Sony Xperia C4: o smartphone bom de selfie

Com câmera frontal de 5 megapixels, flash LED e lente grande angular, Xperia C4 tenta cativar os fãs de selfies. Modelo tem preço sugerido de R$ 1.399.

Emerson Alecrim
Por
• Atualizado há 11 meses
Xperia C4 Dual

Em 2013, o termo “selfie” foi escolhido como a palavra do ano pelo Dicionário Oxford. Parece banalidade, mas não é. Esse tipo de autorretrato é uma das mais expressivas mudanças comportamentais causadas pela tecnologia. Não é à toa que a indústria explora cada vez mais esse filão. É o caso da Sony com o Xperia C4 “Selfie” Dual.

Pelo menos no Brasil, a fabricante japonesa promove o aparelho como o melhor smartphone para selfies do mundo. O modelo foi equipado com uma câmera frontal de 5 megapixels, lente grande angular e flash LED (sim, na parte da frente).

Essas características tornam o Xperia C4 tão bom para selfies como a Sony quer nos fazer acreditar? Para encontrar a resposta, eu testei o dispositivo por duas semanas. É claro que eu também avaliei a tela, o desempenho, a câmera traseira e otras cositas más. Conto as minhas impressões nas próximas linhas.

Design e pegada

O design do C4 Selfie Dual não difere muito do que encontramos em outros smartphones da família Xperia. Traseira lisa, laterais curvadas e o botão Power redondo que tão bem caracteriza a linha estão presentes. Não que isso seja ruim. O dispositivo não é um primor do design e talvez devesse ter acabamento um pouco mais sofisticado, mas só sendo muito exigente para considerá-lo sem graça.

Xperia C4 Dual

Eu testei a versão branca, que chama bastante atenção (embora exija cuidado redobrado para não encardir). Muitos conhecidos que me viram com o aparelho me pediram para pegá-lo. O fato de o Xperia C4 ser grande também ajudou: o modelo possui 150,3 mm de altura por 77,4 mm de largura.

Pudera: a tela tem 5,5 polegadas. Apesar disso, o Xperia C4 não é um aparelho desconfortável para se manusear e transportar, não totalmente. A curvatura das bordas facilita a pegada, assim como a textura fosca da traseira. Levá-lo no bolso frontal da calça não me pareceu tão desconfortável na comparação com outros celulares grandalhões que eu testei. Mérito, em parte, da “finura” do dispositivo: a espessura é de 7,9 mm.

Xperia C4 Dual

Não dá para remover a traseira do Xperia C4. Por conta disso, o acesso às ranhuras dos dois SIM cards (Nano-SIM) e do microSD é feito pela lateral direita. Basta puxar e girar a tampa protetora (com cuidado para não quebrar, é óbvio).

Colocar os SIM cards ali é fácil. Mas, olha, tirar exigiu a mesma concentração que a gente precisa ter para passar linha em uma agulha. Eu tive que puxar o chip bem devagar e com cuidado para não deixá-lo escapar dos dedos.

Na mesma lateral estão o botão Power, os controles de volume e o sempre bem-vindo botão de câmera. Sério, fazer fotos no smartphone usando um botão próprio para isso é muito mais prático. Para um celular que preza pela fotografia, é um recurso que não poderia estar ausente, né?

Xperia C4 Dual
Xperia C4 Dual

O lado esquerdo também é usado. O micro-USB fica ali. Sinceramente, eu prefiro essa porta na parte inferior, como na maioria dos smartphones. Dependendo do lugar, é mais fácil acomodar o aparelho para a recarga. Mas esse é apenas um mero detalhe, não um ponto fraco.

Xperia C4 Dual
Xperia C4 Dual

Tela

Seria mancada uma tela grande oferecer qualidade de imagem duvidosa. Não se preocupe que desse mal o Xperia C4 não padece. Do tipo IPS, o generoso display de 5,5 polegadas conta com resolução de 1920×1080 pixels (401 ppi) e tecnologia Bravia Engine 2 que, segundo a Sony, garante exibição de cores vivas.

