Quem está mudando a realidade da banda larga nos Estados Unidos não é nenhuma das quatro grandes companhias de telefonia móvel (Verizon Wireless, AT&T, Sprint e T-Mobile). Muito menos as operadoras de banda larga tipo Net, que oferecem também telefonia fixa e televisão por assinatura. Pelo contrário, é um velho conhecido nosso: o Google. O serviço Google Fiber está mexendo com a concorrência na única cidade em que está disponível e naquelas em que chegará nos próximos meses.

Apenas recapitulando. Google Fiber é a banda larga por fibra – como o nome já indica – com a velocidade impressionante de 1 Gb/s por 70 dólares mensais. Assinantes interessados em TV a cabo pagam um pouco mais, cerca de 120 dólares mensais, para acesso a uma penca de canais em alta definição, um DVR capaz de capturar quatro transmissões simultâneas e 1 TB de armazenamento na nuvem Google Drive.

Na primeira cidade com o serviço, Kansas City, as empresas de banda larga Comcast e Time Warner Cable já se mexeram. Aumentaram algumas velocidades de conexão sem elevar o preço da assinatura. Para eles não é difícil porque a fibra ótica estava instalada em diversos pontos da cidade, mas não ofereciam a velocidade mais alta por um só motivo: não havia motivo para fazê-lo. Sem concorrência, os clientes tinham de optar pelos planos oferecidos por eles sem reclamar.

Os esforços do Google Fiber começaram no fim do ano passado em Kansas City. Um estudo publicado recentemente pela Akamai mostra aumento recorde de velocidade média de um ano para outro: 86%. Não é preciso trazer um especialista aqui no TB para confirmar que a chegada de mais um concorrente fez com que o mercado se mexesse.

O curioso é que o Google não informa quantos são os assinantes nem quais são os planos mais adotados por eles. Pode ser que a maioria dos usuários do Fiber adote o pacote com somente 5 Mb/s por 300 dólares pagos somente uma vez. É tipo uma conexão vitalícia. Claro que essa velocidade hoje em dia não representa nada dentro de uma rede de fibra ótica, então o Google pode muito bem oferecê-la praticamente de graça na região.

De qualquer forma, a simples possibilidade de trocar de uma conexão de 50 MB/s por outra de 1 Gb/s (caso real de um consumidor) pagando uma pequena diferença fez a concorrência se movimentar para enfrentar o gigante das buscas.

O Google Fiber chegará em breve a mais duas cidades americanas: Austin, no estado do Texas, onde anualmente tem a conferência SXSW voltada para tecnologia e inovação; e Provo, no estado de Utah. Lá em Austin, a AT&T anunciou que vai oferecer um plano muito similar ao topo de linha do Google pelo mesmo preço. A Time Warner Cable ainda não chegou a tanto, mas deu de lambuja um aumento nas conexões sem cobrar a mais por isso e também liberou o acesso ao Wi-Fi em espaços públicos, como shoppings e cafés, sem cobrar adicional.

Ao menos essa última prática já se disseminou pelo Brasil, como o Lucas Braga mostrou em uma matéria especial.

Adaptador do Google Fiber
Adaptador do Google Fiber

A gente não tem como saber se o Google ganha dinheiro com o Fiber. É bem provável que não, mas o buscador não está nessa indústria mesmo; o negócio dele continua sendo fazer dinheiro com serviços de internet. Só que, para chegar a esse objetivo, as pessoas precisam ter a conexão em casa primeiro!

Parece que o experimento tem dado muito certo. Ainda mais para os consumidores que subitamente viram a velocidade do serviço antigo de banda larga ou trocaram para algo ainda melhor. Eu assinaria mole o Google Fiber. E você?

Enquanto isso, no Brasil… A GVT parece ser a operadora com as melhores velocidades por preços acessíveis. Ao menos era assim que a companhia era retratada pelos próprios clientes até pouco tempo atrás. A velocidade média de banda larga pulou de 0,7 Mb/s em 2007 para cerca de 10 Mb/s em 2011. Não temos números para o ano passado, mas a expectativa era de chegar aos 12 Mb/s.

Só que, diferentemente do Google Fiber, é preciso contratar o combo também com telefonia fixa para ter uma real vantagem na contratação dos serviços da GVT. A rede está espalhada por mais de cem cidades no país, mas ainda não chegou a São Paulo. Portanto, não tenho condições de opinar sobre a qualidade do serviço.

Opa, Google Fiber chegou!
Opa, Google Fiber chegou! ME WANTS IT.

Será que falta um novo player (no jargão do mercado) para balançar o que já se estabeleceu em termos de velocidades e preços de conexão? Tenho a suspeita de que sim.

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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