Depois de ser o gatilho de infindáveis discussões nas redes sociais nas últimas semanas, o Tubby, aquele aplicativo que ia permitir avaliar mulheres, mais ou menos como o Lulu, foi revelado como um grande hoax para passar uma mensagem importante.

Um vídeo foi postado ontem à noite, quando era para o aplicativo ter sido lançado, com legendas que explicam as intenções reais segundo seus criadores. É este:

O texto dá uma lição de moral em todo mundo que realmente estava ansioso para avaliar mulheres, relacionando essa prática ao revenge porn e atentando para o estrago psicológico que pode causar a exposição de uma pessoa. Ou seja, o aplicativo nunca nem chegou a ser criado: era só uma tentativa de apontar problemas que existem e não estavam tendo a atenção merecida.

Por este motivo, os criadores do “app”, Guilherme Salles e Rafael Fidelis, merecem aplausos. Eles tiveram a ideia e entraram em contato com Livia Gusmão, da Conteudoria, para que ela agitasse o aplicativo nas redes sociais. O resultado, publicado pela própria empresária em seu Facebook, foi enorme: 1,5 milhão de pessoas acessaram o site, que rendeu 850 mil resultados de busca no Google, 98 mil compartilhamentos do site no Facebook e mais de 3 milhões de impressões no Twitter em apenas 24 horas.

Para encerrar a campanha, os rapazes entraram em contato com o blog Não Salvo para gravar um vídeo com um “investidor coreano” (Pyong Lee, que tem um canal de humor no YouTube) e deixaram os links para os perfis de todos os envolvidos na descrição do vídeo.

Mas, antes de enterrar o assunto, algumas coisas ficaram mal explicadas e isso tem gerado bastante desconfiança sobre quais as reais intenções do pessoal que idealizou o aplicativo.

Será?

A primeira é quanto à coleta de informações: além dos emails dos caras que se cadastraram, para que as moças não fossem incluídas, era preciso autorizar o aplicativo a ter acesso a algumas informações do perfil. Mas, se não era um aplicativo de verdade, para que coletar essas informações? E mais: elas eram coletadas de quem pedia para sair do app. Qual o sentido?

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A Jac, nossa colaboradora, não quis ser avaliada, cedeu dados para o app e ainda foi chamada de arregona. É mole?

Depois, quanto aos servidores relacionados ao domínio: aparentemente, são oito instâncias no Amazon EC2.

Por fim, é bem curioso que, o lançamento do app tenha sido adiado sendo que não há app nenhum, só um vídeo. Se o aplicativo nunca existiu, estamos falando de um vídeo relativamente simples que precisou de uma extensão de deadline para ser concluído. E, coincidentemente, foi revelado que ele era fake após a proibição do Tribunal de Justiça de Minas Gerais – que veio depois da primeira data de lançamento. Ainda sobre a decisão judicial, uma pessoa no Twitter que diz trabalhar com um dos criadores do app afirmou que ele “passou o dia quase chorando” quando saiu a liminar.

Também é suspeito que as próprias legendas de lição de moral só tenham sido colocadas após o upload no YouTube, por cima de outras que falam do app de forma factual e levemente exagerada, com um tom de bom humor.

Mas tem outros fatos que pesam a favor da versão dos caras: Lívia Gusmão diz que só aceitou participar da “campanha” – o que, inclusive, fez de graça – se o aplicativo nunca existisse. E, em resposta a um usuário e na postagem de Lívia, os criadores dizem que não houve a coleta de dados de ninguém – algo bem suspeito diante de oito instâncias no Amazon EC2.

O Não Salvo postou um texto dando explicações sobre a “trollada”, o pagamento dos servidores e como tudo foi só uma grande zoeira. Mas continuamos esperando a resposta dos criadores, porque algumas coisas permanecem meio mal explicadas a nossos olhos.

Entramos em contato com eles para que nos ajudem a amarrar essas pontas e entender qual é a do Tubby, afinal. Assim que tivermos respostas, damos o update. Enquanto checamos com as fontes, é bom seguir o conselho dado no vídeo e não cair de cabeça nessa.

Atualizado às 14h02.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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