Leap Motion é um brinquedinho divertido

Sensor custa US$ 79,99 e consegue detectar movimentos de apenas 0,01 mm.
Dispositivo compacto é compatível com Windows e OS X.

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses
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Há pouco mais de um ano, nós conhecemos o Leap Motion, um pequenino sensor de movimentos compatível com Windows e OS X que permite o controle do computador através de gestos com as mãos. Na época, a empresa anunciou o produto como sendo “100 vezes mais preciso que o Kinect”, capaz de detectar movimentos de apenas 0,01 mm.

Como o Leap Motion oferece uma forma interessante para controlar o PC e custa apenas US$ 79,99, ficamos bem curiosos para experimentá-lo. Durante a SXSW 2013, em Austin, no Texas, nosso redator Gus Fune teve a oportunidade de brincar rapidamente com o sensor e parecia ter gostado bastante da experiência.

Nós recebemos uma unidade de teste do Leap Motion e nos próximos parágrafos você confere nossas impressões sobre o aparelho!

Como funciona?

Antes de tudo, vamos deixar algo claro: assim como o Kinect, o Leap Motion também é um sensor de movimentos. Mas os dois têm propostas diferentes. Enquanto o primeiro deve ser usado na sala de estar e monitora todos os movimentos do corpo, o segundo foi desenvolvido para ser colocado sobre a mesa, próximo ao teclado, e detecta apenas as suas mãos. Por isso, é até normal a empresa prometer uma precisão bastante superior.

O Leap Motion é um dispositivo bem compacto, do tamanho de um pendrive comum. Ele possui corpo de alumínio escovado e parece muito bem acabado. A parte de baixo é emborrachada, o que ajuda a evitar que o aparelho fique deslizando sobre a mesa. Em cima, há um vidro preto que esconde dois sensores CMOS e três LEDs infravermelho, que trabalham em conjunto para rastrear as mãos.

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Para usar o Leap Motion, basta conectá-lo ao PC usando um cabo USB e baixar um software, que inclui os drivers; uma ferramenta que mostra o que o dispositivo está “enxergando”; o painel de controle, que permite calibrar e personalizar a velocidade e precisão do rastreamento; e o Airspace, onde ficam todos os aplicativos baixados na loja do Leap Motion.

Ele ficaria mais bonito na mesa se fosse sem fio, mas a latência é algo muito importante aqui, então a necessidade do cabo USB é compreensível. E falando em cabo USB, na caixa há dois deles: um com 60 centímetros e outro com 1,5 metro. O mais curto é útil para usar o Leap Motion em um notebook; o longo será necessário caso a porta USB fique mais longe de você, como em um desktop.

Não há muito o que fuçar: logo após instalar o software do Leap Motion, você verá um rápido tutorial que ensina a usar o aparelho, sem muitos segredos. Ele já estará calibrado e bem configurado para a maioria das pessoas.

Ainda no tutorial, a primeira impressão sobre o Leap Motion é: uau, ele é rápido!

Praticamente não há atraso entre mexer as mãos e ver o resultado na tela. A precisão é realmente boa: faça um movimento mínimo na ponta do dedo mindinho e o software detectará. O visualizador do Leap Motion é bastante sensível, a ponto de mostrar a tremedeira natural das mãos.

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Como o Leap Motion é bem preciso, ele abre várias possibilidades para desenvolvedores interessados na plataforma. Sim, é possível jogar os clássicos Cut The Rope e Fruit Ninja, mas um joguinho gratuito me chamou bastante atenção: é o Dropchord.

Dropchord é um puzzle no qual o jogador usa um dedo de cada mão para formar duas esferas, que são interligadas por meio de um feixe de luz. Movimente os dedos para mexer o feixe de luz e eliminar determinados objetos; se você fizer isso rapidamente, ganhará pontos e conseguirá passar de fase. Alguns obstáculos tentarão interromper seu feixe: sempre desvie deles. O jogo é bem original e tem uma trilha sonora muito bacana.

