Motorola RAZR D3 é um smartphone intermediário com bom desempenho

Custando R$ 799, smartphone da Motorola tem bom desempenho e acabamento.
RAZR D3 dual chip começou a ser vendido hoje no mercado brasileiro.

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses
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Há três semanas, a Motorola chamou a imprensa para anunciar dois smartphones inicialmente exclusivos para o mercado brasileiro. Um deles é o Motorola RAZR D3, aparelho intermediário com boas especificações de hardware, atualização garantida para a próxima versão do Android e duas promessas importantes: bateria de longa duração e câmera que tira boas fotos. Ele começa a ser vendido no Brasil a partir de hoje, com preço sugerido de R$ 799.

Como o aparelho se comporta? Quais as diferenças em relação ao RAZR i? O desempenho é bom? A câmera de 8 megapixels tira fotos bacanas? A bateria de 2.000 mAh dura bastante? Vale a pena? Usei o Motorola RAZR D3 durante duas semanas e nos próximos parágrafos você confere as respostas.

Design

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O Motorola RAZR D3 é extremamente parecido com o RAZR i, smartphone com processador Intel Atom que chegou ao Brasil em outubro de 2012 (leia o review). O design é igual, a estrutura de alumínio em volta da tela continua presente e a interface do sistema, com pouquíssimas modificações em relação ao Android original, é idêntica. Mas claro, há algumas alterações em relação ao irmão mais caro.

Em relação ao RAZR i, o RAZR D3 perde a traseira feita de Kevlar. No lugar, há um plástico com textura que até lembra o material dos coletes à prova de bala, mas não é. Além disso, não há botão dedicado para tirar fotos – para acionar a câmera, será necessário executá-lo a partir do menu de aplicativos ou usar o atalho na tela de bloqueio. E a tela é um pouco menor: sai o AMOLED de 4,3 polegadas, entra o TFT LCD de 4 polegadas.

A frente do RAZR D3 é dominada pela tela e as bordas laterais são bastante estreitas, o que deixa o aparelho mais compacto e ajuda a manter uma pegada mais firme. O alto-falante frontal está escondido embaixo da marca da Motorola, a câmera frontal fica espremida no canto superior direito e não há botões físicos para acessar a tela inicial ou voltar; eles fazem parte do sistema e são exibidos na própria tela.

A bateria de 2.000 mAh não é removível, e a inserção do cartão de memória e dos SIM cards é feita através de pequenos slots presentes na lateral esquerda. Você pode ter dificuldade para colocar os chips se estiver com as unhas cortadas, mas há um pequeno acessório que ajuda na tarefa. Ah, e os SIM cards são do tamanho mais comum – não tente colocar um microSIM lá dentro como fez um amigo, porque a remoção será complicada.

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Tela

A tela LCD de 4 polegadas do RAZR D3 não traz nenhum destaque, mas também não deixa a desejar em nenhum ponto; ela oferece apenas o que esperamos de um smartphone intermediário.

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Com resolução de 480×854 pixels, a imagem é suficientemente nítida para que os quadradinhos individuais não sejam notados e os contornos das fontes sejam suaves. O brilho não é tão alto, mas o conteúdo pode ser razoavelmente bem visualizado mesmo sob a luz do sol, desde que a tela não esteja impregnada com marcas de dedo.

A profundidade de preto da tela do RAZR D3, apesar de não conseguir competir com as AMOLED, é bastante satisfatória. Não há aquela péssima sensação de que o preto é meio cinza, algo comum em celulares mais baratos. Consequentemente, ele não deve decepcionar na hora de assistir a filmes e séries.

Interface e aplicativos

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A exemplo do RAZR HD (leia o review) e do RAZR i, a Motorola continua usando um Android muito semelhante ao concebido originalmente pelo Google, sem widgets desnecessários e funcionalidades inúteis que servem apenas para deixar os aparelhos mais lentos. Não há muitas modificações em relação ao sistema original, e as poucas que existem melhoram a experiência de uso.

Deslizando a tela para a direita, é possível ter acesso a um painel de configurações rápidas, que permite desativar algumas conexões, como Wi-Fi, Bluetooth, GPS e rede de dados. No modelo com suporte a dois SIM cards, dá para ativar ou desativar o toque individualmente – se você estiver no trabalho, pode deixar no silencioso apenas as chamadas que receber na linha pessoal, por exemplo.

No menu de aplicativos, um botão dá acesso aos programas favoritos, que podem ser escolhidos pelo usuário. Esse recurso é útil para quem tem muitos aplicativos instalados, mas não usa todos eles frequentemente e, assim como eu, prefere deixar a tela inicial mais limpa, sem aquela festa de ícones coloridos.

O único widget instalado de fábrica na tela inicial é um conjunto de três círculos que mostram o relógio, o tempo e a porcentagem restante de bateria. O círculo do relógio também exibe outras informações – em vez do horário, ele poderá mostrar o resumo de uma mensagem de texto que você acabou de receber.

