Xperia Z3 Compact, o pequeno poderoso da Sony

Custando R$ 2.099, smartphone entrega hardware de alto nível em um corpo de pequeno porte

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses
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Há anos os smartphones estão aumentando de tamanho. Se antes as telas de 4 polegadas eram restritas aos aparelhos mais caros, hoje até os dispositivos mais acessíveis estão vindo com displays de 5 polegadas ou mais. Quem prefere um corpo mais compacto com hardware de primeira linha acabou ficando sem opção. Felizmente, alguém entendeu que há demanda para esse tipo de smartphone.

A Sony lançou no Brasil o Xperia Z3 Compact, um aparelho com o que há de melhor em hardware no Android: processador quad-core Snapdragon 801 de 2,5 GHz, câmera de 20,7 megapixels, 2 GB de RAM e bateria de 2.600 mAh. Isso em um aparelho com tela IPS de 4,6 polegadas e bordas mínimas, que tornam o smartphone da Sony apenas um pouco mais largo que o iPhone 5s.

Depois de usar o Xperia Z3 Compact por duas semanas como meu smartphone principal, posso dizer o que há de bom (e ruim) no topo de linha compacto da Sony. Confira os próximos parágrafos.

Design e tela

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Mesmo sem alumínio, o acabamento é um ponto forte.

O Xperia Z3 Compact compartilha características do irmão maior, mas houve uma baixa: a bela moldura de alumínio saiu para dar lugar ao plástico, que a Sony resolveu chamar de reflexo líquido. Felizmente, a adoção de um material menos sofisticado não afeta o conjunto da obra. Na verdade, considero o efeito do plástico do Xperia Z3 Compact até mais bonito que o visual metálico do Xperia Z3, especialmente na versão branca.

Embora o tamanho de 4,6 polegadas do visor possa assustar, o Xperia Z3 Compact realmente faz jus ao seu nome. As bordas em volta da tela são suficientemente compactas para deixar o aparelho com 64,9 mm de largura. Isso é mais que o iPhone 5s (58,6 mm), menos que o primeiro Moto G (65,9 mm), bem menos que o Xperia Z3 (72 mm) e estupidamente menos que o Galaxy Note 4 (78,6 mm).

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Em conjunto com a espessura relativamente fina, de 8,6 mm, o Xperia Z3 Compact possui dimensões que o tornam confortável de manusear com apenas uma mão. Ele não tem a agradável curvatura na traseira como alguns dos aparelhos mais novos da Motorola, mas a pegada é boa. É perfeitamente possível digitar sem fazer malabarismos, e os cantos levemente arredondados descansam bem na palma da mão.

Assim como os outros topos de linha da Sony, o Xperia Z3 Compact possui certificação IP68, que garante a possibilidade de submergir o aparelho em água por 30 minutos a 1,5 metro de profundidade sem danificá-lo. Infelizmente, isso cria o inconveniente da tampinha que protege a porta USB e passa a sensação de que pode ser perdida ou quebrada a qualquer momento.

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A carcaça possui o tradicional botão metálico de liga/desliga da Sony, um botão dedicado de duas fases para a câmera e o conector para a dock, vendida separadamente. Nas laterais, é possível encontrar a entrada para o chip no padrão Nano-SIM e o sempre útil slot para microSD de até 128 GB. A traseira, feita de vidro temperado, não é removível.

A Sony resolveu os problemas com seus displays, e a tela IPS LCD do Xperia Z3 Compact é de alta qualidade. As cores são naturais, o nível de contraste é ótimo e o ângulo de visão é impecável. A resolução de 1280×720 pixels, com definição de 320 ppi, torna possível enxergar pixels individuais apenas forçando muito a vista. O brilho é forte e dá conta da incidência de luz solar, mas não foge do que estamos acostumados.

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Algumas tecnologias com nomes pomposos prometem melhorar a qualidade das fotos e vídeos exibidos no display. O X-Reality diz “tornar as imagens nítidas e vibrantes”. Já o Modo super-vívido “faz as cores se destacarem”. Eu tenho sérias dúvidas se deixar as imagens com cores exageradamente saturadas é uma boa forma de aprimorar a tela; de qualquer forma, é possível desativar os recursos.

Software e multimídia

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Ano vem, ano vai… E a interface da Sony continua igualzinha como era antes. Isso não é exatamente um ponto negativo, porque há até algumas intervenções boas, como a inclusão do Walkman, um player de música completo e competente; a visualização dos eventos da agenda na mesma tela; e a possibilidade de colocar mais ícones no painel de configurações rápidas, na central de notificações.

Igual, mas piorando.

