Você compra um smartphone com tela fantástica, uma câmera mais incrível ainda e sensores que tornam o aparelho quase mágico. Mas, no meio de tanta sofisticação, lá estão eles, os bloatwares, um exército de aplicativos pré-instalados que você provavelmente nunca irá usar. Nunca mesmo: uma pesquisa recente da Strategy Analytics mostra que a prática de distribuir software desta maneira traz resultados quase nulos em termos de engajamento.

O alvo do levantamento foram os aparelhos Galaxy S3 e Galaxy S4, da Samsung. De fato, a companhia coreana está entre as que mais distribuem softwares em seus dispositivos móveis, boa parte deles referente a ferramentas próprias, como o serviço de mensagens ChatON, o app de lembretes S Memo e o assistente de voz S Voice.

Para estimar o impacto de aplicativos como estes, a Strategy Analytics monitorou as atividades de 250 usuários dos mencionados smartphones durante um mês inteiro nos Estados Unidos. A conclusão é a de que, tal como você deve saber por experiência própria, estes softwares são sumariamente ignorados pela maioria das pessoas.

A média de uso do ChatON, por exemplo, foi de apenas seis segundos durante todo o mês de avaliação. Em contraste, o app do Facebook teve média de uso de 11 horas; o Instagram, de aproximadamente duas horas.

Bloatwares - Samsung

De modo geral, os aplicativos pré-instalados da Samsung tiveram, juntos, uma média de uso de apenas sete minutos. Em relação aos apps nativos do Google, este número aumentou para consideráveis 149 minutos.

O recado é claro, talvez óbvio: não é porque o aplicativo está lá que as pessoas irão utilizá-lo, por mais eficiente que o software se mostre. Há sempre outra motivação por trás da decisão de uso. No caso dos apps do Google, provavelmente os usuários já conheciam os correspondentes serviços antes de adquirir o aparelho.

A visão que se tem dos bloatwares talvez não seria tão negativa se estes softwares pudessem ao menos ser desinstalados – a maioria deles só pode ser removida quando o usuário faz acesso em modo “root” ao sistema, procedimento que exige conhecimentos técnicos mais apurados e que, portanto, é executado por uma minoria.

Apesar dos aspectos negativos, ainda estamos longe do dia em que não encontraremos mais dispositivos móveis recheados de bloatwares. A exceção fica para um fabricante ou outro, mas, para muitos deles, há acordos comerciais que justificam o incômodo que estes softwares podem causar aos usuários.

Além disso, pode haver razões mais obscuras para estes programas serem mantidos. A própria Samsung, por exemplo, declarou no ano passado que o ChatON ultrapassou a marca de 100 milhões de usuários no mundo todo. Claro, o app está presente em quase todos os aparelhos da marca. Agora, por que a companhia não revela a média de mensagens que são efetivamente trocadas pelo serviço diariamente?

Com informações: WSJ.com

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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