Como o RAZR D3 vem com Jelly Bean, ele possui o assistente Google Now, que entende, mas não fala português – se você perguntar a idade da presidente Dilma Rousseff, receberá a resposta, mas não terá o retorno por voz. Mas o Google Now é mais que um aplicativo que responde a perguntas; em pouco tempo ele descobrirá onde você mora, onde trabalha, e ajudará a organizar sua vida sem que você precise fazer nada.

O RAZR D3 não vem com muitos aplicativos pré-instalados e não tem nenhum joguinho de demonstração, pelo menos na unidade que testei. Além dos nativos do Android, há o Guide Me, uma espécie de tutorial para ensinar a usar o aparelho; o QuickOffice, que visualiza e edita documentos, planilhas e apresentações; e o útil Smart Actions, um aplicativo que executa tarefas automaticamente de acordo com o horário, local ou nível de bateria.

Câmera

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Quando a Motorola apresentou o RAZR D3, destacou bastante a câmera do aparelho, que tira fotos com resolução de 8 megapixels, possui sensor iluminado e faz imagens em HDR. O anúncio, inclusive, foi realizado em um estúdio fotográfico em São Paulo e contou com a participação do fotógrafo Bob Wolfenson, que já trabalhou em diversas revistas importantes.

Mas a câmera é apenas… normal. Ela tira boas fotos em condições ideais de iluminação, ainda que pareça não se dar muito bem com a luz – pelo menos aqui, tive alguns problemas com fotos superexpostas. Com pouca iluminação, o ruído na imagem é relativamente baixo, mas os detalhes também não impressionam. No final, apesar das fotos terem resolução de 8 megapixels, o nível de detalhes e nitidez não vai nada além do que encontramos no Nokia Lumia 620 (leia o review), que possui câmera de 5 megapixels.

O problema está na gravação de vídeo. Estranhamente, todos os vídeos são salvos com a extensão *.3gp – normalmente, smartphones Android costumam salvar em *.mp4. A captura é em 720p, mas a qualidade da imagem não é boa, provavelmente devido a limitações de hardware ou compressão alta demais. A captura de áudio é muito ruim, e minha voz ficou bem pior do que já é normalmente.

Aqui está uma pequena demonstração de vídeo gravado com o Motorola RAZR D3:

Multimídia

A Motorola decidiu manter o player de música padrão do Android, que possui integração com o Google Music. Atualmente eu uso o Rdio, mas minha biblioteca de músicas também está armazenada nos servidores do Google, o que ajuda a ter acesso a elas em qualquer lugar, sem precisar conectar o smartphone ao computador.

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E olha só: o rádio FM, que está sumindo dos novos smartphones, continua firme e forte no RAZR D3. Ele suporta RDS (informações de texto transmitidas pela estação de rádio, que normalmente incluem o nome do artista e da música) e permite que você grave a programação. No Galaxy Nexus, costumo usar o TuneIn Radio, um aplicativo que faz streaming de rádios, mas nem sempre o 3G colabora.

O player de vídeo nativo do Android não faz muita coisa, nem suporta legendas. Usando o aplicativo gratuito MX Player, é possível rodar vídeos *.mkv em 720p, mas dá para perceber que o aparelho chega no limite – a bateria vai embora rapidamente, e o smartphone começa a esquentar bastante. Se outro aplicativo estiver consumindo CPU, engasgos na imagem serão inevitáveis.

Como a frente do RAZR D3 é dominada pela tela e os botões do sistema são automaticamente ocultados quando um vídeo está sendo executado, a imersão é bem boa, mesmo com uma tela pequena, de 4 polegadas. Mas o alto-falante não é o que eu chamaria de bom: o som é relativamente baixo, e ele emite bastante ruído branco, bem notável nos momentos de silêncio.

Infelizmente, o armazenamento interno do RAZR D3 é de 4 GB, mas apenas 2,3 GB estão disponíveis para o usuário. Se você costuma armazenar vídeos ou músicas no celular, provavelmente valha a pena comprar um cartão de memória junto com o aparelho.

Conectividade e acessórios

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A caixa do RAZR D3 inclui, além do smartphone, um fone de ouvido bem simples, com qualidade de som razoável e microfone; um carregador de 850 mA, que demora duas ou três horas para completar uma carga; um cabo microUSB; e uma pequena peça para ajudar a tirar os chips e o cartão de memória.

O smartphone veio totalmente solto na caixa, mas acredito que a embalagem do produto final tenha as tradicionais proteções de papel cartão – seria um risco desnecessário deixar o aparelho batendo no carregador e nos cabos durante o transporte.

Ele suporta conexões HSPA+ no chip principal, permite que você transfira qualquer tipo de arquivo através do Bluetooth, e a antena NFC embutida pode abrir algumas possibilidades com etiquetas NFC programáveis, mas nada muito além disso – afinal, as transações por NFC ainda estão bem longe de se tornarem populares nos estabelecimentos brasileiros.

Desempenho

O calcanhar de Aquiles dos smartphones mais baratos com Android está no desempenho: com hardware mais modesto, eles costumam apresentar travamentos irritantes ou lentidão excessiva.

