Sites privados de torrents estão banindo usuários de Windows 10

Termos de uso do Windows 10 são invasivos demais, segundo os trackers privados

Jean Prado
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• Atualizado há 1 semana
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Sites de torrent estão furiosos com a Microsoft porque os termos de uso do Windows 10 preveem medidas que afetam a privacidade, como o escaneamento dos dados do usuário. Eles se juntam à crescente preocupação sobre as condições que você tem de aceitar para usar um serviço; o último caso foi com o Spotify, em que o presidente da empresa se pronunciou a respeito de mudanças repentinas e questionáveis na política de privacidade do serviço de streaming.

Dessa vez, sites que usam tracker privado para distribuir torrents, como iTS, FSC e BB, estão emitindo comunicados para seus usuários e avisando que quem usa Windows 10 não poderá baixar arquivos. Segundo o iTS, a Microsoft tem liberdade, com o sistema, de acessar o disco local do usuário e enviar o conteúdo para um dos servidores da empresa, que o escaneia a procura de conteúdo ilegal. Leia a nota enviada aos usuários:

Muitos de vocês devem ter ouvido ou lido sobre a terrível política de privacidade do Windows 10 recentemente. Infelizmente, a Microsoft decidiu abdicar de qualquer medida de proteção de dados e apresentar tudo o que eles podem coletar não só para eles, mas também para outros. Um desses é uma das maiores empresas de combate à pirataria, chamada MarkMonitor. Entre outras coisas, o Windows 10 envia o conteúdo dos seus discos locais diretamente para os servidores deles. Obviamente isso vai muito longe e é uma ameaça séria a sites como o nosso e por isso devemos tomar providências. Desde a última quinta-feira o Windows 10 está oficialmente banido do iTS. Membros que usam o sistema serão redirecionados para um vídeo que explica detalhadamente os perigos com o objetivo de elucidar o maior número de pessoas possível.

O vídeo pode ser visto logo abaixo. Outros sites, como o BB e o FSC, consideram fazer o mesmo. Segundo o BB, há indícios de que a MarkMonitor recebe os resultados das pesquisas locais feitas no sistema assim que o Windows 10 percebe que há uma conexão P2P sendo aberta, normalmente utilizada para baixar torrents.

Essa não é a primeira suspeita de que os termos do sistema operacional são invasivos demais. Como aponta o TorrentFreak, há indícios de que o Windows 10 também compartilhe a senha da sua rede Wi-Fi com seus contatos.

Quanto ao conteúdo pirateado, também há uma preocupação de que a Microsoft passe a tomar medidas para bloqueá-lo. O Contrato de Serviços da empresa, inclusive, diz que as atualizações têm o direito desabilitar jogos ilegais. A citação abaixo é da seção 7b:

Às vezes, você precisará de atualizações de software para continuar usando os Serviços. Podemos verificar automaticamente sua versão do software e baixar atualizações do software ou das alterações de configuração, incluindo aquelas que o impedem de acessar os Serviços, jogando jogos falsificados ou usar dispositivos periféricos de hardware não autorizados.

No entanto, como o contrato vale para todos os serviços da Microsoft, é provável que ele só se limite aos jogos e serviços do Xbox. Mas não custa nada lembrar que agora você não pode mais desabilitar tais atualizações, ao menos para o Windows 10 Home.

Um dos maiores problemas desses termos de uso do Windows 10, como explica o Lifehacker, é que a linguagem que o sistema usa para explicar o que vai fazer com seus dados é bem simples, o que pode criar muita confusão. Vide, por exemplo, a seção “Conhecendo você”, que melhora a biblioteca de linguagem do Windows 10 a partir do que você digita ― suas informações sensíveis, claro, não são reveladas.

Ainda que não haja nenhuma evidência de um usuário afetado por essas medidas invasivas para conter a pirataria, há uma preocupação legítima porque tais atos estão previstos nos termos de uso. Se você não se sentir confortável com a Microsoft usando seus dados para melhorar seus serviços e a usabilidade do sistema, aqui estão as instruções para “restaurar” a sua privacidade.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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