Quatro anos depois, as promessas da fábrica de iPhones no Brasil estão longe de serem cumpridas

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 5 meses
Fábrica da Foxconn em Jundiaí (Créditos: Fabiano Accorsi/VEJA)
Fábrica da Foxconn em Jundiaí (Créditos: Fabiano Accorsi/Veja)

Cerca de 100 mil empregos e mercado mais competitivo. Era o que se esperava da fabricação de iPhones e iPads no Brasil pela Foxconn. Mas, quatro anos se passaram desde o anúncio da empreitada e, como se vê, pouca coisa mudou.

É fato que a produção local existe há algum tempo: a linha iPhone começou a ser montada em uma fábrica da Foxconn em Jundiaí, interior de São Paulo, no final de 2011. A montagem de iPads começou em maio do ano seguinte. Mesmo assim, os preços para o consumidor final praticamente não sofreram redução.

As vendas permaneceram em crescimento, entretanto. Essa constatação e os benefícios fiscais oriundos da produção nacional fizeram a Foxconn anunciar, em 2012, um investimento inicial de R$ 1 bilhão na construção de um parque industrial em Itu, também no interior de São Paulo.

Essa unidade ficaria responsável pela produção de componentes eletrônicos – se não todos, boa parte deles destinados aos dispositivos da Apple. A produção começaria no início de 2014 e, no decorrer dos anos seguintes, traria tecnologia, empregos e, eventualmente, preços menores para o mercado brasileiro.

Mas já estamos no segundo trimestre de 2015 e o local da fábrica permanece vazio. A Foxconn não explicou os motivos, mas dá para presumir alguns: o declínio da economia brasileira e, principalmente, os baixos índices de produtividade em relação a outros países.

Não há consenso sobre as causas da baixa produtividade brasileira, mas a excessiva burocracia e a falta de investimentos em inovação certamente colaboram para esse cenário tão negativo.

Nesse sentido, na ocasião do anúncio da produção nacional de iPhones, o governo federal chegou a prometer US$ 12 bilhões em investimentos para alavancar o setor tecnológico do país, mas, até agora, não há nenhum sinal do dinheiro.

Falta de mão de obra especializada também costuma ser uma causa, mas esse não parece ser o caso da Foxconn: na unidade de Jundiaí, trabalhadores afirmam que só há postos que exigem pouca qualificação. Consequentemente, as queixas sobre baixos salários e falta de perspectiva de carreira são constantes.

Apesar de tudo, a Foxconn afirma que o plano de levantar um parque industrial em Itu continua, mas com novos prazos. A primeira fase de operação deve ter início no final do ano, fazendo a quantidade de funcionários da companhia no Brasil chegar a 10 mil. Trata-se de um número bem abaixo dos 100 mil empregos prometidos em 2012, mas, considerando as circunstâncias, é alguma coisa.

A Apple não comentou o assunto.

Com informações: Reuters, Apple Insider

Receba mais sobre iPhone na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Canal Exclusivo

Relacionados