.

O Windows Phone 8 pode mudar esse cenário. A principal mudança foi a alteração do kernel: antes o Windows Phone usava o núcleo do Windows CE; agora usa o núcleo do Windows NT, que por sua vez é o mesmo do Windows 8. Ao pegar carona com o sistema operacional para PCs mais usado no mundo, a Microsoft pode ganhar muitos desenvolvedores e, consequentemente, aumentar a base de usuários do Windows Phone.

A nova versão do sistema móvel da Microsoft também remove algumas limitações críticas. O Windows Phone 8 suporta processadores de múltiplos núcleos, várias resoluções de tela, lê cartões de memória e possui uma tela inicial mais completa. Também há Internet Explorer 10, câmera com mais opções, controle parental, função para tirar screenshot, aplicativo para controlar (e reduzir) o consumo de dados e mais algumas novidades. Pena que esses recursos não serão recebidos pelos antigos usuários da plataforma, que precisarão se contentar com o Windows Phone 7.8, uma versão que traz… nova tela inicial e novos esquemas de cores.

Renovação de marcas

Além de lançar novos produtos, 2012 foi um ano em que a Microsoft mudou a sua identidade visual. A interface Metro, que já era utilizada no Windows Phone e no Zune, ganhou mais presença após ser implantada no Windows 8 e nos principais serviços da empresa. Os logotipos e símbolos do Windows e da Microsoft sofreram grandes alterações e ficaram mais simples, seguindo o estilo minimalista do Metro.

Microsoft e Windows com marcas e símbolos renovados

O Zune, nome originalmente dado ao player de mídia que nunca conseguiu competir com o iPod, morreu de vez. Até mesmo o software de sincronização do Windows Phone, que antes era chamado de Zune Software, trocou de nome: o Windows Phone 8 passará a utilizar um aplicativo chamado… Windows Phone. O Zune Music Pass e outros serviços foram renomeados para fortalecer a marca Xbox.

Outra marca que teve sua morte decretada em 2012 foi a Windows Live, que nunca caiu na boca do povo. Sério: ninguém falava “você tem Windows Live Messenger?” ou “vou entrar no meu Windows Live Hotmail e compartilhar um arquivo com você pelo Windows Live SkyDrive”. A Microsoft simplesmente oficializou o fim de uma marca que ninguém usava.

Dois grandes conhecidos perderam espaço na Microsoft. O primeiro foi o Windows Live Messenger, que será totalmente substituído pelo Skype, adquirido por US$ 8,5 bilhões em 2011. O segundo foi o Hotmail. A marca Hotmail já estava bastante desgastada – colocar um email @hotmail.com num currículo não é a melhor opção, especialmente se o seu nome de usuário for algo constrangedor. O Hotmail deu lugar ao Outlook.com, webmail que carrega o famoso nome dado ao gerenciador de informações pessoais usado em ambientes corporativos.

Investindo na web

Apesar de ser a fabricante do sistema operacional mais usado no mundo e da suíte de escritório Office, a Microsoft não tinha – e ainda não tem – uma presença muito grande na web. Neste ano, a empresa de Redmond se esforçou para melhorar seus serviços online.

Bing recebeu muitas novidades, pelo menos nos EUA

O Bing, que está bem atrás do Google em participação de mercado, ficou mais completo e mais social (pelo menos na versão americana). O buscador está fortemente integrado ao Facebook, permitindo que o usuário peça sugestões aos amigos. Também foi introduzida uma barra lateral que traz informações sobre o termo que o usuário está pesquisando. A novidade chegou uma semana antes do Google anunciar o Knowledge Graph.

SkyDrive ganhou aplicativo para diversas plataformas

O SkyDrive, que antes era basicamente um disco virtual para você guardar coisas que nunca mais iria acessar, se transformou em um serviço de sincronização e compartilhamento de arquivos. Ele também foi integrado aos vários produtos da Microsoft: dá para salvar um arquivo na nuvem diretamente do Office, e tanto o Windows Phone quanto o Windows 8 guardam dados no SkyDrive. O timing da transformação foi bem interessante: a Microsoft liberou o aplicativo de sincronização na mesma semana do aguardado Google Drive.

Outlook.com é o novo webmail da Microsoft

Para completar, a Microsoft lançou um novo serviço de email, o Outlook.com. O webmail possui um visual cheio de elementos do Metro e foi um grande avanço em relação ao Hotmail. Está mais rápido, menos poluído e possui diferentes esquemas de teclas de atalho (é possível usar os atalhos do Gmail, para quem já está acostumado). A integração, tanto com as redes sociais quanto com os serviços da Microsoft, também está presente — sem grandes complicações, dá para anexar um arquivo de até 300 MB usando os servidores do SkyDrive.

O que esperar para 2013?

Ufa! Com tantos lançamentos em 2012, o ano que está chegando servirá para descobrirmos se a Microsoft realmente acertou. Tanto o Windows 8 quanto o Windows Phone 8 sofrerão com a competição do iOS e do Android, que estão há muito mais tempo no mercado e já possuem ecossistemas bem formados. Até hoje o Windows Phone não passou de um dígito em participação de mercado. Será que isso vai mudar com a versão 8?

Na área de games, há esperanças de que a Microsoft apresente a próxima geração do Xbox — talvez no mesmo ano do lançamento do novo PlayStation, o que deve deixar a briga bem interessante. Na área mobile, alguns especulam que, assim como fez no mercado de tablets, a Microsoft também poderá lançar um smartphone próprio, rodando Windows Phone 8.

Não vale a pena se estender em especulações de mercado, mas, seja como for, 2013 provavelmente será um ano menos agitado para a Microsoft, em que a empresa vai se esforçar em desenvolver e aprimorar seus produtos atuais em vez de criar novos produtos.

Retrospectiva 2012 no Tecnoblog: Apple | Banda larga e telefonia | Google | Jogos – Parte 1 e Parte 2 | Linux e software livre | Microsoft

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Canal Exclusivo

Relacionados