Moto X, o smartphone da Motorola com o toque do Google

Leve, compacto e confortável de carregar no bolso. Este é o Moto X.
Ele chegou ao Brasil custando R$ 1.499.

Thássius Veloso
Por
• Atualizado há 11 meses
Eis aí o Moto X. Você o deseja. Eu sei que você o deseja.
Eis aí o Moto X. Você o deseja. Eu sei que você o deseja.

Ele está entre nós. O primeiro celular da Motorola desenvolvido depois que a companhia foi comprada pelo Google traz o melhor da tecnologia atual, tudo combinado para criar uma experiência completa em termos de recursos e serviços disponíveis por padrão no aparelho – de fábrica mesmo. Sem rodeios, começo esse review afirmando: o Moto X é um dos melhores aparelhos que o seu rico dinheirinho poderia comprar neste segundo semestre de 2013. Pela primeira vez, senti vontade de trocar o meu smartphone particular por outro mais avançado. Bruxaria ou tecnologia? Você descobre nos parágrafos abaixo.

Mas primeiro permita dizer mais uma coisa: normalmente publico reviews bastante extensos neste espaço. Dessa vez, economizo um tanto nas palavras. Parto do pressuposto de que tudo que deveria funcionar razoavelmente bem está funcionando razoavelmente bem, e por isso não merece comentários. Esforcei-me para identificar os pontos de destaque tanto do lado positivo quanto do negativo do smartphone.

Pegada

A construção industrial conhecida como candy bar está aí desde os tempos mais primórdios e assim continuará porque funciona. Simplesmente funciona. Não há elementos mirabolantes no design do Moto X – para nossa mais profunda alegria. Olhando de frente para a tela, você percebe que os cantos são arredondados. Possivelmente para criar uma impressão de elemento “mais orgânico” e essas coisas que os designers entendem melhor do que eu. Só sei que é simpático. Não é superelegante, não é parrudo, nada disso. Para a impressão de um celular razoável (acho que vou usar bastante essa palavra ao longo do texto).

Na parte de trás, a espessura vai afinando conforme a gente se aproxima das extremidades. É mais ou menos como as traseiras dos novos iMacs, cuja espessura se reduz, criando um efeito de menor volume. Em termos de pegada, é sensacional. O aparelho coube certinho em minhas mãos (aqui vale pontuar que eu não possuo uma raquete em forma de mão, por isso gosto de smartphones mais contidos em termos de dimensões). O Moto X tem o tamanho ideal ou quase isso, conforme comentarei na seção sobre o teclado virtual.

Vamos à descrição do que tem no smartphone. Logo de cara temos o display de 4,7 polegadas em AMOLED, a câmera frontal (2 megapixels), o furo de um microfone e o sensor de luminosidade. Bem básico, sem teclas físicas.

Na lateral esquerda há somente a bandeja para o nanoSIM. Nada além disso.

Só tem a bandeja para o SIM
Bandeja para o SIM

A lateral direita comporta o botão de ligar/desligar e o controle de volume. Sem mistérios aqui.

Pressione o ligar/desligar junto com o de reduzir volume para fazer uma captura de tela
Pressione o ligar/desligar junto com o de reduzir volume para fazer uma captura de tela

Na lateral superior fica a saída de áudio no padrão de 3,5 mm. Praticamente qualquer fone de ouvido à venda em lojas comuns de eletrônicos funcionará com o Moto X. Se você comprar outro fone de ouvido com controle de volume e microfone, ele também vai funcionar com o smartphone.

Temos na lateral inferior a porta microUSB que funciona tanto para descarregar os arquivos como para recarregar o gadget.

Funciona com qualquer adaptador Micro-USB
Funciona com qualquer adaptador Micro-USB

Por fim, a traseira: ali está a câmera de 10 megapixels que filma em Full HD, o flash de LED e os furos de um alto-falante. O toque nessa região é mais suave do que no plástico presente no restante do corpo do celular. E não bastasse tudo isso, a textura com espécie de retângulos cinza em fundo cor de chumbo é agradável. Não há excessos nessa parte do aparelho.

Essa câmera de 10 megapixels está bem longe de ser a ideal para um smartphone
Essa câmera de 10 megapixels está bem longe de ser a ideal para um smartphone

O Moto X pesa somente 130 gramas. É impressionante como esses smartphones estão cada vez mais leves. Ele não causa incômodo ao ser carregado no bolso da calça jeans ou no bolso da camisa (embora fique um pequeno pedaço para fora, dependendo da profundidade do bolso).

