LG L80, a aposta da sul-coreana para quem não quer gastar muito

Por menos de 800 reais, L80 entrega TV digital, tela grande e câmera boa

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
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Aos poucos, a LG está lançando no Brasil a terceira geração de smartphones da série L, formada por nove aparelhos, todos abaixo de mil reais, para tentar suprir as necessidades de quem não quer gastar muito dinheiro em um smartphone. Um dos melhores da série é o L80: com tela de 5 polegadas, ele tem características típicas de um aparelho popular, como suporte a dois chips e TV digital.

Com Android atualizado, câmera de 8 megapixels e uma bateria de capacidade generosa, como o smartphone de tela grande da LG se comporta no concorrido mercado de celulares intermediários? Para descobrir, continue lendo os próximos parágrafos desta breve análise.

Design e tela

O design do L80 é familiar para quem já teve contato com um smartphone básico da LG. A marca registrada desses smartphones é que eles possuem, no canto inferior direito, um botão dedicado para o recurso dual SIM: em vez de escolher no discador ou aplicativo de SMS qual operadora usar, basta tocar uma vez nesse botão para alternar o chip. A operadora em uso ficará com o ícone do sinal destacado na barra superior. Prático e intuitivo.

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Embora a LG destaque muito o design de seus aparelhos, o L80 tem construção simples, não passando nenhum ar de sofisticação. Os botões frontais capacitivos, infelizmente, não possuem iluminação (é bem chato manusear o L80 no escuro). O botão liga/desliga, que parece meio “afundado”, não é dos mais bem feitos. Pelo menos a tampa traseira tem uma textura agradável ao toque, que não deixa transparecer marcas de dedo tão facilmente.

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Com uma grande tela de 5 polegadas, proporção 5:3 e bordas não tão finas, o L80 é um smartphone largo (74,3 mm), então ele exige algumas esticadas de dedo durante o uso que podem não agradar a todos. O painel IPS da LG é de ótima qualidade, com boa saturação de cores, pretos profundos e ângulos de visão mais que satisfatórios, mas a LG pecou feio ao adotar uma resolução de apenas 800×480 pixels, principalmente se lembrarmos que há smartphones mais baratos com telas HD.

Olhando de perto, a tela, com definição de 187 pixels por polegada, gera uma sensação de embaçamento ao visualizar imagens mais detalhadas, e textos com fontes pequenas sofrem com serrilhados por causa da falta de pixels. É uma pena que a LG, que consegue fazer telas até melhores que os concorrentes nos smartphones topo de linha, como G2 e Nexus 5, use displays tão pouco competitivos nos aparelhos mais baratos.

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Software e multimídia

O L80 vem com o KitKat, a última versão do Android disponível hoje. A interface é a mesma que acompanha outros aparelhos da LG, com muitas animações, ícones quadrados e aplicativos com interfaces cheias de skeumorfismo, com direito a um microfone e medidor VU no gravador de voz, um seletor analógico no rádio FM e linhas de caderno no aplicativo de notas. Não é um ponto negativo, mas, com Android, iOS e Windows Phone migrando para um design mais limpo, a aparência da interface da LG ficou datada.

Mas a personalização da LG tem seus pontos fortes, claro. O gerenciador de arquivos, inexistente no Android puro, é bem desenvolvido e permite acesso rápido a músicas, filmes, documentos e fotos. O LG Backup é útil para manter cópias de arquivos e configurações que não estiverem na nuvem. E o player de vídeo é um dos melhores que já vi em um Android, munido dos codecs mais populares e de uma interface com suporte a gestos, que deixa você controlar o volume, o brilho e o tempo de maneira prática.

Um dos destaques do L80, a TV digital, funciona bem. O aplicativo permite visualizar a programação dos canais, gravar o que estiver sendo exibido e agendar gravações para determinado dia e horário. Um ponto bacana, que não é a coisa mais bonita do mundo, mas é funcional, é a anteninha de TV retrátil, que permite sintonizar bem os canais sem ligar nada no conector de fones de ouvido, diferente do que costuma acontecer em outros smartphones. O som é alto e não distorce, mesmo no volume máximo.

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Câmera

A LG não tem tradição em câmeras e seus smartphones topo de linha geralmente tiram fotos piores que os concorrentes. No entanto, em um segmento inferior, a coisa mudou de figura. No mercado de smartphones intermediários, geralmente temos câmeras que tiram fotos com baixa definição, por causa do excesso de pós-processamento usado para compensar os sensores de baixa qualidade. É por isso que o L80 se sai bem.

Com sensor de 8 megapixels e lente de abertura f/2,4, a câmera do L80 não chega perto dos smartphones mais caros, algo que pode ser notado principalmente em ambientes com baixa iluminação, onde os ruídos começam a tomar conta. Mas é uma câmera significativamente melhor que a do Moto G, por exemplo. Quando as condições são boas, o L80 captura imagens com saturação na medida certa, bom nível de detalhes e pouco ruído.

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Desempenho e bateria

É estranho que a LG tenha colocado um Snapdragon 200, um chip de entrada da Qualcomm, em um smartphone de linha média. Pelo preço, o L80 merecia no mínimo um Snapdragon 400. O processador dual-core de 1,2 GHz (Cortex-A7) e a GPU Adreno 302 são competentes para o que se propõem e não decepcionam, mas também não são uma maravilha.

