Quando o Facebook anunciou o Internet.org, projeto filantrópico que visa levar internet para o mundo inteiro, a empresa justificou a sua iniciativa dizendo que duas de cada três pessoas não têm como ficar online. Cerca de seis meses depois, a organização parece ter progredido: Mark Zuckerberg anunciou recentemente um plano para levar internet a lugares remotos utilizando uma combinação de drones, satélites e até raios laser.

Mais precisamente, o fundador do Facebook apresentou um projeto que está a cargo da Connectivity Lab, uma divisão dentro do Internet.org que tem a missão de trabalhar com as mencionadas tecnologias para criar formas de acesso à internet capazes de cobrir regiões que hoje são precariamente ou pouco atendidas, seja por desinteresse de operadoras, seja por falta de investimentos de governos, seja por condições geográficas complexas, enfim.

O grupo já está desenvolvendo a ideia há alguns meses, na verdade, e conta com a participação de integrantes talentosos de várias instituições, com destaque para NASA e National Optical Astronomy Observatory.

Drone - Internet.org

A colaboração mais relevante, no entanto, vem da Ascenta, uma companhia britânica que tem entre seus membros pesquisadores que ajudaram a criar o drone Zephyr, que é alimentado via energia solar. Isso significa que o equipamento pode passar vários dias seguidos no ar. Para você ter uma ideia, o Zephyr é, até o momento, o drone que ficou mais tempo voando de maneira ininterrupta: 336 horas e 22 minutos – mais de 14 dias.

Assim como o Project Loon, do Google, e o projeto brasileiro que vem sendo desenvolvido pelo INPE e pela empresa Altave, a ideia se baseia em tecnologias já bem desenvolvidas, embora ainda em vias de aperfeiçoamento. A combinação delas para o fim proposto – oferecer acesso à internet – é que é inédita. Em outras palavras, estamos diante de uma proposta ousada e deveras complexa, mas não necessariamente impossível.

O trabalho da Connectivity Lab ainda está em fase inicial, portanto, não há detalhes sobre o projeto. A intenção ao menos pode ser explicada de maneira simplificada: desenvolver um equipamento de comunicação óptica que, uma vez instalado em satélites (mais apropriado para áreas menos densas) e drones, pode transmitir sinal via laser infravermelho a receptores no solo.

É tudo muito futurista, talvez megalomaníaco, e nem o fato de o Connectivity Lab contar com um time de peso é capaz de garantir o sucesso da iniciativa. Mas, mesmo que o projeto não saia como o planejado, pode ser que dali surja alguma tecnologia notoriamente relevante.

De todo modo, não custa ressaltar que o Connectivity Lab é apenas um dos projetos do Internet.org. O próprio Zuckerberg ressaltou que, no ano passado, a organização conseguiu levar internet a 3 milhões de pessoas nas Filipinas e no Paraguai de maneira mais “palpável”: parcerias com operadoras móveis.

Possíveis interesses obscuros à parte, é no mínimo interessante ver grandes nomes da internet se comprometendo com o desafio de ampliar o acesso enfrentando uma série de adversidades.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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