Redmi 2: uma olhada no primeiro smartphone da Xiaomi no mercado brasileiro

Paulo Higa
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• Atualizado há 3 semanas
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A Xiaomi chegou ao Brasil chacoalhando a concorrência. O Redmi 2, smartphone de estreia da fabricante, tem hardware de aparelho intermediário, mas preço de dispositivo de entrada. Para entregar tela HD, processador quad-core de 64 bits e conectividade 4G, a chinesa cobra R$ 499 — e faz os concorrentes parecerem caros. O que o Redmi 2 tem de bom? Eu fui dar uma olhada.

Para quem não conhece a MIUI, ligar o Redmi 2 pela primeira vez deve causar espanto. Praticamente nada ali lembra o Android original, tanto que a Xiaomi divulga o Redmi 2 como tendo “sistema MIUI 6“, não “Android 4.4“, como vemos nas outras fabricantes. Na verdade, com cores vibrantes, ícones quadrados, design flat e a falta do menu de aplicativos, a MIUI lembra mais o iOS do que qualquer outra coisa.

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Embora possa afastar os amantes de Android puro, a MIUI não é ruim: as interfaces são agradáveis e bem trabalhadas, e a Xiaomi adiciona ferramentas e recursos úteis, mas sem parecer bagunça ou gerar a sensação de que há muito bloatware, como ocorre no ZenUI da Asus, por exemplo. Além disso, o Snapdragon 410 quad-core de 1,2 GHz e a GPU Adreno 306 parecem lidar até bem com as inúmeras animações — a empresa destacou a questão de “aproveitar o hardware da melhor forma possível“, inclusive.

No software do Redmi 2 tem limpador de cache, importante num smartphone com 4,4 GB de armazenamento disponível para o usuário; modo de economia de energia; ajuste de temperatura e saturação da tela; e até um controverso antivírus sob demanda, que você provavelmente não usará caso baixe apenas aplicativos do Google Play (nada de Mi Market por aqui). Várias informações, como fotos e contatos, podem ser salvas na Mi Cloud, que oferece 5 GB de espaço.

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Um ponto decepcionante é o fato do Redmi 2 ter como base o Android 4.4, lançado em 2013. Quando questionado pela imprensa, Hugo Barra afirmou que ainda não há previsão de atualização para o Lollipop no mercado brasileiro. Mas, num aparelho com software tão modificado e integrado, isso acaba sendo pouco importante — até porque a MIUI é atualizada semanalmente com correções e novidades.

Contam a favor do Redmi 2 a conexão 4G nos dois chips, a gravação de vídeo em 1080p (o Moto G só filma em 720p), o suporte ao carregamento rápido da Qualcomm e a tela de alta definição, que a Xiaomi faz questão de comparar com a do iPhone 6. É uma pena que apenas a versão com 8 GB de armazenamento e 1 GB de RAM tenha chegado ao Brasil; lá fora, o Redmi 2 também possui uma variante com o dobro de espaço e 2 GB de RAM, que permitiria à Xiaomi competir diretamente com o Zenfone 5.

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O Redmi 2 é um aparelho que se mostra bem competente no primeiro contato. Vai dar certo? Não sei. A estratégia de vendas da Xiaomi é um pouco diferente do usual, e pode afastar o brasileiro médio que tem receio de fazer compras online, não possui cartão de crédito (a loja da Xiaomi não aceita o brasileiríssimo boleto bancário) e não está disposto a comprar um smartphone sem ter tido nenhum contato — o Redmi 2 não estará disponível em lojas físicas.

Fato é que, por R$ 499, hardware convincente e um software que não decepciona, eu vejo o Redmi 2 como um ataque direto à Motorola — e o pessoal de Chicago terá que caprichar muito num possível Moto G de 3ª geração para continuar surpreendendo o mercado, como havia feito em 2013, quando mudou totalmente o segmento de smartphones intermediários no Brasil.

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Notas relevantes

  • A única forma oficial de comprar o Redmi 2 é pelo site da Mi. Mas até a dinâmica é diferente: você precisa se inscrever num evento de vendas e comprar o aparelho na data e horário determinados, antes que o estoque acabe (no caso do Redmi 2, ao meio-dia de 7 de julho). É assim que a Xiaomi consegue vender uma quantidade gigante de aparelhos em questão de segundos.
  • A Xiaomi certamente enfrentará resistência por ser uma marca chinesa e pouco conhecida, mas tem uma enorme legião de fãs (os “Mi Fãs”) que lotaram o Theatro NET, em São Paulo, no evento de lançamento da marca no Brasil. A relação da Xiaomi com os fãs é bem forte, e a empresa chega a fazer eventos só para eles. Apesar da chinesa não investir muito em publicidade, o boca-a-boca favorece muito a companhia.
  • Embora eu acredite que o Redmi 2 tenha altíssimo potencial de sucesso no Brasil, não sei se a empresa dará conta de atender a demanda. Smartphones produzidos nacionalmente têm incentivos fiscais, que possibilitam os preços agressivos. Mas as primeiras unidades do Redmi 2 serão importadas enquanto a linha de produção brasileira se adapta. Será que tem aparelho para todo mundo?
  • Espera aí, mas e o Redmi Note, o primeiro aparelho da Xiaomi homologado na Anatel? Na conversa com a imprensa, Hugo Barra deu a entender que a empresa certificou o aparelho propositalmente no Brasil para gerar buzz, sabendo que o processo de homologação na Anatel é aberto ao público.
  • Hugo Barra deixou claro que a margem de lucro da Xiaomi é baixa. Isso também significa que, caso haja variação na cotação do dólar, a Xiaomi “não pode bancar mudança violenta no câmbio“ e poderá aumentar os preços. Por isso, embora o Redmi 2 esteja sendo lançado por R$ 499, não dá para saber se o valor continuará o mesmo nos próximos meses.

Nosso review completo do Redmi 2 será publicado em breve. O que vocês querem saber sobre ele?

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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