Não pode mais: Vivo está proibida de oferecer o “4G Plus”

Decisão do Conar afeta anúncios publicitários

Thássius Veloso
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• Atualizado há 1 semana

Repare bem no vídeo acima, um anúncio veiculado no YouTube. Pode ser uma das últimas vezes que você verá o uso de “4G Plus” associado a um produto da Telefônica/Vivo. A operadora está proibida de utilizar essa nomenclatura a partir de hoje devido a uma decisão do Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação. No entendimento do conselho, o uso de “4G Plus” causa confusão na mente do consumidor. A Vivo já disse que vai recorrer.

A decisão do Conar foi tomada após uma denúncia da TIM, a segunda maior operadora do país em número de clientes (atrás justamente da Vivo, segundo números recentes). No processo, a operadora de origem italiana diz o seguinte: o “Plus” dá a ideia de que a Vivo oferece uma tecnologia superior ao 4G atualmente disponível aos meros mortais, o que obviamente não é uma verdade. A gente sabe que a tecnologia de 4G é a mesma para todas as operadoras.

Por sua vez, a Telefônica/Vivo se defendeu dizendo que o “Plus” se refere à qualidade do serviço e cobertura da rede que oferece em todo o Brasil. A operadora espanhola também trouxe à baila os comerciais da Claro sobre o “4G Max”. Se uma pode ter o “Max”, por que a outra não pode ter o “Plus”? Essa é a dúvida levantada pela defesa da Vivo. A Claro costuma se justificar dizendo que “Max” é porque a rede é mais parruda do que a da Oi e da TIM, que compraram espectros mais fracos do que aqueles de propriedade da Claro e Vivo. Mas vale lembrar que todas elas prometem velocidades muito similares.

O relator do caso disse que “não parece ser correto (sic) a utilização do Plus”. Para José Francisco Queiróz, o “Plus” está associado ao termo “4G” nas peças publicitárias, e não à marca “Vivo”, ideia que a operadora tentava vender ao Conar. Não deu muito certo. O curioso dessa decisão é que a Vivo oferece há muitos anos o “3G Plus”. Fizeram apenas uma adaptação para a nova rede de dados. O Conar decidiu implicar justamente neste detalhe.

A Vivo nos enviou uma nota dizendo que a decisão não é definitiva e que vai recorrer.

Evidentemente que se trata de uma sanção no âmbito publicitário da coisa. A Vivo continua livre para comercializar o serviço de 4G, desde que não seja o “4G Plus” com o qual o Conar encrencou.

Mensagem publicada no Facebook há aprox. 4 horas
Mensagem publicada no Facebook há aprox. 4 horas

Esses publicitários que não perdem tempo já estão brincando com a história. Enquanto a Vivo não pode dizer que tem o “4G Plus”, no Facebook ela afirma que a conexão “tem o Plus da Vivo”. Então tá.

Conar WTF?

O Conar, conforme eu escrevo mais acima, é o conselho nacional que autorregulamenta o mercado de publicidade. É nele que são discutidos diversos assuntos relacionados à veículação de peças publicitárias nos mais diversos meios. Tanto pessoas comuns como as empresas concorrentes podem apresentar reclamação sobre um determinado anúncio ou campanha.

Não se trata de um órgão do governo. O Conar não legisla nem executa leis. Entretanto, é absolutamente respeitado e suas decisões costumam ser acatadas, ainda que a contragosto. Mais ou menos como um clube do bolinha dos publicitários, uma fraternidade para que eles se resolvam entre si, amparados no estatuto da entidade.

Colaborou: Lucas Braga

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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