Xperia C4 Dual

Eu não diria que essa é a melhor tela que a companhia já colocou em um smartphone, mas, de fato, a saturação de cores agrada. Dá para dizer o mesmo da visualização em ângulos variados.

Já os níveis de brilho estão apenas dentro da média. Se você estiver em um ambiente com forte incidência de luz solar, conseguirá enxergar as informações da tela, mas com algum esforço.

Xperia C4 Dual

De modo geral, a experiência de uso da tela é bastante positiva. Você consegue visualizar fotos e vídeos com detalhes, sem contar que nem mesmo a trilha sonora de Missão Impossível ao fundo te ajuda a distinguir pixels ali.

Câmeras

Eu gosto de tirar fotos, mas não faço questão de aparecer nelas. Em outras palavras, eu não sou um amante das selfies. Por conta disso, perguntei a três pessoas conhecidas que adoram esse tipo de foto se uma câmera frontal de boa qualidade é um fator que pode pesar na hora de escolher um smartphone.

Confesso que eu esperava respostas como “depende”, “não sei” ou “talvez”, mas todas disseram que sim sem pensar muito. A amostragem é muito pequena para representar todo o mercado, mas o retorno positivo que eu tive é um sinal de que esse tipo de diferencial tem mesmo bastante apelo.

Permiti que elas testassem a câmera frontal do Xperia C4. As impressões foram todas positivas: “não preciso esticar tanto o braço para fazer a selfie”, “não fiquei com cara de Photoshop”, “consegui fazer um selfie boa de primeira”, “parece a câmera de trás” e por aí se seguiu. Chegou então a minha vez de fazer os testes.

xperia_c4_selfie_8

A câmera frontal do Xperia C4 tem sensor Exmor R de 5 megapixels, como já dito, lente grande angular de 25 mm (para caber mais gente na foto), flash LED e um recurso chamado SteadyShot que, nas palavras da Sony, compensa possíveis trepidações na hora do disparo.

Esses detalhes fazem mesmo diferença. Nas selfies que fiz, as imagens apresentaram bom nível de coloração e nitidez, inclusive no cenário atrás. O pós-processamento não é tão intenso como a gente costuma notar em câmeras frontais, aspecto que traz mais realismo para a foto. No entanto, dá para notar perda de definição e até mesmo ruído nos pontos mais próximos à câmera, felizmente, nada muito agressivo. Não sei se é por conta do tal do SteadyShot, mas nenhuma das minhas fotos saiu tremida.

Para quem gosta de tirar selfie de galera, a lente grande angular do Xperia C4 cumpre o que promete. Observe nas fotos como há bastante espaço ao meu redor. Dá para caber umas três ou quatro pessoas na imagem tranquilamente.

Foto feita com o Xperia C4 Dual
Foto feita com o Xperia C4 Dual

E se faltar luz? Bom, aí não há milagre que resolva. O Xperia C4 se esforça para compensar, mas os ruídos aparecerão com força. Se você usar o flash frontal, porém, quanta diferença!

Foto feita com o Xperia C4 Dual
Boo!

É claro que eu também testei a câmera traseira. Ela continua mandando no pedaço quando o assunto é especificações: o sensor é um Exmor RS de 13 megapixels com autofoco e, naturalmente, flash LED.

Xperia C4 Dual

Dá para gerar fotos muito boas com essa câmera. Mas eu esperava um pouco mais delas. A saturação de cores é satisfatória, o sensor consegue fazer um bom trabalho mesmo em ambientes com pouca iluminação e, novamente, o pós-processamento não é aquele bicho indomável. Mas o olhar mais atento nota ruídos e até perda de definição em alguns detalhes, inclusive nas fotos feitas em ambientes claros.

 Foto feita com o Xperia C4 Dual
 Foto feita com o Xperia C4 Dual
 Foto feita com o Xperia C4 Dual
 Foto feita com o Xperia C4 Dual
 Foto feita com o Xperia C4 Dual
 Foto feita com o Xperia C4 Dual
 Foto feita com o Xperia C4 Dual
Com HDR
Sem HDR
Sem HDR

Você pode tentar configurações diferentes para amenizar eventuais problemas. O software de câmera do Xperia C4 oferece várias opções de efeitos e ajustes, felizmente. Tem até algumas “brincadeirinhas”, como a função que te deixa com cara de idoso, felino, entre outros personagens (alguém me disse que eu finalmente conseguiria sair “gato” nas fotos; não entendi).