Ao executar aplicativos um pouco mais pesados, como o Press, a falta de força do processador é notável. A GPU Adreno 302 consegue rodar bem a maioria dos jogos atuais: dá para jogar sem problemas Asphalt 8: Airborne ou FIFA 14, por exemplo. Dead Trigger 2 roda bem, mas o jogo deixa as configurações gráficas no nível baixo por padrão; ao aumentar a qualidade para “alta”, há corte de frames em partes mais tensas.

O Vellamo mudou o benchmark e os resultados não podem ser comparados com versões anteriores. Apenas para referência, no teste de browser, o L80 atingiu 1.454 pontos (navegador padrão) e 1.348 pontos (Chrome 35).

A LG parece ter se esforçado para otimizar sua interface ao hardware simples do L80, e conseguiu fazer um bom trabalho. A Optimus UI é lotada de animações e recursos de utilidade duvidosa, mas eu não notei aquelas travadinhas incômodas que aconteciam no G Pad 8.3. O desempenho do L80 deve satisfazer a maioria dos usuários, e a RAM de 1 GB é suficiente para alternar rapidamente entre os vários aplicativos abertos.

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A bateria do L80 é de 2.460 mAh, a maior capacidade entre os concorrentes: Moto G (2.070 mAh), Xperia M dual (1.750 mAh) e Galaxy Win Duos (2.000 mAh). Só que o L80 também tem uma tela maior que a dos concorrentes. Então, na prática, a autonomia fica apenas na média: é aquele smartphone que vai durar até o fim do dia (a não ser que você fique jogando por horas seguidas) e dormirá conectado a uma tomada.

Em um dia típico de uso, tirei o L80 da tomada às 11 horas, ouvi duas horas de música por streaming no Spotify em 3G, acessei redes sociais, sites e emails por 40 minutos e assisti à TV por cerca de uma hora (nunca faço isso, mas época de Copa do Mundo é diferente). A tela permaneceu ligada por 1h58min, sempre no brilho máximo. Com esse ritmo de uso, cheguei em casa às 22h50 com 38% de bateria restante.

No teste da Netflix, o L80 foi bem. Reproduzindo O Poderoso Chefão: Parte II repetidamente, com brilho no máximo, no Wi-Fi e com apenas um SIM card, o smartphone da LG aguentou por 4h11min antes de desligar por falta de carga.

Pontos negativos

  • Processador e GPU inferior ao dos concorrentes.
  • Tela de baixa definição.

Pontos positivos

  • Bom gerenciamento dos dois chips.
  • Câmera acima da média em sua faixa de preço.
  • TV digital com boa recepção de sinal.

Conclusão

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O L80 é um smartphone bem feito. O desempenho é bom, a câmera tira fotos decentes, a bateria não decepciona, a TV digital funciona bem e a tela é bonita, a despeito da resolução decepcionante. No entanto, as fabricantes precisam entender que o povo quer mais por menos.

Quando foi lançado, em maio, o L80 tinha preço sugerido de 949 reais. Isso já seria suficiente para desconsiderar totalmente o smartphone da LG como opção de compra: o valor é muito próximo ao de produtos como Moto X e Lumia 925, significativamente superiores em todos os aspectos. Mas a gente sabe que aparelhos da LG caem de preço muito rapidamente, e isso aconteceu com o L80: hoje, ele pode ser encontrado por aproximadamente 790 reais.

Por esse preço, já dá para pensar um pouco. Há outros concorrentes para o L80, mas como o Moto G é reconhecidamente uma das melhores opções do mercado mesmo quando comparado a smartphones mais caros, vamos nos restingir a ele.

Em comparação com o Moto G Dual, hoje encontrado por aproximadamente 630 reais, o L80 tem processador inferior, design menos ergonômico e tela com resolução mais baixa. Em compensação, a opção da LG se sai melhor quando falamos de câmera (a do Moto G é notavelmente ruim), TV digital (indisponível no aparelho da Motorola) e entrada para cartão microSD (disponível só no Moto G 4G, que é single SIM e não compete pelo mesmo público).

Para quem faz questão de um smartphone dual SIM com TV digital, dá atenção maior para a câmera e está disposto a abrir mão de processamento e tela, eu diria que o L80 é uma boa compra — o preço deve cair ainda mais, então, se for possível esperar, melhor ainda. Se você nunca usa a câmera, até o básico Moto E pode servir. Para todo o resto, o Moto G ainda possui a melhor relação custo-benefício entre os smartphones de até 800 reais.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.460 mAh.
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e VGA (frontal).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.0 e USB 2.0.
  • Dimensões: 138,2 x 74,3 x 9,7 mm.
  • GPU: Adreno 302.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB.
  • Memória interna: 8 GB (4,08 GB disponíveis para o usuário).
  • Memória RAM: 1 GB.
  • Peso: 151 gramas.
  • Plataforma: Android 4.4.2 KitKat.
  • Processador: dual-core Snapdragon 200 de 1,2 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, proximidade.
  • Tela: IPS LCD de 5 polegadas com resolução de 800×480 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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