Lumia 1020 e sua câmera impressionante de 41 MP

Câmera do Nokia Lumia 1020 tira fotos espetaculares e se dá bem à noite.
Com Windows Phone 8 e Amber, ele chegou ao Brasil por 2.399 reais.

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
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Pouco mais de um ano após revelar o Nokia 808 PureView, um smartphone com câmera fantástica que ficou limitado pelo sistema operacional ultrapassado, a Nokia voltou a apostar num grande sensor de imagem e lentes de qualidade para tentar colocar a melhor câmera possível no corpo de um celular. Surgiu o Lumia 1020, um Windows Phone com câmera de 41 megapixels que acabou de chegar ao Brasil por 2.399 reais.

Em tempos de guerra dos megapixels, é normal ficarmos desconfiados de câmeras com resoluções muito altas. Às vezes, a qualidade da imagem é prejudicada em favor do marketing: um número grande enche os olhos do consumidor, mas um sensor pequeno com muitos megapixels tende a gerar mais ruído, piorando a foto. Com um processamento por software agressivo, o resultado acaba sendo fotos com baixo nível de detalhes.

Com sensor de 41 megapixels, as fotos do Lumia 1020 são realmente boas? Em condições noturnas, ele realmente captura imagens melhores que os concorrentes, como promete a Nokia? A finlandesa corrigiu as deficiências do outro smartphone com câmera poderosa, o Nokia 808 PureView? Depois de duas semanas usando o Lumia 1020, posso dizer que a resposta para essas perguntas é afirmativa.

Design e pegada

O corpo único de policarbonato do Lumia 1020 tem o que esperamos de um smartphone topo de linha da Nokia: tudo é muito bem encaixado, os materiais parecem ser de ótima qualidade e a sensação de robustez está fortemente presente.

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O modelo que testei era branco e tinha um acabamento fosco. Há pontos positivos e negativos nessa abordagem: se por um lado isso torna a carcaça menos suscetível a marcas de dedo e arranhões, por outro faz com que o Lumia 1020 acumule mais sujeira que o normal. Acostume-se a esfregar a traseira do aparelho com um paninho após deixá-lo sobre superfícies não muito limpas.

Assim como o Nokia 808 PureView, o Lumia 1020 tem um calombo na traseira para abrigar o grande sensor de 41 megapixels, o flash de xenon e o conjunto de lentes com estabilização ótica de imagem. Não é a coisa mais bonita do mundo, mas ficou visualmente bem mais agradável em relação ao irmão mais velho com Symbian.

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Apesar disso, a pegada piorou: no Nokia 808 PureView, o calombo servia como um apoio para o meu dedo indicador, enquanto no Lumia 1020 ele é um estorvo. Pode ser apenas falta de costume, mas nas duas semanas de teste, havia uma sensação frequente de que o smartphone não estava suficientemente firme na mão e poderia cair. O acabamento fosco provavelmente contribuiu com essa sensação.

Não há muito o que colocar ou tirar do Lumia 1020: a bateria não é removível e não há entrada para cartão de memória, então o único slot que temos acesso é a bandeja do Micro-SIM na parte superior do aparelho, que pode ser aberta cutucando o orifício com uma pequena chave inclusa na caixa.

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No resto do corpo, o Lumia 1020 tem a entrada para o fone de ouvido de 3,5 mm e o microfone para cancelamento de ruídos na parte superior; e um conector Micro USB, um buraco para pendurar cacarecos e um bom alto-falante na parte inferior. Na lateral direita estão o liga/desliga, o controle de volume e, como não poderia faltar, um botão dedicado para a câmera, que pode ser acionado inclusive quando o smartphone estiver com a tela bloqueada.

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Tela

Em vez de colocar uma tela IPS LCD como fez nos outros Lumias, a Nokia optou pelo AMOLED. A escolha foi certeira: o preto real combinou perfeitamente com o minimalismo do sistema operacional, a não ser que você seja um daqueles que prefere o Windows Phone com fundo branco. A profundidade do preto do AMOLED também fez com que a tela ficasse em harmonia com o painel que cobre a câmera frontal e os botões capacitivos: tudo parece uma coisa só.

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Saturação e temperatura de cor ao gosto do freguês
Saturação e temperatura de cor ao gosto do freguês

Com 4,5 polegadas, resolução de 1280×768 pixels e densidade de 332 pixels por polegada, a tela do Lumia 1020 não é a mais definida do mundo, mas é suficiente para tornar muito difícil a visualização de pixels individuais. A leitura de textos é bastante tranquila, mesmo que a fonte esteja pequena. A visualização sob a luz do sol é boa, embora não tanto quanto a do Nokia 808 PureView.