Display em AMOLED

"Adventure is out there/ It's heading our way"... Exibição de vídeo em alta definição via Netflix
“Adventure is out there/ It’s heading our way”… Exibição de vídeo em alta definição via Netflix

Está na moda produzir celulares com o bendito do AMOLED. As fabricantes dizem que há economia de energia, pois não é preciso emitir luz para exibir os pretos, se me permite simplificar bastante a explicação para essa tecnologia. Estão certos – o Moto X acerta em cheio ao usar um visor em AMOLED. As cores são vibrantes e a reprodução de vídeos é muito nítida. Entretanto, pode ser que a saturação não agrade a todo mundo. Eu percebi uma ligeira perda de cores em comparação com outros gadgets no mercado atualmente (em especial aqueles com IPS LCD, se me permite fazer a comparação). Mas calma lá! É natural que tecnologias diferentes tenham desempenhos diferentes. Você não estará perdendo muito ao comprar um smartphone desses, pois a qualidade ainda é acima da média.

Entretanto, tem dois pontos que não posso deixar de tocar. Primeiro, eu fiquei com a impressão de que o display pendia ligeiramente para o amarelo. Como se tivesse um sépia ativado permanentemente. Mas, de novo: essa é a percepção de um indivíduo chato, com olhar treinado para perceber essas variações. Não é algo que lhe incomodará. Não deveria, pelo menos. É bem suave. Prometo.

O segundo ponto me incomodou mais. Como já é de imaginar, eu passo o dia lendo textos na tela do celular. Logo reparei que, ao rolar as páginas, os textos meio que se arrastam pelo display. Creio que tenha a ver com o contraste dinâmico (embora exista muita polêmica em torno dessa terminologia). Para explicar melhor: lembra quando o Windows permitia ajustar para o cursor do mouse exibir um rastro pela tela? É mais ou menos a mesma coisa. Isso sim me incomodou. O dono do aparelho acaba se acostumando, pois não é nada absurdo, mas também está lá.

Ok, Google Now

Os promotores de vendas treinados pela Motorola foram orientados a falar com especial carinho da integração com o Google Now. É como se o smartphone estivesse sempre de butuca ligada, com os ouvidos bem sintonizados e só esperando que você diga o emblemático comando “Ok, Google Now”. Quase como um “Alorromora!” – ou “Abracadabra!” para a turma das antigas –, ele aciona um feitiço para que o Moto X imediatamente mostre uma tela com o ícone de um microfone. Ele está só esperando que você diga o que quer. Sem digitar nada. O bom e velho comando de voz, agora potencializado pela conexão com a internet.

Ok, Google Now

Como é o desempenho do Google Now por meio de voz? Interessante, eu diria. Não são muitos os comandos reconhecidos em português. Algumas frases que funcionaram muito bem para mim foram: “Ligar para Mark Alves”, “Quanto é 322 dividido por 8” e “Navegar até Shopping Pátio Paulista”.

No caso do comando para realizar a chamada, o Moto X exibe uma foto do contato vinculado àquele nome e pergunta se você quer prosseguir com a operação. Se nenhuma resposta for dada ou se você disser “sim”, a chamada é feita. Muito prático.

Antes da mágica funcionar, o dono do celular precisa repetir três vezes a frase “Ok, Google Now” para que o Moto X aprenda aquela voz. Em seguida, já está operando normalmente. Foram poucas as vezes em que o recurso deixou de me responder logo na primeira tentativa.

O assistente Google Now, que exibe a previsão do tempo e antecipa suas ações, é o mesmo de todos os celulares com sistema Android desde o 4.1. A busca responde, por exemplo, quem é a chanceler da Alemanha ou a idade de Barack Obama. Entretanto, o celular ainda não aprendeu a falar o nosso idioma, resultando em respostas na tela do aparelho mesmo – praticamente todas são resultados de pesquisa do Google.

Notificações pulsantes

O Moto X está sempre pronto para te atender com o Google Now. Fora isso, ele traz informações relevantes sempre que elas pintam na central de notificações do celular.

Por exemplo, sempre que você tira o aparelho do bolso, ele automaticamente mostra a hora, sem que o dono precise apertar qualquer botão. Essa tecnologia da Motorola é perfeita para dar alguns anos de vida útil a mais ao botão Power, que sofre toda vez que a gente o pressiona simplesmente para consultar o horário.

Tem também as notificações. Elas pulsam na tela por alguns minutos e depois desaparecem, sem fazer muito alarde, mas você sabe que estão ali. A Motorola leva vantagem nesse quesito por ter adotado a tecnologia AMOLED. Falando resumidamente, não há necessidade de iluminar as partes da tela que apresentam preto, de modo que o smartphone não fica superiluminado assim, do nada. Os ícones de notificação são discretos e servem para desbloquear o Android e ir direto conferir o que tem de novidade naquele app específico.

