YouTube confirma serviço pago e quer bloquear vídeos de artistas que não aceitarem novos termos

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana

Em entrevista ao Financial Times, o chefe de conteúdo e operações do YouTube, Robert Kyncl, confirmou que o Google lançará em breve um serviço pago de streaming no YouTube. Até aí, nada chocante: rumores já apontavam isso há meses. A polêmica está na atitude no mínimo questionável da empresa: o YouTube pretende bloquear vídeos de artistas e gravadoras que se recusarem a assinar um novo acordo de licenciamento.

Kyncl diz que as grandes gravadoras, que representam 95% da indústria da música, já assinaram os novos termos. Mas empresas menores, como a XL Recordings (responsável por Adele e The xx) e a Domino (por trás do Arctic Monkeys), não aceitaram. Elas afirmam que o Google está querendo pagar muito pouco, embora o YouTube afirme que os valores são justos e condizentes com o resto da indústria.

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O Google parece estar apelando para lançar o serviço a qualquer custo: as empresas têm todo o direito de não aceitar o acordo, mas quem recusar deve ter os vídeos bloqueados já nos próximos dias. É algo ruim não só para os artistas, já que o YouTube é um grande meio de divulgação, mas também para os usuários, que terão menos conteúdo disponível. Por causa disso, algumas empresas estão pedindo ajuda à União Europeia para discutir se o Google está abusando de sua posição dominante no mercado de site de vídeos.

No mês passado, a Worldwide Independent Network, organização que representa várias gravadoras ao redor do mundo (inclusive do Brasil), publicou uma nota afirmando que o Google fechou bons acordos com as três grandes gravadoras (Sony, Warner e Universal), mas está procurando as pequenas empresas separadamente para fazer pressão com termos desfavoráveis e valores piores que os pagos por Spotify, Rdio, Deezer e outros serviços. O Spotify, vale lembrar, paga de US$ 0,006 a US$ 0,0084 por música executada.

O YouTube afirma que o serviço pago de streaming começará a ser testado nos próximos dias, enquanto o lançamento para o público acontecerá até o fim do verão americano (entre junho e setembro por aqui). O valor da assinatura ainda não foi divulgado. Se o Google colocar sua ameaça em prática, podemos dizer que o YouTube que conhecemos e que revelou vários artistas, infelizmente, vai acabar em breve.

Don’t be evil, Google.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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