Asus Zenfone 6: esticando o bebê

Custando 999 reais, Zenfone 6 é um gigante de seis polegadas com desempenho bom.
Ele tem o mesmo poder de processamento do irmão menor, Zenfone 5.

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses
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Depois de estrear no mercado brasileiro de smartphones com o belo Zenfone 5, a Asus começou a vender um novo modelo para competir no segmento de celulares gigantes: é o Zenfone 6, um Android grandalhão com hardware intermediário, tela de 6 polegadas e preço sugerido de 999 reais.

O Zenfone 6 é um Zenfone 5 esticado com discretos upgrades de hardware. A tela de 6 polegadas continua com a mesma resolução de 1280×720 pixels, o sensor da câmera foi para 13 megapixels e a capacidade da bateria acompanhou o aumento do visor: agora são impressionantes 3.250 mAh.

Depois de uma semana usando o Zenfone 6 como meu smartphone principal, conto nesta breve análise os pontos positivos (e outros não tão positivos assim) da novidade da Asus.

Design e tela

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Os dois Zenfones possuem um design que agrada bastante, embora haja alguns problemas, como os botões físicos sem iluminação e a moldura estranhamente grande em volta da tela, que torna o aparelho ainda maior. Com 84,3 mm de largura, usar o Zenfone 6 com apenas uma mão é uma tarefa quase impossível — mas quem procura um smartphone desse tamanho já sabe disso.

A base do smartphone, logo abaixo dos botões frontais, tem um detalhe metálico com linhas concêntricas que elegantemente refletem a luz. Já a traseira de plástico possui uma leve curvatura que melhora um pouco a ergonomia e diminui a sensação de grossura: o Zenfone 6 tem 9,9 mm de espessura, mas nos cantos são apenas 5,5 mm. Só não tem como fugir do peso: com 196 gramas, ele pode ser notado no bolso a todo momento.

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A tela IPS de 6 polegadas é o grande chamariz do Zenfone 6. O display tem ótima qualidade: o brilho é alto, a saturação de cores é boa e o ângulo de visão não decepciona. É verdade que a resolução continua a mesma, de 1280×720 pixels, o que resulta numa definição nada impressionante de 245 ppi, mas a nitidez é boa — é possível notar alguns serrilhados em fontes menores, mas não chega a incomodar.

Como todo bom phablet, o gigante da Asus tem um modo para uso com uma mão, truque de software que quebra o galho em algumas situações. Basta tocar no botão localizado no painel de configurações rápidas e o conteúdo da tela irá encolher para que você possa alcançar todos os cantos dos aplicativos facilmente. O tamanho é ao gosto do freguês: você pode emular telas de 4,3, 4,5 ou 4,7 polegadas.

Software e multimídia

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A interface da Asus é um daqueles pontos que divide opiniões: há quem goste das boas adições que a taiwanesa colocou em seus smartphones, mas uma parcela dos usuários faz questão do Android puro. Ainda mais com as várias modificações que a Asus fez: nada, nem os ícones de aplicativos, fontes das interfaces, central de notificações ou tela de bloqueio passaram despercebidos — tudo foi alterado significativamente.

O que posso dizer é que, embora ainda prefira o Android como foi concebido pelo Google, a ZenUI é uma interface bem resolvida, com visual agradável e bom aproveitamento de espaço. Ela segue as tendências de outras interfaces, como os detalhes planos e cheios de cores. É provável que, com a atualização para o Lollipop, prevista para o primeiro semestre de 2015, não haja modificações profundas na ZenUI.

A tela de bloqueio é um dos bons exemplos de aproveitamento de espaço: possui um atalho rápido para a câmera, a quantidade de chamadas e mensagens perdidas, a previsão do tempo, a configuração do alarme e seus próximos compromissos. E o gerenciador de arquivos nativo se mostra bastante completo, inclusive possuindo integração com Google Drive, Dropbox e OneDrive.

A exemplo do Zenfone 5, o alto-falante traseiro do Zenfone 6 é de boa qualidade. Apesar de não ser muito alto, o som é claro, tem alguns graves e não distorce facilmente. O conjunto tela e som é competente e entrega uma boa experiência para assistir a filmes e séries, o que julgo ser uma das maiores utilidade de um smartphone grande como este.

Câmera

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O Zenfone 6 possui uma lente com a mesma abertura de f/2,0 do irmão menor, mas o sensor aumentou a resolução para 13 MP. Houve um avanço na qualidade das fotos, especialmente na definição: como o sensor já consegue capturar mais detalhes, a Asus parece ter diminuído a intensidade do pós-processamento. Resultado: fotos mais naturais, sem bordas colocadas nos objetos para dar uma sensação artificial de nitidez.

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O software da câmera é prático de usar e tem o que você precisa sempre à mão. Claro, não há muitas configurações manuais como nos smartphones da Microsoft, mas o Zenfone 6 traz uma série de funções automáticas que ajudam a tirar fotos melhores, como o de pouca luz, que melhora a iluminação de imagem; o de ajuste de profundidade de campo, para gerar o efeito de fundo desfocado; e uma série de filtros.

Mas o Zenfone 6 me serviu para confirmar uma das características da Asus: a empresa gosta muito de cores fortes nas imagens. Por si só, isso não é exatamente um defeito, porque os estudos mostram que as pessoas tendem a gostar de fotos mais saturadas. O problema é que, em alguns casos, as cores ficam muito exageradas. Na imagem abaixo, por exemplo, o céu está quase roxo.

