Kim Dotcom ataca novamente. Desta vez, porém, de um modo inesperado: em entrevista recente ao Slashdot, o excêntrico empresário disse acreditar que já não é seguro armazenar dados no Mega. O que levaria o criador a atacar a criação?

O primeiro sinal de que as coisas poderiam seguir por esse caminho apareceu em setembro de 2013. Sem muitos detalhes, Dotcom deixou a direção do Mega dizendo que iria se dedicar ao serviço de streaming de música Megabox — outro projeto natimorto, pelo jeito — e à sua entrada na carreira política, mas deu a entender que ainda tinha envolvimento com a companhia.

Pode ser que ele estivesse apenas se afastando para se desvencilhar de autoridades, vai saber. O que Dotcom argumenta é que ele teve que repassar o Mega integralmente a um investidor chinês porque o governo da Nova Zelândia (país onde a empresa está baseada) e “Hollywood” requisitaram recursos financeiros do empreendimento.

Ainda de acordo com a versão de Dotcom, o Mega chegou a ser avaliado em mais de US$ 200 milhões, mas a “perseguição” das autoridades da Nova Zelândia e dos estúdios de Hollywood fizeram o valor da companhia cair para US$ 10 milhões. “Eu sempre disse que esse é um caso político e a sabotagem sistemática do Mega é mais uma prova disso”, completou.

Tem mais: para Kim Dotcom, a transferência do Mega foi uma aquisição hostil, ou seja, foi feita contra a sua vontade. Ele alega que o tal do investidor chinês — que estaria inclusive sendo procurado na China por fraude — utilizou uma série de artifícios para conquistar ações do Mega.

A intervenção do governo neozelandês e tudo o que se seguiu é que fizeram Dotcom acreditar que não é mais seguro guardar dados no serviço, ele mesmo ressalta.

Procurados pelo TorrentFreak, o atual CEO do Mega Graham Gaylard e o COO Stephen Hall negaram tudo. De acordo com os executivos, a companhia é mantida atualmente por 17 investidores cujas identidades são divulgadas no site do governo da Nova Zelândia. Eles também argumentaram que 75% dos acionistas apoiaram as decisões recentes, portanto, não houve takeover hostil.

Mega

Gaylard e Hall também rebateram a declaração de que o serviço não é seguro afirmando, por exemplo, que o sistema de criptografia do Mega foi avaliado por vários especialistas em segurança e que nenhum problema foi encontrado por eles.

Que lado diz a verdade? Sei lá. Fato é que, no fundo, o Mega nunca inspirou confiança. No outro extremo, o posicionamento de Dotcom também é estranho: por que só agora ele reconheceu publicamente que não tem mais nenhum envolvimento com a empresa?

Para a turma do Mega, Dotcom quer se promover. Ele prometeu criar outro serviço de armazenamento nas nuvens até o final do ano, totalmente gratuito e ilimitado, sem fins lucrativos, algo nos moldes da Wikipedia. A receita para manutenção? Vai vir de doações…

Talvez eu esteja sendo cético demais, mas, a essa altura, é difícil confiar na nova promessa. Se analisarmos bem, o MegaUpload mesmo não tinha nada de revolucionário. O sucesso do serviço se fez em cima da pirataria. Kim Dotcom ganhou os holofotes pela forma “dramática” com a qual o FBI derrubou o MegaUpload. De qualquer forma, não custa ficar de olho no que vem por aí.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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