Uma característica que a Nokia destaca no Lumia 1020 é o Super Sensitive Touch, que permite o uso do touchscreen mesmo vestindo luvas. Não é um recurso imprescindível em um país tropical, mas está lá para quando o frio do Sul atacar. Pessoalmente, tive um problema com essa função: fios de fones de ouvido e cabos USB deixados acidentalmente em cima da tela eram detectados como toque, o que às vezes fazia com que o aparelho não entrasse em modo de espera, drenando a bateria. Por isso, preferi diminuir a sensibilidade.

Para quem gosta das cores mais fortes dos painéis AMOLED, elas estão na tela do Lumia 1020 também. Entretanto, se você prefere as tonalidades mais neutras do LCD, é possível ajustar a saturação e a temperatura da cor nas configurações do sistema.

Software

Mapas offline da Nokia
Mapas offline da Nokia

O Lumia 1020 vem com o Update 2 do Windows Phone (8.0.10328.78) e traz as novidades da atualização Nokia Lumia Amber.

O primeiro detalhe a ser notado é o Nokia Glance Screen, que exibe um relógio quando o smartphone estiver em modo de espera. Por padrão, o horário é exibido durante 15 minutos e depois desaparece para economizar bateria. No entanto, você pode configurá-lo para que o relógio seja exibido sempre, nunca ou quando passar a mão sobre o aparelho. Não consegui medir o impacto na bateria, mas o gasto em uma tela AMOLED não deve ser relevante.

Além do relógio exibido com o telefone em modo de espera, algo que lembra muito o Symbian, há o útil recurso de tocar duas vezes na tela para acordar o aparelho, que serve como uma alternativa ao botão físico liga/desliga. O gesto de virar o smartphone sobre a mesa, para silenciar o alarme ou uma ligação, também está disponível.

Entre os aplicativos pré-instalados, temos o Here Maps, com a útil função de download de mapas para acesso offline; o Photobeamer, para exibir fotos armazenadas no aparelho em outra tela; e o Nokia Música, que permite a compra de álbuns na loja da Nokia. Também há softwares para tirar melhor proveito da câmera, que citei acima, e aplicativos de terceiros de utilidade duvidosa, incluindo Angry Birds Roost, Buscapé e World of Red Bull.

Câmera

Com um sensor de 41 megapixels, lentes Carl Zeiss, estabilização ótica de imagem e todos os superlativos usados pela Nokia, está claro que o principal motivo pelo qual alguém iria querer um Lumia 1020 é a câmera. Nós já dissemos isso em julho, quando mexemos no aparelho pela primeira vez durante o anúncio oficial em Nova York, mas vale a pena repetir: sim, a câmera é tudo isso mesmo.

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Não é só uma questão de megapixels. A Nokia também aumentou o tamanho físico do sensor, o que provavelmente explica o calombo na parte traseira. O Lumia 1020 tem um sensor de 1/1,5 polegada, maior que praticamente todas as câmeras compactas voltadas para o público em geral, que tipicamente possuem sensores de 1/2,3 polegada. Nós publicamos um artigo explicando em detalhes como funciona a câmera PureView de 41 megapixels do Lumia 1020.

O sensor do Lumia 1020 tem formato circular, então as fotos têm resolução menor que 41 MP: elas possuem 34 MP (7712×4352 pixels) em proporção 16:9 ou 38 MP (7136×5360 pixels) em proporção 4:3. Nas configurações padrão, o aplicativo Nokia Pro Camera usa a técnica de oversampling para salvar simultaneamente uma foto menor, de 5 MP. Um grupo de sete pixels forma um “super-pixel”, que mantém os detalhes da foto e filtra o ruído.

Nokia Pro Camera: controle de exposição, velocidade do obturador, ISO, balanço de branco e mais
Nokia Pro Camera: controle de exposição, velocidade do obturador, ISO, balanço de branco e mais

As fotos de 5 MP geradas pelo Lumia 1020 impressionam: o nível de detalhes é impecável e há pouco ruído. À noite, as fotos saem claras e bem definidas. Em ambientes internos, sem muita iluminação, também é possível capturar imagens muito boas, especialmente devido ao flash de xenon, mais forte que o flash LED usado na maioria dos smartphones.

