Se os planos da Airbus forem aprovados por agências reguladoras, em breve, aviões comerciais da companhia serão equipados com caixas-pretas ejetáveis e flutuantes. O objetivo é um tanto óbvio: facilitar a localização destes equipamentos em caso de acidentes aéreos.

Assim como na indústria automobilista (e em tantas outras), muitos dos mecanismos de segurança atuais da aviação comercial são “inspirados” em acidentes. Neste contexto, as caixas-pretas ajudam não só a elucidar uma tragédia como também a evitar que causas semelhantes derrubem outro avião.

Mesmo com uma dificuldade ou outra, as autoridades conseguem localizar as caixas-pretas da grande maioria dos aviões. Mas, em algumas situações, é extremamente difícil recuperá-las.

É o caso do voo 447 da Air France que, no final de maio de 2009, decolou do Rio de Janeiro para Paris. O avião, um Airbus 330, caiu no oceano, mas seus destroços só foram localizados quase dois anos depois.

Caixa-preta "laranja" - esta cor é usada para facilitar a localização visual
Caixa-preta “laranja” – esta cor é usada para facilitar a localização visual

O exemplo mais recente é o voo MH370. Em março de 2014, um Boeing 777-200 da Malaysia Airlines que partiu de Kuala Lumpur com destino a Pequim desapareceu com quase 240 pessoas a bordo. A aeronave não foi encontrada até hoje, muito menos suas caixas-pretas, obviamente.

É bastante provável que o avião esteja no fundo do mar. Se ao menos as caixas-pretas estivessem na superfície, as chances de localização da aeronave aumentariam consideravelmente.

As caixas-pretas que a Airbus pretende utilizar tornam este cenário possível. Estes equipamentos contam com mecanismos sensíveis a anormalidades que sugerem a ocorrência de um acidente e, nesta situação, se auto-ejetam. Muitas vezes, é a energia do próprio impacto que aciona a ejeção.

Na queda, uma espécie de “airbag” protege a caixa de impactos e, no mar, a impede de afundar. Na sequência, o equipamento emite um sinal com dados de sua localização que pode ser rastreado por satélite.

Não se trata de uma tecnologia nova. Caixas do tipo já estão presentes em vários aviões militares. O equipamento só não foi explorado antes na aviação civil porque, pelo menos até recentemente, vigorava o pensamento de que, como a maior parte dos acidentes acontece durante os procedimentos de decolagem ou aterrissagem, é mais fácil localizar as caixas-pretas.

Airbus A380
Airbus A380

A tecnologia funciona bem, mesmo assim, “alarmes falsos” podem acontecer. É por isso que há redundância: a aeronave é equipada com uma caixa ejetável e outra não. Se a primeira “pular” do avião, a segunda continua registrando as informações do voo.

Os primeiros aviões equipados com caixas ejetáveis devem ser os modelos A350 e A380. A Agência Europeia de Segurança Aérea já deu seu aval para o início dos testes. A Airbus não descarta a possibilidade de estender a ideia aos modelos A320 e A330.

Também há a possibilidade de o equipamento se tornar obrigatório, mas este é um processo de longo prazo. Uma das razões é a necessidade de alterações estruturais no avião para permitir a ejeção da caixa-preta.

Com informações: Financial Times

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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