O Facebook tem atualmente 15 anos e se você está na rede social desde que ela foi traduzida para o português (do Brasil), em 2008, coleciona milhares de contatos e curtidas em páginas de marcas, pessoas públicas e sites de notícias. A essa altura do campeonato, você perdeu o controle do feed — se é que um dia teve o leme nas mãos.

Não é para menos, o que não faltam são polêmicas em torno do algoritmo que rege o feed de notícias. Se você ainda é membro da plataforma de Mark Zuckerberg, provavelmente foi exposto à última corrente recente que acusava o Facebook de limitar posts do feed de notícias a conteúdos de apenas 25 amigos — e ocultar centenas deles.

Na época, a rede social negou que faça isso. Ramya Sethuraman, gerente de produtos que trabalha no ranking do feed de notícias do Facebook, disse: “se, de alguma forma, bloqueássemos você de ver o conteúdo de todo mundo, exceto de um pequeno grupo de amigos, provavelmente você não retornaria à plataforma”. Curioso que, em todos os sites de notícias em que trabalhei, excluir o Facebook é uma das maiores demandas.

Entretanto, não se trata de um bloqueio imposto pela rede social. É sobre como o algoritmo funciona. Ao não dominar esse entendimento, não sabemos como “domá-lo”.

No último 31 de março, o Facebook voltou à vaca fria. A rede social decidiu dar mais informações sobre como e porque você vê determinados posts com mais frequência. Eu digo pistas, porque a plataforma não deu detalhes dessa equação. Temos os itens que a formam, mas ainda não sabemos o peso de cada um deles na conta para equilibrá-los.

Na ocasião, o Facebook apresentou um novo recurso chamado “Por que estou vendo isso?” para ajudar os usuários a entender melhor o que veem e controlar o que veem no que diz respeito a posts de amigos, páginas e grupos. A necessidade de explicar é clara e a movimentação mostra que a rede social está preocupada com isso.

A implementação do recurso em posts pagos teve seu ensaio em 2014, quando o Facebook incluiu o link “Por que estou vendo esse anúncio?”. Entretanto, essa é a primeira vez que a plataforma dá informações sobre como funciona essa classificação no aplicativo do celular. Ainda não há previsão de recurso semelhante na versão web.

Como vai funcionar?

Você poderá tocar em posts — e também em anúncios — que aparecem no feed de notícias para ter um contexto sobre os motivos que levam o Facebook a mostrá-los para você e ajustar as configurações para personalizar o que vê no feed.

“O objetivo do Feed de Notícias é mostrar para as pessoas as publicações que são mais relevantes para elas. “Por que estou vendo essa publicação?” explica como as suas interações passadas impactam o ranking das publicações no seu feed”, disse Ramya.

Facebook Fee de Notícias no Celular

Por que vemos o que vemos?

Segundo o Facebook, há três razões específicas. Copiadas aqui, na íntegra, para não causar dúvidas quanto a interpretação. A resposta está em como agimos na rede social.

O Facebook chamou essas razões (pontos de dados individuais) de sinais e dividiu em três categorias distintas: de quem se trata (perfil/página/grupo), tipo de mídia (texto/vídeo/foto/gif) e popularidade (comentários/compartilhamentos/reações).

  1. Por que você está vendo uma certa publicação no seu feed de notícias – por exemplo, se a publicação é de um amigo seu, um grupo que você participa ou de uma página que segue.
  2. Quais informações geralmente têm a maior influência sobre a ordem das publicações, incluindo:
    (a) quão frequentemente você interage com as publicações de pessoas, páginas ou grupos;
    (b) quão frequentemente você interage com um tipo específico de publicação, por exemplo, vídeos, fotos ou links;
    (c) a popularidade das publicações compartilhadas pelas pessoas, páginas ou grupos que você segue.

  3. Atalhos para controles que você tem, tais como “ver primeiro”, “deixar de seguir”, “preferências do feed de notícias” e “atalhos de privacidade”, para ajudar a personalizar seu feed de notícias.
Facebook Sinais

Durante os testes com o recurso, as pessoas deram o seguinte feedback: transparência nos algoritmos não é suficiente sem os controles correspondentes.

E é verdade, saber como funciona não dispensa controlar como funciona. Isso significa que você pode mudar as configurações logo que tiver a informação abaixo do post.

A maneira como vai funcionar não é definitiva a plataforma vai continuar recebendo sugestões sobre o “Por que eu estou vendo isso?” e fazendo ajustes aqui e ali.

Nos anúncios também

Além do que já tinha trabalhado nos anúncios há quatro anos, o Facebook passou a incluir detalhes adicionais. Como sabemos, empresas podem alcançar clientes na plataforma usando informações que já possuem (e-mails, números de telefones e sabe lá o que mais). A rede social combina o anúncio à audiência mais relevante (usando esses dados), mas sem revelar o que chama de informação identificável para empresas.

O “Por estou vendo esse anúncio?”, a partir de agora, dará detalhes como quando um anunciante usa informação ou se trabalhou com parceiro para rodar o anúncio.

Trocando em miúdos, como diabos certo anunciante achou você e por que está vendendo algo direcionado para o seu perfil. A partir daí, você pode começar a ser mais cuidadoso com seus dados e tentar apagá-los de parceiros ou evitar de fornecê-los.

O que significa interagir, na prática?

Em algum momento, dentro desses 15 anos, você riu de alguma coisa, entrou em um grupo, amou o post de alguém ou curtiu um evento; e talvez não se lembre disso. Se você desligou as notíficações, possivelmente nem se recorda desta conexão. Mas, a rede social lembra de tudo, incluindo os detalhes sórdidos. Isso responde porque algo pode estar se repetindo o tempo todo ou porque simplesmente sumiu do feed.

Você nem se dá conta: a cada risada em memes, comentários raivosos sobre algo que não gosta ou uma simples curtida em um produto deixam o próximo post deste mesmo usuário, tipo ou tendência mais perto de você — é uma espécie de lei da atração.

Ao navegar pelas camadas do “Por que estou vendo isso?”, vai encontrar a opção “Gerencie o que você vê no feed de notícias” e, a partir daí, pode deixar de seguir, desfazer uma reação ou uma amizade ou cancelar presença em evento e grupos.

Aos poucos, e bem aos poucos, será possível tirar do feed o que você não gosta. Ou, pelo menos, tentar entender as relações entre esses sinais e decidir se você pretende ou não continuar com algum hábito na rede social. É uma questão de treino e paciência.

Durante o ano passado, baseada em algumas dicas anteriores do Facebook, fiz esse teste e as coisas melhoraram bastante. Agora, pelo menos ficou mais fácil e mais claro o processo. Se tiver disposição, comece a jornada assim que o botão aparecer para você.

A função começará a ser liberada em alguns países nesta semana, incluindo o Brasil, e o recurso estará disponível para todos no smartphones até meados do mês de maio.

Esse conteúdo foi útil?
😄 Sim🙁 Não

Receba mais sobre Facebook na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.

Canal Exclusivo

Relacionados