Só que o visual da Sony precisa de um trato. Os ícones cheios de reflexos, os botões com degradês e as animações complexas destoam do design flat das outras interfaces e até dos vários aplicativos para Android, que já adotam uma interface mais limpa. Uma reformulação no Android da fabricante japonesa seria de bom tom. Uma adoção do Android puro também seria bem recebida, mas isso parece muito distante da realidade.

Também está na hora de fazer uma limpeza: a cada ano que passa, a personalização da Sony parece incluir mais lixo e recursos de utilidade duvidosa. É realmente necessário colocar atalhos para os recursos de fundo desfocado e realidade aumentada da câmera? Um aplicativo pré-instalado do LinkedIn? Joguinhos de demonstração de 30 segundos? E eu agradeço o aplicativo do Kobo, mas só tenho um Kindle.

Um ponto que a Sony tem dado atenção especial em seus aparelhos é o alto-falante. No Xperia Z3 Compact, são dois frontais, que emitem som estéreo de alta qualidade, com bom volume e sem distorções. O fato do som sair pela frente evita o abafamento e melhora a imersão ao assistir a filmes e séries. Esta é uma solução que recentemente foi adotada também pela Motorola, e parece estar mais próxima do ideal.

Câmera

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As especificações técnicas da câmera do Xperia Z3 Compact são cheias de superlativos. O sensor Exmor RS tem resolução altíssima, de 20,7 megapixels. O tamanho físico é generoso: com 1/2,3 polegada, é o mesmo tamanho de sensor presente em câmeras compactas dedicadas. E ele alcança uma sensibilidade anormalmente grande para um sensor de celular: ISO 12800, como as DSLR de entrada.

Muita promessa para pouco resultado.

Infelizmente, a câmera promete muito e entrega pouco. Não exatamente pouco, mas fica longe de cumprir as expectativas. O algoritmo que define a saturação das imagens parece até temperamental: ora gera fotos muito lavadas, ora gera fotos com cores gritando. Em ambientes com iluminação aquém do ideal, o pós-processamento parece não conseguir manter um bom nível de detalhes ao mesmo tempo em que deixa bastante ruído na foto. Com um sensor desse tamanho, isso não deveria acontecer. O alcance dinâmico também não é muito grande, o que por vezes gera fotos com regiões muito claras e muito escuras.

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A câmera do Xperia Z3 Compact ainda é bem decente, está entre as melhores opções no mercado de smartphones Android e deve gerar fotos boas inclusive para impressão. Mas, para um smartphone produzido pela mesma empresa que está fazendo um belíssimo trabalho nas mirrorless, com a família Sony Alpha, e tem expertise no assunto, o aparelho merecia algo melhor que isso.

Do lado positivo, o Xperia Z3 Compact tem a seu favor o botão dedicado para a câmera, que possui duas fases, uma para focar e outra para tirar a foto. É uma característica que deveria estar presente em todo smartphone que promete boa câmera.

Hardware e bateria

O Snapdragon 801 é um dos melhores processadores móveis do momento e faz um ótimo trabalho dentro do Xperia Z3 Compact. Os quatro núcleos de 2,5 GHz significam não ter problemas ao navegar por páginas cheias de scripts pesados e ter aplicativos abrindo rapidamente. A GPU Adreno 330 dá e sobra para o smartphone, até por ter que gerenciar uma tela com resolução menor que a usada normalmente nos topos de linha.

Uma baixa em relação ao Xperia Z3: a RAM diminui de 3 GB para 2 GB. Esse detalhe não afeta a experiência de uso porque 2 GB são suficientes para rodar bem o Android com vários aplicativos abertos. No entanto, por 200 reais de diferença para o Xperia Z3 (considerando que o irmão maior vem com a SmartBand, de 399 reais), a Sony bem que poderia manter exatamente o mesmo hardware.

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Eu não tive problemas com travadinhas em animações, e a experiência de uso é bastante fluida. O hardware é muito bom para um aparelho que cabe na palma da mão, permitindo fazer tudo o que é possível fazer com um topo de linha, com a vantagem de dispensar os exercícios de alongamento do polegar.

Sim, a bateria dura de verdade.

A bateria de 2.600 mAh está acima da média para um aparelho do tamanho do Xperia Z3 Compact. A Sony promete autonomia de até dois dias, o que me pareceu algo um pouco otimista para mim, mas realmente deverá se aplicar a boa parte dos usuários. Com uso normal, eu tenho conseguido chegar até o fim do dia com algo entre 50% e 60% de bateria, o que é algo muito bom.

