Falta pouco para o início do fim da TV analógica, mas…

Na cidade-piloto, a migração para o sinal digital está mais complicada que o previsto. E agora?

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 ano

O sinal da TV analógica está próximo de acabar. Pelo menos na teoria. Na prática, a migração para o sinal digital está mais complicada que o previsto. No município de Rio Verde (GO), que foi escolhido para ser o primeiro a ter o switch-off, marcado para 29 de novembro, pouca gente tem acesso à televisão digital — e as coisas estão tão confusas que não dá nem para saber exatamente quantas são.

O desligamento ocorrerá em várias fases, até 25 de novembro de 2018, e será importante para liberar a frequência de 700 MHz para o 4G. Neste ano, apenas os habitantes de Rio Verde, que foi escolhida como cidade-piloto, irão parar de receber a TV analógica. Ao longo de 2016, será a vez das principais capitais, começando por Distrito Federal, São Paulo e Belo Horizonte — aqui tem a lista completa.

O problema é que, conforme determinado pelo Ministério das Comunicações, pelo menos 93% dos domicílios do município devem estar aptos a continuar assistindo TV para que o sinal analógico seja desligado. Em Rio Verde, isso está longe de acontecer. O Convergência Digital teve acesso a uma pesquisa do Ibope revelando que “entre 24% e 53% dos cerca de 55 mil lares da cidade de 200 mil habitantes tem condições de continuar assistindo televisão aberta depois do desligamento”.

Tirando a margem de erro absurda, é uma penetração muito baixa para um desligamento que acontecerá daqui a menos de três meses: na melhor das situações, pelo menos metade dos domicílios teria que comprar TVs novas ou conversores digitais (que custam entre 180 e 220 reais na cidade) em pouco tempo, e a situação econômica do país não parece favorecer esse tipo de gasto.

É verdade que o governo dará conversores gratuitamente para 14 milhões de beneficiários do Bolsa Família, o que pode ajudar na transição, mas não tanto na cidade goiana — lá, são apenas 7 mil famílias beneficiadas. Além disso, o governo terá que adquirir conversores alternativos para os habitantes de Rio Verde, já que não haverá tempo para comprar os aparelhos compatíveis com Ginga, que serão distribuídos apenas a partir de 2016.

Calma que tem mais problema para resolver: em muitas cidades, o que inclui Rio Verde, as retransmissoras de sinal pertencem à prefeitura local. Nem sempre, especialmente nas cidades menores, há profissionais capacitados ou verba disponível para digitalizar os equipamentos. Também não basta simplesmente que as prefeituras peçam ajuda para as emissoras de TV, porque isso depende de ajustes jurídicos.

O desligamento da TV analógica já foi adiado algumas vezes. O plano inicial era encerrar as transmissões em todo o território nacional em 2016, enquanto o projeto atual é fazer um desligamento progressivo até 2018. Com todas essas dificuldades, será que agora vai? Eu tenho minhas dúvidas.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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