Xperia C4 Dual

Software e multimídia

Mesmo com uma mudança aqui, outra ali, a impressão de que a interface dos aparelhos da Sony parou no tempo é eminente. Se não é pela presença do Android 5.0, o Xperia C4 poderia se passar por um aparelho lançado em 2013.

Mas sejamos justos: o visual pode até estar batido, mas a interface do aparelho é bastante funcional. A barra que facilita a localização de aplicativos está lá (arraste o dedo da margem esquerda em direção ao meio para vê-la) e a central de notificações pouco muda em relação ao Android “puro”, por exemplo.

Xperia C4 Dual

O widget que exibe miniaturas das fotos (um velho conhecido da linha Xperia) é interessante. Mas o que mostra novidades em apps e conteúdo na tela principal é desnecessário. Falando em coisas dispensáveis, sim, a Sony não deixou de colocar no smartphone um monte de apps que provavelmente você não gostaria que estivessem ali, especialmente trials de jogos. Ainda bem que muitos deles podem ser removidos.

Na parte multimídia, o Xperia C4 oferece players de áudio e vídeo que dão conta do recado, mas a Sony faz questão de destacar a presença de TV digital entre os atrativos do modelo (ufa, não é só selfie). O app não é o mais intuitivo da categoria, mas funciona bem.

Pena que a resolução é 1seg (320×240 pixels). Eu sei que essa é uma característica padrão nos smartphones que oferecem TV, mas, em uma tela de 5,5 polegadas full HD, imagens 1seg dão uma grande sensação de desperdício.

Xperia C4 Dual

Desempenho e bateria

Teve gente que fez cara feia quando eu disse que o Xperia C4 tem processador MediaTek — um chip octa-core MT6752 de 1,7 GHz (64 bits) com GPU Mali-T760MP2 para ser exato. Há certa desconfiança em relação aos chips da marca, mas, olha, não notei nada realmente desabonador no desempenho, pelo menos se levarmos em conta que não estamos falando de um smartphone topo de linha.

Nos testes, a interface fluiu sem engasgos e os apps rodaram sem travamentos, assim como não demoraram para abrir. Os 2 GB de RAM certamente dão uma forcinha nesse aspecto.

Performance do C4 no AnTuTu e no Geekbench 3
Performance do C4 no AnTuTu e no Geekbench 3

Com aplicações mais pesadas, o aparelho sofre, mas dá conta da tarefa. O jogo Real Racing 3, por exemplo, se comportou bem até nas cenas com mais elementos (carros), embora com gráficos medianos.

A performance gráfica pode até não ser das melhores nos jogos mais exigentes, mas o que me incomodou mesmo é o aquecimento. Meu plano era jogar Real Racing 3 por pelo menos meia hora para testar a bateria, mas com 15 minutos de jogatina eu resolvi fechar o game. A tampa traseira estava quente. Não o suficiente para queimar a mão, veja bem, mas eu não consegui me desvencilhar da sensação de que aquela temperatura iria estragar o smartphone.

Real Racing 3

Já que eu toquei no assunto, o Xperia C4 vem com bateria não removível de 2.600 mAh. Você provavelmente conseguirá chegar ao final do dia com alguma carga nela, desde que siga a clássica regra de fazer uso moderado do celular.

Além dos 15 minutos de Real Racing 3, eu rodei o filme O Senhor dos Anéis — As Duas Torres (2h59min) via Netflix com tela no brilho máximo, assisti a meia hora de TV digital, ouvi música pelo MixRadio por uma hora e, por fim, fiz 5 minutos de ligação. Depois de tudo isso, a carga da bateria caiu de 100% para 35%.

Está dentro da média, não mais que isso. Uma bateria de 2.600 mAh até poderia fazer um pouco mais, mas aí lembramos que o Xperia C4 tem tela de 5,5 polegadas full HD. É difícil pegar leve com a bateria nessas circunstâncias.