Android e desempenho do smartphone

O Android da Motorola
O Android da Motorola

A Motorola diz que desenvolveu uma arquitetura própria para o Moto X, chamada Motorola X8 Mobile, que inclui processador Snapdragon S4 Pro dual-core com frequência de 1,7 GHz da Qualcomm, GPU Adreno 320 quad-core, um processador dedicado de linguagem natural e outro de computação contextual (oito núcleos de processamento, portanto). A memória RAM é de 2 GB.

Agora que os números e especificações foram expostos, vamos aos comentários: o Moto X é muito veloz em todas as tarefas que desempenha. Pode ser escrever um email ou carregar uma página da web, telefonar para alguém ou editar documentos no novo Quickoffice. Tudo roda suave na nave neste dispositivo móvel. Em parte, atribuo o desempenho ao chip da Qualcomm. Também é importante que se diga que os processadores para smartphones estão evoluindo muito rapidamente. Desempenho assim, sem engasgos, é o tipo de coisa que já vemos em aparelhos concorrentes.

A inicialização do Moto X é muito rápida – dele levar algo na casa dos 15 a 20 segundos, se bem me recordo. Acredite, está acima de alguns bons aparelhos que estão à venda ou estiveram nos últimos 12 meses.

Que mais? Também tem a GPU que não dá problema. Eu fiz rápidos testes com o FIFA 14 e o derradeiro teste do Fruit Ninja. O Moto X se saiu bem em todas essas tarefas.

moto-x-benchmarks

Em resumo, não se preocupe com as especificações. Parece que o smartphone foi pensado para atender as necessidades atuais dos consumidores e possivelmente outras que vierem nos próximos meses.

O Moto X só não tem milhares de sensores como os que rolam a página automaticamente ou liberam o acesso ao sistema depois de mostrar a impressão digital. Vale lembrar que este nem sequer é o propósito desse aparelho. Ele não custa muito, minha gente. Trata-se de um aparelho intermediário com desempenho de aparelho avançado, com exceção da…

Câmera de fotos e vídeos

Ali também tem um flash de LED
Ali também tem um flash de LED

O sensor do Moto X captura imagens com 10 megapixels. A um primeiro olhar, pode soar increvelmente bom, porém não é bem por aí. Se a Motorola nunca teve tradição no campo das fotos em dispositivos móveis, a compra pelo Google não afetou em nada essa disposição. A câmera do Moto X é medíocre (para pegar leve com o pobre coitado).

As fotos feitas em ambiente com iluminação natural parecem lindas no display do smartphone, mas só no display do smartphone mesmo. Elas não resistem à exibição em monitores maiores. Parece que falta cor – isso é péssimo.

Dê uma olhada. As fotos abaixo não passaram por edição.

Também fiz fotos em ambiente mais escuro, com iluminação artificial. O resultado não foi dos melhores. O curioso é que essas fotos acima pareciam muito boas quando eu as visualizei na tela do Moto X… Acho que tem a ver com o display de maior saturação citado anteriormente.

Enfim, não se trata de um dispositivo para quem quer sair por aí fotografando o mundo para postar no Flickr.

Um recurso legal do qual preciso falar: o gesto para acionar a câmera. Em qualquer tela do smartphone (exceto a da câmera), movimente a sua mão rapidamente para a frente duas vezes (como se estivesse enxotando alguém) para que a câmera de 10 megapixels seja imediatamente acionada. Sem apertar nenhum botão e sem dar um comando de voz. Aprovado.

Os vídeos feitos com o Moto X também não são dos melhores. Eu fiz três que acompanham este review: o primeiro em condições normais de iluminação natural e o segundo em ambiente com luz controlada – é o Teatro Renault, em São Paulo. Eu sei que esse último foi forçar a barra contra o smartphone, mas é melhor compartilhar o resultado para que você tire suas conclusões.

O Moto X faz gravações em slow motion. Fica sem o áudio, mas é um recurso interessante mesmo assim. Confira…

Bateria

A Motorola parece ter aprendido a fazer baterias que te acompanham ao longo do dia (de trabalho) antes de lançar o Moto X. Estou particularmente surpreso que um smartphone tão leve, tão diminuto e com preço menor que os celulares top possua uma bateria tão boa. Vamos aos números.