Em uso intenso, com modo Stamina (apenas WhatsApp, Telegram e Hangouts com permissão para acessar a rede em standby), alcancei 1% de bateria depois de 30 horas de uso, com 3h41min de tela ligada. Nesse meio tempo, ouvi músicas por streaming no Spotify durante três horas, naveguei em sites por mais três horas e fiz exercícios com o RunKeeper ligado por duas horas e meia (olhem como sou saudável!). O aparelho ficou na maior parte do tempo com brilho automático, conexão 4G e ligado a uma SmartBand.

O Xperia Z3 Compact se mostrou suficiente para suportar até o fim do dia em praticamente qualquer cenário, e mesmo pessoas que usam o smartphone para jogar deverão ficar bastante satisfeitas com a autonomia.

Uma novidade do software de economia de energia da Sony é o modo Ultra Stamina. Se eu ativá-lo neste exato momento, terei mais 11 dias de carga, mas acesso apenas a telefone, SMS, rádio FM, alarme, câmera e calculadora. Claro, isso transforma seu smartphone em um burrofone, mas é útil em situações emergenciais, como quando seu avião cair numa ilha deserta, por exemplo.

Notas relevantes

  • O Xperia Z3 Compact tem uma opção para tornar o touchscreen mais sensível, para que o aparelho possa ser usado com luvas. Isso gerou vários toques acidentais enquanto o smartphone estava no bolso, por isso deixei o recurso desligado.
  • Embora a Sony prometa ISO 12800, não consegui selecionar uma sensibilidade maior que ISO 3200 no modo manual.
  • Algumas fabricantes estão deixando de colocar fones de ouvido nas caixas dos smartphones. A Sony ainda não fez isso, mas está economizando: o simplório MH410c, que acompanha o produto, tem som de radinho de pilha e não é tão bom quanto os intra-auriculares que a empresa oferecia antes.
  • Para quem possui um PlayStation 4, uma novidade é a possibilidade de jogar por streaming no Xperia Z3 Compact, inclusive com suporte ao controle DualShock 4.
  • No menu de desligamento, além do botão para tirar uma screenshot da tela, há o recurso de filmar a tela. Muito legal!
  • A traseira de vidro parece bem mais resistente que o do Xperia Z1, mas ainda assim encontrei um minúsculo risco nessa região após as duas semanas de uso. Talvez você queira comprar uma película.

Conclusão

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Apesar de entender que há um público enorme sedento por telas grandes, eu nunca escondi a preferência por aparelhos mais compactos em meus reviews. E o Xperia Z3 Compact certamente foi um dos smartphones mais bacanas com que tive contato nos últimos anos: tem alto desempenho, design caprichado, bateria duradoura e cabe na mão. É um Android que eu teria.

No mercado de flagships compactos, a Sony concorre sozinha.

Um grande problema do produto é o preço de lançamento, de R$ 2.099. Nem vou citar o custo-benefício de um certo Moto X; posso me prender aos produtos da Sony. Em relação ao Xperia Z3 (5,2 polegadas), o Xperia Z3 Compact não vem com a SmartBand, não possui TV digital e tem 1 GB de RAM a menos. Considerando o preço da SmartBand, a diferença entre os dois irmãos fica em apenas 200 reais.

O preço do Xperia Z3 Compact, portanto, ainda está acima do ideal. É difícil recomendar a compra sabendo que a mesma empresa vende um smartphone com relação custo-benefício mais interessante. Mas fica claro que a Sony “pode” fazer isso: ela está concorrendo sozinha. Hoje, não há um Android com as dimensões do Xperia Z3 Compact que entregue um hardware tão bom quanto.

A Sony poderia ter caprichado mais na câmera e repensado sua personalização, mas no geral o Xperia Z3 Compact é um excelente smartphone. Penso nele principalmente como um ponto de partida para quem está querendo sair dos iPhones, mas  tem receio de não conseguir se acostumar com as telas de mais de 5 polegadas dos Androids do mesmo nível. E, para esse público, o aparelho da Sony cabe como uma luva.

Atualizado em 7 de novembro para corrigir a informação do armazenamento interno do Xperia Z3.

Prós

  • Bateria com duração acima da média.
  • Design caprichado e elegante.
  • Hardware excelente para um aparelho tão compacto.

Contras

  • Câmera de 20,7 MP promete muito e não entrega o esperado.
  • Diferença pequena de preço em relação ao Xperia Z3 não justifica os componentes inferiores.
  • Personalização da Sony está cada vez mais lotada de recursos e aplicativos questionáveis.
Nota Final 8.4
Bateria
9
Câmera
7
Conectividade
10
Desempenho
9
Design
8
Software
7
Tela
9

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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