Nesse ponto, vale frisar que, assim como outros aparelhos da linha Xperia, o C4 tem dois modos de economia de energia que dão uma ajudinha quando a situação aperta: Stamina e Ultra Stamina. O primeiro para a execução de certos recursos quando o aparelho está em standby. O segundo é bem mais agressivo, permitindo, basicamente, que apenas chamadas e mensagens funcionem (é um belo jeito de relembrar os tempos de dumbphone).

Eu aproveitei os testes de bateria para avaliar o áudio — com e sem fones de ouvido. Com fones a experiência é melhor, como sempre. O alto-falante tem bom volume, mas distorce um pouco perto do limite máximo.

Um detalhe que eu achei esquisito: o som quase some quando você deixa o aparelho sobre uma superfície plana. O motivo é o fato de a saída de áudio estar na parte de trás. Como a traseira também é plana, o alto-falante acaba sendo bloqueado.

Xperia C4 Dual

Em relação ao armazenamento interno, o sistema operacional, a interface e os aplicativos pré-instalados ocupam pouco mais de 5 GB de espaço. Bastante, né? Felizmente, o Xperia C4 vem com 16 GB para armazenamento. Desse total, 9,27 GB estão livres para o usuário. Se faltar espaço, dá usar cartões microSD de até 128 GB.

Conclusão

Lembra do pessoal fã de selfie que me disse que uma boa câmera frontal pode pesar na decisão de compra? Pois bem, eu também perguntei se eles topavam pagar mais para ter esse diferencial. Aí a incerteza apareceu: “ah, acho que não”, “tem que ver”, “cabendo no meu bolso…”.

As vendas do Xperia C4 no Brasil começaram no final de julho com preço sugerido de R$ 1.399. Mesmo com o bom conjunto de hardware e com o dólar alto, o modelo não vale tudo isso. É melhor esperar pelas baixas de preço que o varejo costuma promover (na data de publicação deste review, já era possível encontrar o aparelho por menos de R$ 1.200).

Veja, a questão das selfies é relevante (mais do que eu imaginava). A câmera frontal realmente oferece boa experiência, mas, mesmo assim, tenho minhas dúvidas se dá para considerar o Xperia C4 o melhor smartphone para selfies do mundo — o Lumia 730 também manda muito bem no assunto, só para dar um exemplo.

Xperia C4 Dual

No final das contas, tudo não passa de uma questão de “aproveitar enquanto dá”. Cada vez mais aparelhos oferecem câmera frontal sofisticada, basta observar os lançamentos dos últimos meses. Logo mais, não duvido, o apelo das selfies deixará de ser diferencial para se tornar requisito básico.

Avaliar o conjunto da obra continua sendo primordial. Nesse sentido, o Xperia C4 vem com boa tela, especificações internas equilibradas e câmera traseira decente. O modelo (assim como outros aparelhos da linha Xperia) carece mesmo é de uma boa estratégia na relação custo-benefício.

Algo na casa dos 1.000 reais deixaria o C4 bem mais competitivo. Acima disso, pode ser um negócio melhor partir para um LG G3, um Moto X de segunda geração ou, se você preferir algo mais recente, até mesmo um Moto X Play.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.600 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, NFC;
  • Dimensões: 150,3 x 77,4 x 7,9 mm;
  • GPU: Mali-T760MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 128 GB;
  • Memória interna: 16 GB (9,27 GB disponíveis para o usuário);
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 147 gramas;
  • Plataforma: Android 5.0 (Lollipop);
  • Processador: octa-core (núcleos Cortex-A53) Mediatek MT6752 de 1,7 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola;
  • Tela: IPS LCD de 5,5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels e proteção contra riscos.

Sony Xperia C4

Prós

  • A câmera frontal não desaponta
  • Tela de 5,5 polegadas full HD
  • Apesar do tamanho, o smartphone é bem manejável

Contras

  • A bateria poderia ter um pouco mais de autonomia
  • O aquecimento nas aplicações pesadas pode incomodar
Nota Final 8.1
Bateria
7
Câmera
9
Conectividade
10
Desempenho
7
Design
8
Software
7
Tela
9

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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