Citizenfour

Dezesseis meses depois de revelar ao mundo o programa de vigilância global orquestrado pelo governo dos Estados Unidos, o ex-agente da NSA, Edward Snowden, tem sua história documentada no cinema. Quem assina a produção é Laura Poitras, documentarista norte-americana perseguida pelo governo por filmes como My Country, My Country (2006), que denuncia as violações de direitos humanos em ocupações militares dos EUA no Iraque.

Dificilmente alguém apostaria que Laura voltaria a correr tantos riscos depois de produzir um documentário diretamente de zonas de conflitos como Bagdá. Entretanto, ela confessa que nenhuma zona de conflito internacional trouxe tanto medo quanto o quarto de hotel de Edward Snowden em Hong Kong. Foi ali que, durante oito dias, Snowden relevou detalhes do sistema de vigilância global e sobre a atuação da NSA para Laura e para o jornalista do The Guardian, Glenn Greenwald.

Do encontro de Laura, Greenwald e Snowden em Hong Kong, saíram as denúncias de como os EUA e outras potências violam princípios fundamentais da democracia e do direito, abalando relações diplomáticas e mudando a maneira como os cidadãos enxergam seus governos.

snowden

O documentário Citizenfour, lançado no dia 10 de outubro durante o Festival de Cinema de Nova York, retrata a tensão da semana histórica vivida em Hong Kong. Dos 114 minutos de duração, pelo menos 60 são de imagens gravadas durante as conversas que tiveram no quarto do hotel em junho de 2013. Durante as conversas registradas, talvez a mais importante tenha sido interrompida pelo método de segurança adotado por Greenwald: para evitar a captação da notícia por equipamentos de áudio, Glenn escreveu um bilhete sobre um novo informante. Ao ler no papel e saber que o novo informante ainda está na ativa dentro da NSA, Snowden fica de queixo caído.

No dia do lançamento de Citizenfour, Glenn publicou um artigo destacando que o documentário mostra um Snowden feliz e morando com a namorada. O jornalista considerou importante pois mostra para muitos possíveis informantes que é possível desafiar o governo mais poderoso do mundo e ainda construir uma vida feliz e saudável.

Para incentivar novos vazamentos, Glenn apoiou recentemente o projeto liderado por Sarah Harrison, do WikiLeaks, que criou a Courage Foundation, dedicada a ajudar na proteção de jornalistas e informantes que colocam a própria vida e liberdade em risco para revelar informações de interesse público sobre governos e empresas.

Sem previsão de lançamento no Brasil, a obra vem ganhando destaque na crítica com a possibilidade de ser o segundo filme de Laura indicado ao Oscar. A revista Variety, por exemplo, definiu Citizenfour como “um retrato extraordinário de Snowden”.

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Júlio Câmara

Júlio Câmara

Comecei a blogar em 2008 escrevendo sobre tecnologia. No mesmo ano meu blog foi indicado como um dos "80 blogs que você não pode perder" pela revista Época. Hoje, com 21 anos, estudo jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e me dedico à editoria de tecnologia.

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