Nas fotos com resolução total, é possível enxergar os ruídos gerados pelo sensor. No entanto, com tamanho entre 10 MB e 15 MB, está claro que as imagens são armazenadas para serem manipuladas por um editor (como o Photoshop) ou para aproveitar o recurso de reenquadramento: você pode dar zoom e modificar o quadro da imagem posteriormente através do Nokia Pro Camera. Uma atualização permitirá que o Lumia 1020 salve fotos cruas em RAW, o que deve agradar ainda mais os fotógrafos.

O Lumia 1020 enxerga muito bem
O Lumia 1020 enxerga muito bem

Para quem gosta de explorar a câmera em vez de tirar fotos apenas no automático, há alguns ajustes bem interessantes no Nokia Pro Camera. Além de alterar o ISO, balanço de branco e compensação de exposição, configurações que você encontra na maioria dos smartphones, é possível controlar a velocidade do obturador, o que abre várias possibilidades. Você pode fixar o Lumia 1020 em um tripé, com a ajuda do acessório Camera Grip, por exemplo, e tirar fotos noturnas com exposição de até 4 segundos. Só faltou o controle de abertura.

Estas são as fotos reduzidas para 5 MP. Elas não passaram por nenhum software de edição. Os dados EXIF estão preservados.

Abaixo, as fotos de 34 MP, que também não passaram por tratamento. Cada imagem varia de 8,7 MB a 13 MB, então recomendo que você clique com o botão direito e abra as fotos em nova aba.

A gravação de vídeo também é muito boa. A qualidade da imagem não impressiona tanto em relação aos outros smartphones, principalmente com o Galaxy Note 3 filmando em 4K, mas o áudio é acima da média. Uma tecnologia que a Nokia chama de Nokia Rich Recording faz com que os graves e agudos sejam reproduzidos sem distorção, mesmo se estiverem em um volume alto. E funciona de verdade, pelo que pude perceber no curto vídeo abaixo:

A Nokia também aproveita a resolução altíssima do sensor para permitir o zoom sem perda de definição: em vez de esticar o quadro, prejudicando a qualidade da imagem, há apenas um corte. É possível ampliar a imagem em até 4x ao gravar em 1080p ou até 6x durante a filmagem em 720p. O vídeo a seguir mostra que é possível enxergar claramente o número de um ônibus a pelo menos 40 metros de distância usando o zoom do Lumia 1020:

Hardware e conectividade

O Lumia 1020 é o primeiro Windows Phone com 2 GB de RAM, mas o resto das especificações não impressiona tanto: com processador dual-core Snapdragon S4 Plus de 1,5 GHz e GPU Adreno 225, ele não tem tanto poder. Não que isso seja ruim: assim como em outros Windows Phones, o desempenho é ótimo e não há sinais de engasgo. Como a quantidade de RAM é generosa, alternar entre aplicativos é rápido. A animação do aplicativo sendo recarregado ainda aparece, mas bem menos que nos aparelhos mais limitados.

Nas conexões, nada a reclamar: o Lumia 1020 é compatível com o LTE brasileiro, o que garante ótimas velocidades para quem possui plano 4G e mora em uma cidade com cobertura razoável, como São Paulo. Agora que as redes estão vazias, consigo ultrapassar facilmente os 40 Mb/s. Além disso, o aparelho tem Wi-Fi 802.11n, NFC e Bluetooth.

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Dentro da caixa do Lumia 1020, a Nokia envia o manual de instruções; uma pequena chave para ejetar a bandeja do Micro-SIM; um ótimo carregador de 1,5 A, capaz de elevar a bateria de 0% a 80% em cerca de uma hora; um cabo Micro USB 2.0; e um fone de ouvido intra-auricular com boa qualidade de som, que acompanha três pares de borrachinhas extras de tamanhos diferentes.

Para deixar registrado, os resultados dos benchmarks do Lumia 1020, usando o Internet Explorer, são os seguintes:

  • Sunspider 1.0.2: 907,1 ms
  • Mozilla Kraken 1.1: 45.847,2 ms
  • Google Octane v1: 592 pontos

Bateria

A bateria de 2.000 mAh não é a maior entre os topo de linha, mas foi surpreendentemente boa no uso diário. Com duas horas de música por dia, meia hora de navegação em 4G e notificações ligadas o dia todo, sempre conseguia sair às 10h e chegar em casa às 21h com algo entre 40% e 65% de bateria, o que é uma excelente marca. Eu diria que um usuário médio conseguiria ficar até a metade do outro dia sem precisar correr atrás de um carregador.

