Qual a melhor terapia para fobia social? Um “scanner cerebral” pode responder

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas
cérebro

A fobia social (ou transtorno de ansiedade social) é um problema que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Há tratamento, todavia, cada caso é um caso, logo, pode levar semanas para a terapia mais adequada ser encontrada. Mas pesquisadores do MIT descobriram um jeito de acelerar esse processo: analisar o cérebro do paciente com um “scanner”.

Para quem sofre do problema, um simples passeio no shopping pode ser um desafio colossal. A fobia social muitas vezes é confundida com timidez ou introversão. O transtorno, porém, vai muito além disso: o “fóbico social” vive sob medo constante e intenso de ser avaliado por outras pessoas.

Todo mundo tem algum nível de ansiedade ao lidar com situações que exigem interação social — o frio na barriga na hora de fazer uma palestra ou o desconforto ao passar por um exame médico, por exemplo. Mas nada disso impede a pessoa de seguir com a atividade.

Na fobia social a coisa muda. O temor se torna irracional. A pessoa tem enorme dificuldade para lidar até com ações bem simples, como pedir informações na rua, falar ao telefone, conversar com o atendente de uma loja, usar banheiros públicos ou dirigir (mesmo dominando bem o controle do carro).

tomografia

Geralmente, o indivíduo que sofre de fobia social tem ciência do problema, mas não consegue enfrentá-lo. É hora então de buscar ajuda especializada. O tratamento pode ser medicamentoso, ter como base terapia cognitivo-comportamental ou mesmo se apoiar em uma combinação de ambos.

O problema é que o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para a outra. Assim, psicólogos e psiquiatras precisam experimentar várias abordagens até encontrar o tratamento mais adequado para cada paciente.

Estima-se que, atualmente, metade das pessoas submetidas a tratamentos para transtornos de ansiedade permaneça sem apresentar melhoras significativas mesmo após semanas de tratamento. Esse processo de tentativa e erro exige bastante cuidado porque, além de custos aumentados e do tempo desperdiçado, há o risco de o paciente acabar se sentindo desmotivado, piorando o seu quadro.

Sob liderança da cientista Susan Whitfield-Gabrieli, um grupo de pesquisadores do MIT decidiu avaliar o uso de exames de imagem do cérebro para identificar padrões de atividade. Com as constatações, espera-se que a equipe médica consiga estimar que tipo de abordagem funcionará melhor.

Esse tipo de avaliação não é novidade. Há, por exemplo, estudos que se baseiam em exames de imagens do cérebro para ajudar no diagnóstico de autismo. O que tem de diferente aqui é que os pesquisadores do MIT fizeram “varreduras” do cérebro com o paciente em estado de repouso. Nesse modo, a pessoa não pensa em nada específico — no máximo, fica divagando.

cérebro

Pesquisas parecidas foram feitas há algum tempo, mas com exames baseados em tarefas, quando o paciente fica focado em alguma atividade. O problema desse método é que a tarefa pode afetar o comportamento da pessoa. Além disso, esse tipo de exame pode não funcionar com pacientes que têm dificuldade para compreender instruções, como indivíduos muito idosos.

Ao todo, 38 pessoas diagnosticadas com fobia social foram examinadas para o estudo. Os resultados foram interessantes. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que pacientes que mostraram comunicação das amígdalas do cérebro com determinadas partes do órgão responderam melhor começando o tratamento com terapia cognitivo-comportamental.

No final das contas, o índice de acertos na escolha de tratamentos com base nos exames de imagem foi de 80%. A precisão, na estimativa dos pesquisadores, é cinco vezes maior na comparação com avaliações clínicas tradicionais.

Agora, para validar o estudo, os pesquisadores querem estender o exame por imagem a um número muito maior de pacientes — milhares, se possível. É uma meta audaciosa, mas não inalcançável, afinal, praticamente qualquer equipamento de tomografia pode ser usado. Além disso, o exame não é demorado: como o paciente não precisa seguir nenhuma instrução específica (a não ser ficar quieto), a tomada de imagens não deve demorar mais do que 15 minutos.

Com informações: Medical News Today

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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