É difícil descrever Dropchord, então dê uma olhada neste vídeo para entender melhor:

Por padrão, o Leap Motion não funciona como um substituto do mouse, mas basta instalar um aplicativo gratuito para fazer a mágica acontecer. O Touchless, disponível para Windows e OS X, permite que você controle qualquer aplicativo usando as mãos. Você pode clicar em alguma coisa (movendo o braço para frente), fazer o gesto de pinça para ampliar e reduzir objetos e rolar páginas, tanto na horizontal quanto na vertical.

Não é fácil se acostumar com o Leap Motion. Há uma curva de aprendizado aqui: nas primeiras horas, será normal apontar o dedo para o lugar errado, clicar onde não se deve e frustrar-se com gestos não reconhecidos.

Para clicar em algo, basta apontar o dedo e mover o braço para frente. O problema é que o Leap Motion pode não reconhecer o gesto como um clique, dependendo da velocidade do movimento – a recomendação é mexer o braço da maneira mais suave possível. E como é necessário tocar no “nada”, é preciso treinar bastante até descobrir o ponto certo: por diversas vezes me vi arrastando ícones e janelas porque esquecia de mover o braço para trás.

Também há uma limitação de hardware: o Leap Motion tem dificuldade para reconhecer um dedo em cima do outro. Então, para quem costuma fazer o gesto de pinça na vertical, será necessário se readaptar.

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Outro problema é que, apesar de o Touchless permitir que o usuário controle qualquer aplicativo do Windows ou OS X, são os aplicativos adaptados para o Leap Motion que realmente são divertidos. E como o Leap Motion ainda é uma novidade, a loja de aplicativos é pobre, com poucas opções e nada realmente impressionante. No momento em que escrevo esta frase, há 86 aplicativos registrados, sendo que apenas 22 são gratuitos.

Aliás, Fruit Ninja é um jogo pago na Airspace Store, onde custa US$ 2,99. Mas é legal, vai.

Vale a pena?

É difícil recomendar a compra do Leap Motion porque:

  • Ele é apenas um complemento e não vai substituir seu mouse, até porque a precisão e praticidade de um mouse ainda é maior;
  • Ele não vai, de maneira alguma, aumentar sua produtividade – e desenhistas provavelmente se darão melhor com mesas digitalizadoras;
  • Ele ainda não tem killer apps. A loja de aplicativos está melhorando a cada dia, e isso também depende da criatividade dos desenvolvedores. Mas, por enquanto, o Leap Motion é apenas um passatempo;
  • Ele não substitui uma tela sensível ao toque, apesar de ter uma proposta bem interessante.

Por enquanto, o Leap Motion é um dispositivo simpático, que tem um potencial enorme, já que a precisão é boa, especialmente quando consideramos o preço de US$ 79,99.

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Só que, no estágio em que se encontra, ele deve servir apenas como um brinquedo para ser usado nas horas vagas. Pessoalmente, ainda não vi nenhuma aplicação verdadeiramente importante que me faça deixá-lo sempre perto do meu teclado, ou usá-lo como um método de entrada alternativo no dia a dia, como faria num ultrabook com touchscreen.

Então, se você está apenas procurando algo novo para se divertir de vez em quando, o Leap Motion é uma excelente compra – mas só se você conseguir comprá-lo com um amigo que esteja viajando nos EUA, porque a empresa está com dificuldades para enviar o aparelho ao Brasil, devido aos altíssimos impostos alfandegários. Aliás, quando recebemos o Leap Motion aqui na redação, também ganhamos de presente duas folhas de papel fazendo referência ao imposto de importação (60%) e ICMS (18%), gerando uma taxa de R$ 173,19.

Já se você estiver querendo algum dispositivo para usar no dia a dia, como alternativa ou complemento ao mouse e teclado, é muito provável que você se decepcione com o Leap Motion – e ele se tornará um belo candidato a ficar perdido numa gaveta para sempre.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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