Chris Wetherell: com o Google de hoje, eu jamais teria criado o Reader

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 1 semana
Sede do Google em Mountain View, na Califórnia (Foto: Wikipédia)
Google: já não tão interessante assim?

Poucas horas depois de o Google Reader ter ido desta para melhor, Chris Wetherell, principal nome por trás do projeto, declarou à revista Forbes que, se fosse hoje, jamais teria criado o leitor de feeds como um serviço do Google. Trata-se, talvez, de um sinal de que o encanto em relação ao universo da empresa já não é mais o mesmo.

Um dos motivos que fizeram com que o Google fosse tão visado por profissionais talentosos, especialmente de áreas da computação, é o incentivo que a empresa dá – ou dava – para que seus funcionários dedicassem parte do seu expediente ao desenvolvimento de ideias próprias dentro da companhia. Foi assim que vários de seus produtos surgiram, aliás.

O problema é que, se outrora o Google tinha como filosofia “faça um produto interessante primeiro, depois descobriremos como monetizá-lo”, hoje o foco está fortemente ligado à obtenção de receita. Isso significa que a companhia pode descontinuar um projeto a qualquer momento, por mais usuários que o serviço venha a ter, em nome do desempenho financeiro. O Google Reader é prova viva, ou melhor, morta disso.

É nesta parte que o ponto de vista de Chris Wetherell fica mais claro: para o desenvolvedor, atualmente é mais viável sair do Google e implementar um projeto por conta própria do que submetê-lo à aprovação dos líderes da empresa, que estão preocupados com outras coisas. “De maneira alguma eu o faria dentro do Google [de hoje]. Odiaria que a minha ideia fosse confrontada com o Google+. Seria frustrante”, disse na entrevista à Forbes.

A opinião é compartilhada por Jenna Bilotta, que, assim como Wetherell, é ex-funcionária do Google: “se as pessoas têm uma ideia incrível e se apaixonam por ela, podem se sentir mais seguras se deixarem a empresa para protegê-la”.

De fato, muitos funcionários talentosos debandaram do Google nos últimos anos para criar seu próprio negócio, muito dos quais com ideias semeadas ainda dentro da empresa. Mas, sendo razoável, não há (quase) nada de lastimável aqui: várias destas pessoas perceberam que o seu projeto teria mais chance de atrair as atenções e vingar se surgisse como uma startup ou algo do tipo.

Além disso, é necessário levar em conta que o Google está atualmente muito mais focado em determinados produtos porque o mercado exige resultados; portanto, é até compreensível que a empresa tenha deixado de ver com prioridade as ideias que em um passado recente fazia questão de incentivar. Por outro lado, é inegável que esta mudança de visão é uma balde de água fria em quem se acostumou com o estilo inovador e “anticorporativista” de seus primeiros anos.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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