Normalmente é assim: longa bateria, mesmo para um usuário mais exigente como eu
Normalmente é assim: longa bateria

Eu realizei um teste intenso que é uma variação do teste padrão aqui do site. Tela em brilho no máximo, com os apps desnecessários desativados, e lá fui cumprir as seguintes tarefas: assistir episódio de uma série em .mkv e qualidade de 720p por aproximadamente 50 minutos; assistir a dois episódios de Big Bang Theory em .mp4 por cerca de 40 minutos; assistir vídeo via streaming em alta qualidade por meia hora; navegar no 4G (Wi-Fi desligado) por 30 minutos e depois no 4G + Wi-Fi por mais 30 minutos; jogar Fruit Ninja por mais 20 minutos. Ao fim de todas essas tarefas, o smartphone ainda tinha 49% de bateria para seguir trabalhando.

De modo geral, percebi que o Moto X consegue levar uma jornada comum de trabalho tranquilamente. Quando retornava para casa, normalmente ainda tinha 60% de bateria para usar no dia seguinte. Chegou ao cúmulo de eu enfrentar um plantão de 10 horas na redação, voltar para casa, acordar no dia seguinte e ainda ter mais um tanto de bateria para outro dia. Isso é impressionante e muito bom.

Devo destacar que eu não usei nenhum aplicativo para ampliar a duração da bateria, como o BatteryGuru da Qualcomm.

Alguns apps da Motorola

A Motorola embutiu alguns apps no Moto X. Um deles é o Moto Care, que abre uma espécie de assistência técnica diretamente com a central de controle da fabricante. Consegui usá-la para fazer algumas perguntas básicas, mas como o aparelho não tinha problema nenhum, não foi possível me aprofundar nesse exame. O atendente da Motorola demorava um pouco para responder, então virou tipo um WhatsApp: você manda uma mensagem; quando pinta uma resposta, a central de notificações te avisa. Só achei curioso que ele tenha me perguntado qual era o smartphone que eu tinha em minhas mãos. Seria mais inteligente enviar esses dados automaticamente.

Outro software que tem dado o que falar é o Moto Connect. Em tese, ele permite visualizar algumas notificações e ler SMS diretamente no Chrome, graças uma extensão especial desenvolvida pelos engenheiros da fabricante. Infelizmente, não houve meio de fazer o recurso funcionar comigo. A extensão para Chrome acessava minha conta do Google, mas não conseguia estabelecer o contato com o smartphone. O Mobilon também está testando o Moto X e conseguiu brincar com o Moto Connect. Imagino que ele publicará futuramente um texto tratando especialmente do assunto.

O que me agrada

  • 4G! Eu falo pouco da conectividade no review, mas ela está lá. Ainda que a cobertura na cidade de São Paulo ainda não seja das melhores.
  • Acabamento muito bem feito, com construção simples, porém simpática.
  • Desempenho fora de série graças à combinação de Snapdragon S4 Pro, Adreno 320 e memória RAM de 2 GB (sem falar na tal arquitetura exclusiva da Motorola).

Hmmmm, não gostei

  • Câmera de 10 megapixels que decepciona tanto em fotos como em vídeos. Evite o smartphone se este for o seu propósito de comprar um novo celular.
  • Display que apresenta as imagens tendendo um pouco (bem pouco) para o amarelo e que exibe aquele rastro na rolagem de texto.

Veredito

Leve, compacto e confortável de carregar no bolso. Este é o Moto X
Leve, compacto e confortável de carregar no bolso. Este é o Moto X

Eu já disse isso no começo do artigo e volto a dizer agora: avalio que o Moto X tem uma das (se não for “a”) melhores relações entre custo e benefício para smartphones no momento. É rápido, compacto, simpático e com bateria duradoura por R$ 1.499. Preço tentador. Certamente ponderaria entre ele e alguns celulares top de linha caso estivesse à procura de um novo companheiro eletrônico para o cotidiano.

Faço uma ressalva em relação à câmera que não é das melhores. A Motorola prometeu uma atualização que deve corrigir parte do desempenho ruim dessa parte do smartphone, fazendo dele um aparelho ainda mais interessante.

Nesta faixa de preço, o Moto X é imbatível.

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O Moto X já está à venda nas Lojas Colombo por 1349 reais, valor a ser pago à vista, no boleto bancário ou débito online. Também é possível parcelar em até 12 vezes de R$ 124,92. Se você ainda tem dúvidas com relação ao aparelho, o Mobilon participou de um Hangout junto com o Edu Agni, do UX.BLOG e o Renato Arradi, da Motorola Mobility, para explicar melhor os recursos do X. Confira abaixo o vídeo na íntegra.

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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