A Mozilla é uma organização que defende software de código aberto, incluindo aí extensões, protocolos, padrões e afins. O que pouca gente sabe é que, em um aspecto relacionado a vídeos, a entidade está se vendo obrigada a contrariar esta filosofia nas próximas versões do Firefox. A justificativa? É isso ou correr o risco de perder um número considerável de usuários.

Mais precisamente, o Firefox contará com recursos de DRM (Digital Rights Management) em relação a vídeos online. Em poucas palavras, sistemas do tipo visam restringir a distribuição de conteúdo digital protegido por leis de propriedade intelectual de forma a evitar que o material transmitido seja capturado e disponibilizado indevidamente.

O problema é que, não raramente, sistemas de DRM acabam trazendo aborrecimentos ao usuário legítimo ao limitar excessivamente o acesso a determinados recursos. Além disso, soluções do tipo normalmente são baseadas em software proprietário de código fechado, conflitando com os interesses da Mozilla.

Se é assim, por que haverá DRM no Firefox, então? Em um post publicado nesta quarta-feira (14), a Mozilla explicou que, caso não aderisse à ideia, muito em breve seus usuários teriam dificuldades para acessar serviços como Hulu e Netflix no navegador.

Até agora, distribuidores de conteúdo em vídeo vêm fazendo controle de DRM de maneira indireta, principalmente por meio de implementações em Flash e Silverlight. Mas, como estes formatos estão perdendo espaço para padrões como o HTML5, o foco recai cada vez mais nos navegadores em si.

Protesto - DRM (Fonte: Tom's Hardware)

Prova disso é que a indústria do entretenimento tem, entre suas mais novas armas, uma API aprovada pela W3C de nome Encrypted Media Extensions (EME) que deve ser implementada nos navegadores, do contrário, em breve não será possível receber streaming nestes softwares, pelo menos não em relação aos principais serviços da atualidade, como os já mencionados Hulu e Netflix.

A Mozilla argumenta que Google, Microsoft e Apple já implementaram os novos sistemas de DRM em seus browsers e que, apesar de sua contrariedade, não vê outra saída a não ser seguir pelo mesmo caminho. “O usuário teria que usar outro navegador toda vez que quisesse assistir a um vídeo protegido, o que colocaria em xeque a imagem do Firefox como um produto”, diz um trecho do comunicado.

Ao menos a Mozilla promete não deixar as coisas assim. Para começar, a organização afirma estar fazendo o possível para que estes mecanismos causem o menor impacto possível no uso do navegador. Além disso, há esforços para respeitar ao máximo a liberdade de escolha dos usuários.

Uma das medidas a serem adotadas em relação a este último aspecto será a de permitir que o usuário contrário ao DRM – e que não se importa com serviços que o utilizam – possa desativar este controle manualmente no Firefox. Há mais detalhes sobre isso aqui.

Outra medida vai exigir muito mais tempo e dedicação, mas não deixa de ser louvável: a Mozilla promete continuar trabalhando para propor alternativas mais “equilibradas” ao DRM. Enquanto isso, o jeito é dançar conforme a música, mas dar um passo mais ousado sempre que possível.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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