A boa surpresa é que esses problemas não acontecem no RAZR D3. No geral, a fluidez é boa, provavelmente devido ao Project Butter do Jelly Bean. Com 1 GB de RAM, ele também não sofre muito quando vários aplicativos estão abertos ao mesmo tempo. E a GPU roda até bem alguns jogos elaborados, como GTA III com os gráficos no máximo.

É claro que o Android ainda não é um Windows Phone, e você não terá com o RAZR D3 a mesma fluidez que um Nexus 4, por exemplo. O aparelho intermediário da Motorola se comporta como um smartphone topo de linha antigo, como o Galaxy Nexus e o RAZR Maxx. Os números apresentados pelos benchmarks, aliás, deixam isso mais claro:

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Importante: apesar do AnTuTu ter dado apenas 5.908 pontos para o RAZR i no teste realizado em outubro, os proprietários do aparelho dizem que ele faz entre 11 e 13 mil pontos.

Bateria

A bateria de 2.000 mAh não dura tanto quanto a do RAZR i, e obviamente não se compara com a do RAZR Maxx, mas ainda assim é muito boa e está acima da média em relação aos outros smartphones da mesma faixa de preço.

No meu caso, após sair de casa às 9h, ouvir música durante duas horas, acessar a internet por uma hora no 3G, usar redes sociais por alguns minutos e deixar as notificações ligadas o dia inteiro, consegui chegar em casa com 35% de carga, às 21h.

O aparelho obteve bom desempenho nos nossos testes de bateria, que envolvem execução de arquivos multimídia, navegação na web, ligação telefônica e jogos. A tabela completa e uma descrição detalhada da metodologia do teste podem ser conferidos neste link.

Com uso intenso, o gasto de bateria foi de 67%, ou seja, em três horas, o nível de bateria caiu de 100% para 33%. Com uso moderado, o uso foi de 40%. Comparando com os aparelhos que já testamos, ele foi um pouquinho pior que o Motorola RAZR HD (57% e 39% em uso intenso e moderado, respectivamente), mas melhor que o Nokia Lumia 620 (74% e 44%) e muito superior ao LG Nexus 4 (81% e 57%).

Pontos negativos

  • Péssima captação de áudio na gravação de vídeos;
  • Pouca memória interna disponível para o usuário.

Pontos positivos

  • Bateria com boa autonomia;
  • Desempenho surpreendente para um Android de R$ 799;
  • Design compacto; tela de borda a borda;
  • Jelly Bean rápido, com modificações úteis da Motorola;
  • Promessa de atualização para as próximas versões do Android.

Conclusão

A Motorola tem feito um ótimo trabalho no Brasil nos últimos meses. RAZR Maxx, RAZR i e RAZR HD agradaram bastante pelo ótimo acabamento, bom desempenho e preço competitivo. E o RAZR D3 não foge à regra: trata-se de um smartphone com relação custo-benefício surpreendente – e eu espero que os concorrentes se esforcem para criar aparelhos ainda melhores.

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Custando R$ 799 no modelo dual chip, o Motorola RAZR D3 será uma ótima compra se você tiver em mente todas as limitações inerentes a um aparelho mais barato: a câmera não faz milagres, o armazenamento interno é bem limitado e, apesar de atualmente o hardware ser muito bom para um smartphone intermediário, lançamentos como o Galaxy S4 devem criar mais possibilidades para os desenvolvedores e deixar os aplicativos ainda mais pesados.

Se eu precisasse comprar um smartphone hoje e tivesse menos de R$ 1 mil no bolso, certamente pegaria um RAZR D3. Acima disso, há opções que considero melhores, como o RAZR i, também da Motorola, e o LG Nexus 4, que possui atualizações garantidas pelo Google. Para quem gosta do Android e não quer gastar muito, ainda não existem concorrentes à altura no mercado brasileiro.

O RAZR D3 dual chip começou a ser vendido hoje nas principais lojas brasileiras. Algumas lojas oferecem 10% de desconto para pagamento à vista, o que faz o preço diminuir para R$ 720. Nas peças publicitárias, a Motorola garante que o dispositivo possui atualização garantida para a próxima versão do Android, o provável Key Lime Pie.

E o modelo single chip? Em contato com a assessoria, a Motorola nos respondeu que, neste primeiro momento, o RAZR D3 com suporte a apenas um SIM card será vendido pela Claro, e o preço estranhamente será maior que o modelo dual SIM: R$ 849. A empresa explica que a diferença de preço ocorre “por uma questão de oferta da operadora”.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.000 mAh.
  • Câmera: 1,2 megapixel (frontal) e 8 megapixels (traseira).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth 4.0, NFC e USB 2.0.
  • Dimensões: 119,3 x 59,8 x 9,8 mm.
  • Kit contém: aparelho Motorola RAZR D3, fone de ouvido (3,5 mm), carregador, cabo USB e acessório para tirar chip.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB.
  • Memória interna: 4 GB.
  • Memória RAM: 1 GB.
  • Peso: 120 gramas.
  • Plataforma: Android 4.1.2 (Jelly Bean).
  • Processador: dual-core 1,2 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, giroscópio, proximidade e bússola.
  • Tela: TFT LCD de 4,0 polegadas com resolução de 480×854 pixels e proteção Gorilla Glass.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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