Claro, a marca impressionante de pelo menos 40% de bateria restantes no final do dia não leva em conta as vezes em que tirei muitas fotos com o Lumia 1020. Ao fotografar, é fácil notar o súbito aumento da temperatura na parte traseira, próximo ao calombo da câmera, e a queda rápida no nível da bateria. Processar fotos tiradas por um sensor de 41 megapixels claramente não é uma tarefa muito leve.

O aparelho obteve ótimo desempenho nos nossos testes de bateria, que envolvem execução de arquivos multimídia, navegação na web, ligação telefônica e jogos. A tabela completa e uma descrição detalhada da metodologia do teste podem ser conferidos neste link. Como o player do Windows Phone não suporta vídeos em *.mkv, trocamos por um filme em *.mp4 de mesma resolução.

Com uso intenso, o gasto de bateria foi de 56%, ou seja, em três horas, o nível de bateria caiu de 100% para 44%. Com uso moderado, o uso foi de apenas 22%.

Pontos negativos

  • Desconfortável de segurar.

Pontos positivos

  • Boa duração de bateria.
  • Flash de xenon.
  • Melhor câmera disponível hoje em um smartphone.
  • Ótimo desempenho.
  • Tela com boa definição e contraste.

Conclusão

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O Lumia 1020 é indiscutivelmente o melhor Windows Phone disponível no mercado brasileiro. Ele praticamente não tem defeitos. A tela, apesar de não ter a maior definição do mundo, é excelente. O desempenho, combinado com a tradicional fluidez do Windows Phone, não deixa a desejar em nenhum momento. A bateria, um ponto que muitos smartphones pecam, tem ótima duração. E a câmera cumpre o que o marketing da Nokia promete.

No entanto, com preço sugerido de 2.399 reais, é preciso dar uma olhada melhor nas alternativas. O Lumia 1020, assim como o velho Nokia 808 PureView, é claramente voltado para um público específico: pessoas que gostam de fotografia e fazem questão de ter a melhor câmera disponível hoje em um smartphone, mas abrindo mão da pegada, que não é das melhores, e do design, que possui um calombo não muito agradável na traseira.

Apesar da câmera do Lumia 1020 ser espetacular, os smartphones concorrentes não ficam muito atrás. Sem entrar em brigas desnecessárias com outros sistemas operacionais, temos o Lumia 925, mais fino, leve e bonito que o Lumia 1020, mas ainda com uma câmera decente. Ele custa 600 reais a menos: foi lançado no país por R$ 1.799. Trata-se de uma diferença nada desprezível, de 25%.

Logo, se a câmera está no topo da sua lista de prioridades para o seu próximo smartphone, o Lumia 1020 é o melhor aparelho que você conseguirá hoje no mercado brasileiro. Entretanto, se você não faz questão de controles manuais, arquivos em RAW, fotos gigantes para tratamento posterior ou impressões em grandes tamanhos, há smartphones com custo-benefício mais atraente.

Especificações

  • Bateria: 2.000 mAh.
  • Câmera: 41 megapixels (traseira) e 1,2 megapixels (frontal).
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, NFC, Bluetooth 3.0 e USB 2.0.
  • Dimensões: 130,4 x 71,4 x 10,4 mm.
  • GPU: Adreno 225.
  • Memória externa: sem entrada para cartão de memória.
  • Memória interna: 32 GB (modelo de 64 GB exclusivo da Vivo).
  • Memória RAM: 2 GB.
  • Peso: 158 gramas.
  • Plataforma: Windows Phone 8.
  • Processador: dual-core Snapdragon S4 Plus de 1,5 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, bússola, giroscópio e proximidade.
  • Tela: AMOLED de 4,5 polegadas com resolução de 1280×768 pixels.

Especificações da câmera

  • Tamanho do sensor: 1/1,5 polegada.
  • Resolução da foto: 33,6 MP (7712×4352 pixels) em proporção 16:9 ou 38,2 MP (7136×5360 pixels) em proporção 4:3.
  • Distância focal: 25 mm em proporção 16:9 ou 27 mm em proporção 4:3 (equivalência a 35 mm).
  • Abertura: f/2,2.
  • Conjunto ótico: seis lentes, sendo cinco de plástico e uma de vidro de alta precisão.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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