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De modo geral, as fotos devem agradar a maioria dos usuários que procuram um smartphone nessa faixa de preço. Quem é mais exigente provavelmente vai gastar mais ou aguardar alguma promoção de um Lumia 930, por exemplo, mas o Zenfone 6 já entrega uma qualidade de imagem bastante satisfatória.

Hardware e bateria

Diferente do que as outras fabricantes costumam fazer, a Asus não colocou o quase onipresente Snapdragon 400 em seu Android intermediário; em vez disso, decidiu apostar no x86. O Zenfone 6 vendido no Brasil tem processador dual-core Intel Atom Z2560 de 1,6 GHz, GPU PowerVR SGX 544MP2 e 2 GB de RAM. É exatamente o mesmo conjunto que equipa as versões mais completas do Zenfone 5.

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A quantidade de RAM generosa permite alternar entre aplicativos rapidamente. Em aparelhos com menos memória, é comum as abas do navegador serem recarregadas por falta de RAM, o que acontece com menos frequência no Zenfone 6. O processador oferece ótimo desempenho e a GPU dá conta do recado, inclusive em jogos mais pesados, como Dead Trigger 2 e Real Racing 3.

Senti falta de uma versão com 4G e um chip NFC, recursos que já começam a ficar populares em aparelhos da mesma categoria. O Zenfone 6 entrega o básico: tem uma entrada para expandir o armazenamento de 16 GB com um microSD de até 64 GB e dois slots no padrão Micro-SIM para chips de operadoras.

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A grande decepção do Zenfone 6 é a bateria. Com uma enorme capacidade de 3.250 mAh, ela deveria aguentar pelo menos um dia de uso intenso, considerando os concorrentes com baterias semelhantes (e que possuem hardware mais potente), como Xperia Z3 e Lumia 1520. Mas a bateria fica apenas no “aceitável”, chegando até o final do dia com uso mais leve ou pedindo uma carga em dias mais intensos.

No pior dia de todos, sem nenhum modo de economia de bateria ativado, consegui chegar a 34% de carga após 4h24min de uso, das 8h54 às 13h18. Nesse cenário, ouvi dois episódios de podcast por streaming no 3G durante cerca de três horas e naveguei entre emails, sites e redes sociais por uma hora. A tela ficou ligada por 1h05min. É um desempenho muito pequeno para uma bateria tão grande.

Nos dias seguintes, dosei o uso e ativei o “Modo otimizado”, que mantém a conexão de rede sempre ativada, mas promete estender a autonomia. Os resultados foram um pouco melhores, mas ainda abaixo das expectativas. Em um deles, a bateria chegou a 5% após 13h45min (das 8h35 às 22h20), com uma hora e meia de podcast por streaming no 3G e navegação na web por uma hora. A tela ficou ligada por 1h04min.

O Zenfone 5 também sofria com uma bateria de média para ruim, mas no caso do Zenfone 6 a situação é grave porque temos uma capacidade bem generosa aqui. É difícil apontar o culpado, mas o SoC, mais especificamente o modem, parece ter grande contribuição: nos dias em que ouvi músicas ou podcasts por 3G, o Pocket Casts e o Google Play Música chegaram a ultrapassar os 10% de uso de bateria em alguns momentos.

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Conclusão

A Asus fez quase tudo certo no Zenfone 6: construiu um smartphone com uma tela de ótima qualidade, um conjunto de hardware bom e um design que agrada bastante, tudo isso com um preço muito competitivo. Com preço de lançamento de R$ 999, o Zenfone 6 nasceu mais barato que Lumia 1320 (R$ 1.399) e Xperia T2 Ultra (R$ 1.299) — mas ambos já diminuíram de valor e hoje são concorrentes diretos.

Apesar das boas qualidades, não dá para desconsiderar um dos poucos defeitos, que também é um dos mais importantes hoje em dia. A bateria de 3.250 mAh, que chega até o final do dia apenas se você não exigir muito do aparelho, é um ponto fraco que os concorrentes não têm. Tanto o Lumia 1320 (3.400 mAh) quanto o Xperia T2 Ultra (3.000 mAh) aguentam o tranco e chegam a até dois dias, dependendo do uso.

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Vale a pena? Entre seus concorrentes, o Zenfone 6 é uma opção interessante. Ele tem uma câmera melhor que a do Lumia 1320 e um conjunto de hardware melhor que o do Xperia T2 Ultra: o dobro de RAM, o dobro do armazenamento e uma capacidade de processamento levemente superior. A bateria não é campeã, mas é possível conviver com ela, como acontece no Zenfone 5.

De modo geral, o Zenfone 6 é uma boa compra, desde que você tenha consciência das limitações.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.250 mAh.
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 2 megapixels (frontal).
  • Conectividade: 3G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.0, USB 2.0.
  • Dimensões: 166,9 x 84,3 x 9,9 mm.
  • GPU: PowerVR SGX 544MP2.
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 64 GB.
  • Memória interna: 16 GB.
  • Memória RAM: 2 GB.
  • Peso: 196 gramas.
  • Plataforma: Android 4.4.2 (KitKat).
  • Processador: dual-core Intel Atom Z2560 de 1,6 GHz.
  • Sensores: acelerômetro, bússola, proximidade, giroscópio.
  • Tela: IPS LCD de 6,0 polegadas com resolução de 1280×720 pixels e proteção Gorilla Glass 3.

Asus Zenfone 6

Prós

  • Câmera de boa qualidade na faixa de preço.
  • Hardware forte, com bastante RAM.
  • Tela gigante com brilho alto e definição boa.

Contras

  • Duração de bateria abaixo do esperado.
Nota Final 8
Bateria
6
Câmera
8
Conectividade
8
Desempenho
9
Design
8
Software
8
Tela
9

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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