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Direto de Nova York, EUA – Localizado na corporativa e descolada região do Flatiron District em Manhattan, mais precisamente na rua 21, entre as famosas Broadway e Park Avenue, fica o prédio onde se estabeleceu o QG do Tumblr. Ao fazer o checkin no Foursquare, aparecem outras empresas conhecidas que têm escritórios por ali na lista: Time Warner Cable, IBM Downtown, Bitly, eBay NYC, Mashable – que, aliás, sugeriu no app o café onde essa matéria está sendo escrita.

A entrada no Tumblr é pelo décimo andar, mas a empresa tem mais dois andares: o inferior a ele e o sexto, que está em reforma e, portanto, inacessível. O datacenter, onde ficam armazenados todos gifs e imagens de gatos e galáxias do Tumblr, fica no norte de New Jersey. Eles não divulgam a capacidade, apenas que há uma equipe lá para cuidar exclusivamente disso e sempre há cerca de três pessoas lá para garantir que tudo fique no ar.

No andar mais alto da sede em Manhattan, além da recepção, há um lounge onde os funcionários interagem, especialmente nas sextas-feiras após o expediente. Ele tem mesas compridas, mesa de ping-pong, um projetor para reuniões com todo mundo e uma pequena copa. Não é uma cozinha, mas uma pia com máquinas de café, um balcão com frutas frescas e uma chopeira. “Não é tao usada quanto você deve estar imaginando”, ri a gerente de comunicações que me acompanha na visita, Leah Linder.

Momentos depois, David Karp, o CEO, passou por nós apressado em direção a uma das várias salas de reunioes segurando um notebook em uma mão e um copo de plástico com cerveja na outra (Leah me disse que, na verdade, ele estava tomando um chá gelado).

Como todos os escritórios de startups da internet que deram certo, o do Tumblr é bem diferente do que nossos pais chamam de “trabalho”. Para começar, as salas são como grandes galpões com mesas. Não há separações entre elas, que são divididas pela decoração. A maior parte tem action figures e outros bonequinhos; a mais insólita conta com um aquário com alguns peixes e uma tartaruguinha.

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Não foi possível tirar fotos mais abertas por questões (compreensíveis) de privacidade corporativa.

Todos os “galpões” contam com salas para reuniões, que têm paredes e portas de vidro – o que é muito bom para entrar luz do dia , já que elas ficam nos cantos e, se fossem fechadas, impossibilitariam aos funcionários ver se o apocalipse zumbi já começou. O horário de trabalho é relativamente flexível e varia de acordo com a função; inevitavelmente, há as ocasiões em que é necessário ficar horas a mais para terminar a tarefa do dia.

Há várias salas de reunião, umas cinco por “galpão”, de diversos tamanhos e estilos: vi uma moça sozinha e extremamente concentrada em uma que parecia uma sala de estar com um sofá e duas poltronas e falei com o estrategista criativo, Max Sebela, em outra, que tinha uma mesa enorme e ecoava nossas vozes.

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Conversamos por alguns minutos sobre a plataforma e as comunidades que existem nela. Ele revelou que, ao contrário do que parece, o Tumblr não é absolutamente dominado por adolescentes com crises existenciais; cerca de 40% dos usuários têm entre 18 e 34 anos de idade. Mas são os teens que aparecem mais por causa do estilo de postagem. “Eles reclamam que há um limite de postagens por dia – e são 150 posts!”, ri Sebela, citando também o uso das tags como exemplo de comportamento na rede.

Inclusive, esse é, para ele, o jeito mais interessante de passear pela rede e encontrar novos blogs para seguir: começar por uma tag que tenha a ver com o que você procura e continuar a navegação pelas outras que estejam relacionadas na postagem. Ele citou algumas que acha divertidas, como fuck you mom, pokémon facts e nic cage as everyone.

Mas nem só de GIFs (que, aliás, é pronunciado direitinho na sede do Tumblr: “djíf”) vive o site e a parte séria é motivo de orgulho lá. Comentei sobre alguns criados para acompanhar as manifestaçoes no Brasil e Sebele comentou também de outros casos ao redor do mundo, como o atentado em Boston e a revoluçao na Turquia. “É muito legal ver o Tumblr como essa ferramenta de cobertura em tempo real, nos deixa muito orgulhosos. Acredito que o Tumblr seja o mecanismo ideal de produçao de conteúdo”, explica.

Ainda falando sobre o Brasil, ele disse que o país é muito importante para eles e pediu que eu falasse dos mais conhecidos. Citei o Como Eu Me Sinto Quando e, ao descrevê-lo, Sebele falou do Totally Relatable. Falei que era meio um ripoff do gringo e ele disse que essa é, em parte, a essência do Tumblr: replicar conteúdo – para quem nao está familiarizado, os reposts são uma função bastante usada.

Foi inevitável perguntar sobre a compra do Yahoo, que adquiriu o Tumblr por 1,1 bilhão de dólares em maio. Sebele disse que passou o fim de semana antes do anúncio monitorando a tag Yahoo por curiosidade e acompanhou em tempo real o crescimento da expectativa (e do drama) com a compra, mas faz uma avaliação positiva disso: “mostrou como as pessoas sao apaixonadas pelo Tumblr, como elas precisam dele para se eexpressarem. Nós temos usuários incríveis”. E garantiu que quem utiliza o Tumblr deve continuar sem sentir mudanças na rede social.

A apreciação pelos usuários é, literalmente, visível no QG. As paredes são decoradas com imagens criadas por eles, normalmente compradas diretamente das lojinhas virtuais dos artistas; tudo que se vê pendurado lá foi criado por alguém que tem um perfil no Tumblr. O resultado é a decoração bastante variada, que tem desde HQs a quadros holográficos de tudo quanto é estilo.

E, ironicamente, a sede da rede social famosa pelas fotos de gatos é dominada por… cachorros! Quatro deles, que pertencem a funcionários, passeiam livremente pelo andar inferior (não podem ir ao superior para ficar longe de quem tem alergia ao pelo) e correm para receber qualquer um que entrar pela porta.

Atualizado às 9h38 do dia 17 de julho.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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